sexta-feira, 8 de maio de 2015

Os "democratas" de ocasião. Ou: Dilma elogia liberdade de protesto, mas defende regimes que a impedem


Lá vamos nós uma vez mais. Não adianta: enquanto Dilma insistir na mentira de que lutou pela democracia, terei que rebater com a verdade, lembrando que ela sempre lutou foi pelo comunismo, incompatível com a democracia. Comentando sobre mais um panelaço contra seu governo, a presidente tentou se sair por cima e bancou a tolerante democrata, tentando reescrever sua história novamente:


Sim, em alguns outros países, manifestações, com ou sem panela, são consideradas não só anormais, como “atos contrarrevolucionários” ou “golpistas”. E sabem quais países são esses? Aqueles que Dilma sempre defendeu e ainda defende! Cuba, Venezuela: esses são os países que impedem manifestações, inclusive pacíficas, e que prendem líderes políticos pelo “crime” de se manifestar contra o governo. Como pode, então, Dilma se gabar de ter “construído” a democracia brasileira, de se incluir no rol dos que lutaram pela democracia?

Em sua coluna de hoje (7) no GLOBO, Demétrio Magnoli fala justamente dessa “duplicidade moral” da presidente e de outros esquerdistas latino-americanos, como Mujica. O que fica claro é que, para eles, há sempre dois pesos e duas medidas, ou seja, eles trocam a régua moral dependendo de quem está sob julgamento. Os mesmos atos podem tomar cores bem diferentes se perpetrados pela esquerda ou pela direita, se endossam o socialismo ou não.

Demétrio usa como pano de fundo as prisões arbitrárias e políticas na Venezuela, sendo que os acusados são líderes de manifestações pacíficas, ao contrário do que fizeram os próprios ex-terroristas que chegaram ao poder, como Dilma e Mujica. À época, eles argumentavam que era o único jeito de enfrentar um regime ditatorial, mas hoje silenciam sobre os líderes da oposição venezuelana que estão presos sob uma quase ditadura, mesmo defendendo uma reação pacífica.

As mulheres desses líderes presos estiveram aqui em busca de apoio, e não conseguiram nada da presidente. “Virando as costas para as visitantes, Dilma rebaixa-se ao estatuto de cúmplice dos carcereiros”, diz o sociólogo. É uma cumplicidade com uma ditadura, derrubando como totalmente hipócrita o discurso que valoriza o direito de se manifestar. Escreve Demétrio:

O governo brasileiro escuda-se no princípio da soberania venezuelana para silenciar diante das prisões arbitrárias, reproduzindo o argumento clássico de tantos regimes de força confrontados com pressões internacionais. Como Mujica, Dilma só se opõe às ditaduras “erradas” — ou seja, aquelas com as quais não compartilha um credo ideológico. A presidente nos envergonha a todos.

[...]

A subordinação dos princípios morais aos alinhamentos ideológicos tem implicações políticas. Na América Latina, o presidente colombiano e os parlamentos da Colômbia e do Chile somaram-se à ONU pedindo a libertação imediata de López e Ledezma. As prisões na Venezuela foram alvo de uma crítica direta do presidente uruguaio Tabaré Vázquez, bem como dos ex-presidentes FH, do Brasil, e Ricardo Lagos, do Chile. Em entrevista à CNN, Dilma só conseguiu murmurar uma oblíqua contrariedade, logo esterilizada pela referência ritual à soberania venezuelana. Por essa via, o Brasil do lulopetismo encerra-se na caverna dos países aliados ao chavismo, habitada por argentinos, bolivianos, equatorianos, cubanos e nicaraguenses.

[...]

Carentes de uma régua moral, eles insistem em absolver a a “Cuba de Castro” e o “Vietnã do Norte”, enquanto condenam a “Cuba de Batista” e o “Vietnã do Sul”.


Para Demétrio, tanto Dilma como Mujica são “fósseis ideológicos”, carentes de uma régua moral única. E essa postura da presidente apenas reforça o fato histórico aqui recuperado: ela jamais teve apreço pela democracia, e seu discurso é, portanto, falso, mentiroso, hipócrita. O que Dilma defendia quando pegou em armas não era nada semelhante a uma democracia. Era o comunismo cubano, que ela elogia até hoje, cujo decrépito ditador assassino recebe seus afagos até hoje.

Já escrevi que Dilma nunca lutou pela democracia, ainda que tenha lutado contra um regime militar. Essa verdade terá de ser dita quantas vezes for necessário, pois a máquina de propaganda do governo insiste em pintar sua imagem como a de uma mártir da democracia, que foi presa e torturada por defender a democracia, o que é uma enorme mentira.

Se Dilma quer mesmo bancar a democrata, o mínimo que teria de fazer é ajudar as mulheres dos líderes de oposição presos na Venezuela. Mas ela prefere se alinhar ao regime opressor de Maduro, o que demonstra seu real apreço pela democracia e pelo direito de se manifestar.






Por Rodrigo Constantino

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