sexta-feira, 17 de outubro de 2014
A honra do chefão
Em recente entrevista, no Recife-PE, o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho – abominável arauto do ex-presidente da república – confessando que a campanha da presidente Dilma Rousseff atravessa um momento delicadíssimo, disse a correligionários “que para Lula, é uma questão de honra ganhar esta eleição”.
O Ministro bem sabe quem é Lula, mas não sabe o que ter honra. Podem-se dizer muitas coisas em relação a esse cidadão, que logrou alcançar muito sem ser absolutamente nada, menos que seja um homem de honra, isto a julgar pelo que ele mesmo admite, sem rebuço.
Para começo de conversa, Senhor Ministro, falando das origens, um homem de honra, não trairia o desejo e a memória dos próprios pais para, em busca de uma popularidade, fútil, fácil e enganosa, retalhar o nome que recebeu na pia batismal para nele incluir um diminutivo chulo, quase pejorativo, recebido dos comparsas nas portas dos botequins. Tirante os apelidos carinhosos que a intimidade ou a boa fama consagram, me relevem se generalizo, alcunha é coisa de bandido.
Um homem honrado, Sr. Ministro, não permitiria se projetar numa sociedade, que lhe deu muito mais do que merecia, como um trabalhador desidioso que jamais viveu do próprio labor, cuja única carreira que seguiu foi de “gigolo de porta de fábrica” ou de “cafetão do companheiro de trabalho”, porque metalúrgico ou sindicalista mesmo não parece ser o que ele foi.
Não há honra, Sr. Ministro, quando um pai de família trai e humilha a própria companheira de vida toda perante uma sociedade estarrecida para se permitir ao desfrute de uma amante profissional, corrupta e sem escrúpulos e de tudo o mais, aí incluindo as benesses de viagens internacionais, sustentadas pelos cofres públicos.
Um honrado homem de família, Sr. Ministro, não promoveria ou acobertaria situações tais nas quais que filhos, parentes e agregados se locupletaram em cargos ou em funções públicas, nem permitiria que o tráfego de sua influência os beneficiasse até que de paupérrimos se tornassem bilionários, da noite para o dia.
Um político honrado, Sr. Ministro, teria uma carreira pelo menos decente para exibir e algo de significativo para apresentar, já que do povo recebeu a representação que pleiteou nas urnas. O que fez o tal cidadão na Câmara Alta, quando por lá passou meteoricamente? Igualmente não teria uma atuação pífia, polêmica e conturbada como primeiro mandatário de uma Nação que iludiu, envergonhou e decepcionou, aqui e no exterior, e que acabou desaguando no pré-caos que hoje atravessamos.
Um líder honrado Sr. Ministro, não é aquele que, por trás dos muros e a sombra do desvio do poder, chefia a maior quadrilha de patifes que protagonizou o mais ousado esquema de corrupção e de vilipendio à República, conhecida como os réus do mensalão, hoje todos presos, menos ele. Que honra tem o Chefão da tal “Gang” que, quando descoberto e ameaçado, primeiro se acovardou prometendo renunciar ou não mais se candidatar, mas depois visualizando a chance de permanecer no poder, saiu beijando as mãos dos maiores facínoras da execrável classe política, e com estes nova quadrilha formou?
Um homem de honra, Sr. Ministro não é aquele que se valendo da projeção e popularidade que desfruta, ousa peitar os Juízes da mais Alta Corte do País, numa tresloucada tentativa de livrar da cadeia seus comparsas, sobretudo porque temia – e ainda hoje teme – que algum dele revele sua participação em toda aquela vergonheira.
Um homem de honra, Sr. Ministro, não se arriscaria a ser reconhecido pela história como o fundador de uma sociedade de celerados que tomou de assalto o governo da União, e que travestida de partido político, mente, falseia a verdade, trama, urde e das atitudes mais abjetas é capaz, para se perpetuar no poder.
Não há honra nisso tudo, Sr. Ministro, porque as vitórias até aqui alcançadas por todos aqueles que incensam um homem sem honra, podem trazer para eles as benesses e as vantagens temporárias do poder que hoje desfrutam, mas não sem impor claras e perversas perdas para o povo e para o Brasil e, pondere-se com tristeza, amargas e desonrosas derrotas pelas quais todos nós somos enfim responsáveis, ainda que inconsciente e indiretamente, mas desonrosas assim mesmo, porque jamais vi honra na derrota.
Não há mal que dure sempre, diz o velho adágio, e aquela gente esperta bem sabe disso. A hora deles é chegada e este povo, que ao longo destes últimos dois lustros foram impostas tais vergonhosas perdas, não quer mais ser aviltado. Em 26 de outubro nossa honra – não a de Lula – será lavada, Senhor Ministro.
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