A esquerda deixou de ter o monopólio da mídia e da produção de ideias. A internet deu voz àqueles que, isolados, nada podiam fazer para interferir no processo.
É notório que o Brasil vem num processo de transformação rápido, que tem sido produzido pela revolução socialista que está em curso. Esta revolução quer ser silenciosa e tem passado desapercebida para a maioria dos brasileiros. Poucas vozes se levantaram para denunciar e falar sobre o assunto. Quero aqui explicitar como esse movimento revolucionário tem sido implantado em nosso país.
São três eixos revolucionários que caminham em paralelo, mas mantendo os mesmos objetivos estratégicos e frequentemente se intercruzando. O primeiro deles é a chamada revolução gramsciana, que entrou em pauta com o maior dos seus estrategistas, Fernando Henrique Cardoso, quando da fundação do Cebrap, no final dos anos sessenta. O Cebrap virou um think thank e logo foi imitado por outros, basicamente para realizar a formação de quadros e a produção de ciências sociais comprometidas com a revolução. É claro que o Cebrap levou FHC à presidência da República, três décadas depois. A revolução gramsciana se consolidou com a posse de Lula e do PT na Presidência da República.
Basta ver uma breve lista de pesquisadores que passaram pelo Cebrap para se perceber como o organismo espalhou esporos por toda parte: Boris Fausto, Cândido Procópio Ferreira de Camargo, Carlos Estevam Martins, Elza Berquó, Fernando Henrique Cardoso, Francisco Weffort, Francisco de Oliveira, José Arthur Giannotti, José Reginaldo Prandi, Juarez Rubens Brandão Lopes, Leôncio Martins Rodrigues, Luciano Martins, Octavio Ianni, Paul Singer e Roberto Schwarz. Muitas das cabeças coroadas da academia e da imprensa nunca deixaram de ser agentes propagadores da revolução gramsciana, como se vê. Foram produtores de falsa ciência, a serviço da transformação social. Se você, leitor, fez algum curso universitário provavelmente saiu dele intoxicado com o veneno ideológico produzido por essa gente, que é autora da maior parte da literatura recomendada.
Os agentes formados por esses falsos gurus pouco a pouco foram tomando conta do Estado, de modo a transformar seus organismos em “aparelhos ideológicos”, a serviço da causa revolucionária. Tomaram conta primeiro da Educação e da Saúde. Depois de todo o resto.
Essa revolução ganhou força quando dominou do pensamento universitário brasileiro, ao longo dos anos setenta e oitenta (e depois, já que nunca parou). Os professores e alunos passaram a ser divulgadores e doutrinadores das ideias revolucionárias e também cabos eleitorais quando as eleições aconteciam. A eficácia política foi total, a ponto de a direita ter desaparecido da cena política, só retornando agora, de forma embrionária e dispersa, com as eleições de 2014. O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, será talvez a maior expressão política dessa nova direita. O Brasil está ainda hemiplégico, voado politicamente apenas com seu lado sinistro.
O segundo eixo da revolução é a cultural, que recebeu grande impulso depois da posse de FHC como presidente e ainda maior quando o PT o sucedeu. Políticas de cotas, de aborto, pró movimento gay, causa ambientalista, a busca obsessiva pela igualdade de gêneros no limite do ridículo, liberação do uso de estupefacientes, tudo tem sido feito nessa direção, naturalmente inspirado da Escola de Frankfurt. O objetivo derradeiro é destruir a família cristã e o Brasil como unidade, fragmentado em múltiplos “movimentos sociais”. Essa perna da revolução sofreu agora profundo revés porque Eduardo Cunha assumiu a presidência da Câmara de Deputados e, como primeira medida, decidiu retirar de pauta os pontos da agenda revolucionária.
O terceiro eixo é mais antigo e é caudatário de intelectuais que produziram ficção e não ficção desde o século XIX. A literatura e a filosofia foram postas a serviço da transformação. A Semana de Arte Moderna é expressão maior dessa tentativa revolucionária. Nossos grandes escritores, em alguma medida, fizeram da sua obra um veículo de propaganda da revolução.
Dos três eixos, o mais pernicioso e o mais profundamente arraigado é o terceiro. Contra ele só pode agir um processo de produção cultural em volume equivalente àqueles produzido pelas esquerdas, convencendo a inteligência brasileira, sua elite cultural bem como econômica, do erro que é abraçar a revolução. É um processo que levará décadas, por isso um partido político ou alguma liderança contrarrevolucionária não pode fazer muito, exceto aquilo que Eduardo Cunha fez. É preciso reescrever os livros didáticos, que surjam novos escritores comprometidos com a causa da verdade, que os jornais saiam das mãos dos comunistas, que os professores deixem de ser agentes da transformação para serem os portadores da moralidade. Um movimento assim nem começa e nem acaba em partidos políticos, pois exige o engajamento de uma elite pensante que ainda não existe.
Eu vejo aqui e ali sintomas de vitalidade. É preciso fazer germinar um novo tipo de homem, comprometido com a verdade e o Bem. Vai demorar, mas, se serve de consolo, penso que essa reação está em curso, de forma espontânea. A esquerda deixou de ter o monopólio da mídia e da produção de ideias. A internet deu voz àqueles que, isolados, nada podiam fazer para interferir no processo. O simples fato de se discutir o assunto é já trabalhar para a sua superação.
Quem viver verá.
Por Nivaldo Cordeiro
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