A Dilma é uma espécie de extraterrestre. Comporta-se como quem vive em outro planeta inabitado por seres vivos. Toda sujeira que chega ao seu reino encantado, ela tenta limpar com a sua varinha mágica. Isolou-se no Planalto e está abandonando os companheiros mais íntimos como Zé Dirceu e Vaccari que lhe ajudaram a chegar ao poder. Não demonstra ter um pingo de solidariedade com os parceiros do PT, partido onde ela desceu de paraquedas, abraçado ao Lula, que precisava eleger um sucessor marionete para continuar mandando no país.
Agora, por exemplo, ela entregou às moscas o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, amigo do peito, que alimentou sua campanha com dinheiro roubado da Petrobrás, indiciado pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Veja que pérola de frase da presidente para tentar descolar o seu nome do de Vaccari: “Todo mundo tem o direito de defesa, o que vale pra todo mundo vale pra todo mundo”. Entendeu? Pois é, com essa frase magistral, própria de uma estadista, que ela vai escapando das garras do Ministério Público, mesmo com todos os indícios de que se beneficiou do dinheiro surrupiado da Petrobrás e de ter as suas digitais na compra superfaturada da refinaria de Pasadena.
Mais tonta do que barata em piso envernizado e mais perdida do que cego em tiroteio, a presidente não tem mais para quem apelar depois que milhões de pessoas foram às ruas pedir a sua cabeça. Agora, procura afagar os líderes políticos no congresso para salvar o mandato à beira do precipício. Eduardo Cunha - que em um país sério jamais chegaria a presidente da Câmara dos Deputados - já se mostra sensível aos açodamentos da presidente ao se manifestar contra o impeachment, arma poderosa para barganha política.
Mas é na cozinha do Palácio do Planalto que a presidente se descabela para conter a briga pelo poder. Lula não quer Aloizio Mercadante ao lado dela. Considera-o arrogante e despreparado para o cargo. Os militares também estão insatisfeitos com o Ministro da Defesa Jaques Wagner, a quem considera um sujeito brincalhão demais, comportamento inadequado para comandar as tropas. Eduardo Cardozo e Miguel Rossetto, depois dos pronunciamentos na TV, já são chamados de aspirantes a ventríloquos. E o articulador do governo Pepe Vargas, coitado!, é ignorado pelos líderes no congresso.
Os outros ministros escondem-se da Dilma com medo de serem descobertos e demitidos. É nesse país de fantasia que o Ministério Público apelidou a operação que algemou Renato Duque, mais um gatuno da Petrobrás, de “Que país é esse”? Nada mais original para denominar uma operação que prendeu o caixa do PT na estatal. Duque vai abrir o bico, não aguenta o tranco. Já se sabe por enquanto que o Zé Dirceu embolsou quase 30 milhões em “consultorias” das empreiteiras envolvidas nos escândalos. Como os intocáveis, seus patrões, estão presos, Zé certamente não terá seus contratos milionários renovados.
Enquanto isso, a presidente corre de um canto a outro tentando salvar o mandato que está por um fio. Agora, com as últimas pesquisas que lhe dão uma rejeição de 62%, seus assessores podem identificar onde estão os golpistas que querem vê-la fora do poder. Eles são, por enquanto, 66% da população do Sudeste; 64% do Sul; 75% do Centro-Oeste; 51% do Norte; e 55% do Nordeste, segundo o Datafolha. Todos, evidentemente, comandados pela CIA do Sibá.
Para quem achava que o Juiz Sergio Moro tinha chegado ao final da sua operação “Caça PT” vai se surpreender com Renato Duque se ele aceitar a delação premiada. Não ficará pedra sobre pedra desse governo. Do jeito que as coisas andam, os brasileiros certamente não vão precisar ir às ruas pedir o impeachment da presidente. Enclausurada, a Dilma não resistirá às pressões e pode evitar um provável confronto entre o exército vermelho de Lula e o povo se entregar o cargo.
Por Jorge Oliveira
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