O Senado aprovou (19/05) com apreensão e folga ao mesmo tempo o nome de Luiz Edson Fachin para ocupar a histórica vaga de Joaquim Barbosa na Corte Suprema do país. Muitos criticaram a demora de Dilma em escolher um novo ministro. Um parto normal, porém de cócoras, após nove longos meses. Eis uma relação interessante: para substituir o magnífico Joaquim, Dilma o cultua e lhe tece homenagens silenciosas carregando o nome de Fachin por uma gestação inteira, parindo-o após uma “gravidez de risco” na porta da maternidade de Renan Calheiros, que o acolhe não sem antes pedir DNA e baterias de exames.
Lewandowski, Rosa Weber, Tóffoli, Teori, Barroso e agora Fachin formam agora, segundo a crônica política, o “dream team” do governo e de muitos políticos. Entende-se melhor agora a euforia explícita de Lindbergh e de Gleisi, a pressa saltitante de Humberto Costa, de Delcídio e dos partidos da base aliada na tarde de 19 de maio de 2015 no plenário do Senado Federal. Queriam uma votação “a jato” e o PT, ao que tudo indica e finalmente, possui Fachin e o queijo na mão no Supremo Tribunal Federal.
O que isso significa para o país é algo muito, muito ruim e isso ficou evidente pela euforia dos senadores quando da proclamação do resultado da votação, onde 52 disseram sim e 27 não para o nome do candidato à cadeira. Houve uma explosão mal contida de alegria entre os petistas, que consideraram a condução de Fachin uma vitória retumbante.
Uma vitória para quem?
Para os brasileiros é que não.
Para os brasileiros, o certo seria que Fachin optasse pelo recato e aceitasse uma espécie de limite à exposição de suas “vísceras”, que optasse pela discrição, que voltasse à sua base e reflexão, agradecendo à presidente e abrindo mão da indicação.
Para os brasileiros, o certo seria uma indicação sem obstáculos. E não me refiro aos óbices que dizem respeito à suas opções pelo MST e por outras causas estranhas à lei e à ordem jurídica vigente. Faço menção, sim, ao seu impedimento de prática de advocacia enquanto procurador do Estado do Paraná, com clara e límpida restrição impressa na norma constitucional daquele estado à época. Este impedimento notório e notável deveria ter imposto ao ilustre magistrado uma retenção a ele próprio. Ele, o próprio Fachin, deveria ter retirado seu nome, após a simples verificação de que o envolvimento dele com fatos impeditivos bastaria para poder fazer naufragar seu pleito. Ele mesmo, o próprio Fachin, deveria ter tido respeito por si mesmo, sua família e seu país, negando o assento, que conquista após formidável turbulência e inédita entropia num país maltratado, abusado, vilipendiado.
Fachin, por fim, deveria ter negado, educadamente, o convite feito pela presidente mais traumatizante da história do Brasil. Deveria ter dito não, com toda cortesia, à líder de um governo enfiado da planta dos pés até topo da cabeleira em crimes amontoados de corrupção. Fachin deveria ter declinado de tal convite, vindo de quem vinha.
E não o fez.
O PT acha que, agora, está com tudo e não está prosa. E por isto estão comemorando. O Governo abre espumantes, considerando a indicação uma vitória e comemora a indicação de Fachin.
Que vergonha, Doutor.
Por Glauco Fonseca
Nenhum comentário:
Postar um comentário