Entaladela igual nunca se viu. Para cada lado que tente fugir, mais obstáculos o PT encontra. Afinal, defender os direitos do trabalhador constitui dogma superior a todos os demais, para o partido. O diabo é que mais da metade dos companheiros é obrigada a mentir para aprovar o ajuste fiscal, depois que a presidente Dilma entregou-se de corpo e alma à redução de direitos trabalhistas. Vendeu-se às fórmulas propostas pelas elites através de seu ministro da Fazenda, ou seja, enfrentar a crise econômica por meio de restrições aos trabalhadores.
O PT caiu na maior sinuca quando, terça-feira, precisou definir-se: ficar com Madame ou com o trabalhador. A maioria estava optando por abster-se, não comparecer, escafeder-se, mas a reação do PMDB não demorou. Se o partido do governo não liderasse a votação, até fechando questão e apoiando as maldades de Joaquim Levy, o PMDB também saltaria de banda. Não se disporia dar o pescoço à guilhotina se o aliado não puxasse a fila.
A questão ficou para ontem mas o impasse permaneceu: como defender os direitos do trabalhador, suprimindo-os? Drama igual viveu a CUT, esta semana ausente das galerias da Câmara, repletas de sindicalistas de outras centrais.
Daqui por diante a queda será sempre maior, para o PT. Apoiar as iniciativas impostas pelas elites econômicas parece obsessão de Dilma, que despreza os projetos capazes de dividir o sacrifício da dita recuperação econômica, como os impostos sobre grandes fortunas e heranças monumentais, ou a taxação do lucro dos bancos. Estes faturaram 55 bilhões líquidos, ano passado. Neste, até hoje, 18 bilhões.
A HORA DA BESTA
A próxima medida provisória a ser enviada pela presidente ao Congresso terá o número 666. No palácio do Planalto, há quem imagine pular um degrau, mais ou menos como aqueles hotéis onde se passa do décimo segundo para o décimo quarto andar, extirpado o décimo terceiro...
Por Carlos Chagas
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