O ano passado será conhecido como o Ano do Pinóquio, tantas as mentiras contadas durante a campanha eleitoral, não se limitando apenas às promessas não cumpridas de Dilma, mas de todos os candidatos.
Neste 2015, porém, o patrono será outro. Por enquanto vivemos o Ano da Hiena, aquela que ri enquanto come cocô. Ninguém escapa.
Começa pelo trabalhador, maior vítima da inflação, que assiste a perda do valor aquisitivo de seu salário, enfrenta o desemprego e a redução de seus direitos. Nada tem que comemorar, mas até agora não explodiu, como seria de esperar. O empresário também sofre, em especial o pequeno, sem crédito para expandir seus negócios e obrigado a sacrificar a família levando-a, para trás do balcão. Sem falar na carga de impostos sempre crescente. Certos potentados passam algumas semanas na cadeia, mas basta ver as fotografias, quando são libertados, para concluir que as grades não recuperam ninguém.
A mídia não fica atrás, na medida em que só parcialmente cumpre o dever de informar. Denuncia a corrupção no governo e no Congresso mas omite-se na análise da miséria e da pobreza, sem desmentir presidentes que falam na incorporação de 36 milhões de brasileiros à classe média. Mentira ou ilusão, tanto faz, mas vá algum dos barões da imprensa tentar viver com o salário mínimo, como sobrevivem perto de 50 milhões de trabalhadores.
O que dizer do PT, posto em frangalhos pela ação de seus dirigentes empenhados em cargos e empregos, como também em marcha batida para fazer um papelão nas eleições municipais de outubro do ano que vem. E nas de 2018, caso não se dê o milagre da multiplicação do bom senso. Quando foi para o poder, o partido era uma esperança. Doze anos e meio depois, transformou-se numa caverna de frustrações.
A tentação é de fulanizar os risos e a refeição. A presidente Dilma, por exemplo, deu para mostrar os dentes sempre que vê uma câmera do televisão ou comparece a uma solenidade qualquer. Até mesmo diante da agressão verbal que sofreu do Lula, sorriu ao dizer que o antecessor, mais do que qualquer outro, tem o direito de criticá-la. Ignora o que vem por aí, continua pedalando sua bicicleta e mandando, lá do fundo do poço, sorrisos em profusão.
Por último, o próprio Lula, que se não riu nas duas oportunidades públicas em que demoliu o PT e a sucessora, foi flagrado às gargalhadas quando se refugiou na sala de Paulo Okamoto, no Instituto Lula. Pior a situação não poderia estar para ele, perdendo para Aécio Neves, nas pesquisas, por mais de dez pontos. Seu apelo à revolução petista e à volta da utopia exprime seu estado de espírito, ainda mais porque em vez de unir, dividiu os companheiros de alto a baixo.
Como ainda faltam seis meses para o 31 de dezembro, outros candidatos poderão manter suas apostas. Que tal o Ano do Rato?
Por Carlos Chagas
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