Eis o resultado da Primavera Brasileira. O famoso movimento de junho de 2013, que levou milhões às ruas e fez os entendidos afirmarem que a palavra de ordem nacional era “mudança”, acaba de dar o seu recado final: Dilma na cabeça. Descansem em paz, revolucionários. Durma bem, senhor gigante.
Claro que vão dizer que a votação apertada é consequência da tal Primavera Brasileira. O show tem que continuar. Na vida real, a novela é outra. Um levante nacional por mudança, sucedido por um escândalo obsceno no colo do governo, termina com a reeleição da presidente da República. Perguntem ao tesoureiro do PT, personagem do escândalo da Petrobras e da campanha de Dilma, o que ele acha desse movimento por mudança. Ele responderá que acha maravilhoso. Continuem mudando tudo, rogará o tesoureiro.
Os que não são sócios da elite vermelha, por favor, parem de falar que os brasileiros entraram em ebulição pela mudança. Não se viu nas manifestações de 2013 nenhuma crítica decente às trampolinagens do governo federal. Dilma e sua turma ainda zombaram da inteligência da opinião pública (eles sabem o que fazem), oferecendo um plebiscito imaginário para a reforma política — uma piada do Porta dos Fundos. Os revolucionários caíram na pegadinha e ficaram discutindo entre si o tal plebiscito — enquanto Dilma e seu pessoal foram cuidar da vida, porque têm mais o que fazer. Muito mais, como se percebe a cada nova surpresa fétida surgida do seio do Estado brasileiro.
E as urnas acabam de dizer aos companheiros: continuem! Prossigam a todo vapor com a tecnologia que deu ao Brasil o mensalão, o petrolão, a Rosemary, o Vaccari e grande elenco aloprado. Mesmo que o bando se regenerasse magicamente para o quarto mandato, não haveria jeito. A mediocridade e o fisiologismo estão no sangue.
Há 20 anos, o Brasil desistiu da malandragem. Agora, voltou decidido a ela, para continuar depenando a riqueza criada naquele estranho surto de responsabilidade. Reserve já seu lugar no futuro: filie-se ao partido dos coitados profissionais.
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