Já ficou famosa a entrevista antiga em que participei com Ciro Gomes e na qual ele questionou, de forma incisiva, onde dava para cortar um bilhão nos gastos públicos. Dá bilhão?, quis saber o cacique político do Ceará. Sim, davam muitos bilhões só com corte para ONGs que ignoram a letra N na sigla ou para os “movimentos sociais”, sem falar dos ministérios. Ciro não se mostrou convencido na época.
Hoje o próprio governo Dilma, do qual seu irmão Cid Gomes foi ministro até pouco tempo, fala em cortar R$ 70 bilhões por ano. Setenta vezes mais do que o tal bilhão que suscitava suspeitas em Ciro. E isso, podem acreditar, é só a pontinha do iceberg de nosso governo obeso e inchado. Dá para cortar muito mais. Centenas de bilhões!
Mas o Congresso parece discordar, e já acha que a meta de superávit proposta pelo governo Dilma não é viável. Passa, então, a pressionar o governo por uma redução no corte. Os congressistas do próprio PT querem que Joaquim Levy reveja a meta, e proponha um corte menor. O obeso não quer fazer dieta, pois não se acha nada gordo.
Levy reage ameaçando com aumento de impostos, sempre uma medida impopular. Mas antes de se falar em redução no corte de gastos ou em aumento de impostos, que tal se nossos políticos e governantes falassem em acabar com a quantidade infindável de desperdícios no governo?
O senador José Serra, diz uma coluna de jornal hoje, tem levado a alguns colegas um estudo em que diz ser possível o governo economizar pelo menos R$ 10 bilhões só em revisão de contratos. Dentro da estrutura do Senado, por exemplo, quando Renan Calheiros assumiu, havia até contrato para manutenção de máquinas de datilografia, peças em desuso na Casa há, pelo menos, três décadas.
Basta extrapolar isso, que deve ser a realidade em todas as esferas do governo, para se ter ideia de como o ralo é gigantesco. E tem muita gente se dando bem nessa história, mamando nas tetas estatais por puro desleixo ou conivência e cumplicidade dos governantes. Vamos atacar esse mal pela raiz? Vamos ver quantos bilhões dá para economizar só com uma gestão mais eficiente e séria?
Dá bilhão? Só se for em cada esquina de Brasília! Repetir que o ajuste fiscal proposto é inviável ou que é preciso aumentar impostos num país como o nosso, com esse governo perdulário, incompetente, corrupto e inchado, só pode ser uma piada de mau gosto. Ou, claro, uma estratégia de quem tira vantagem com esse esquema todo e detestaria ver um trato mais sério da coisa pública…
Po Rodrigo Constantino
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