Com certeza o leitor conhece alguém do tipo “progressista”, tem algum amigo da esquerda caviar, um típico “inteligentinho” que deseja salvar o mundo, as baleias, combater as injustiças sociais e pregar a paz contra todo tipo de preconceito, tudo isso entre um vinho chileno e uma champanhe safrada. Essa turma é totalmente desprovida de preconceitos, tolera tudo e todos. À exceção, claro, dos evangélicos, dos conservadores, dos neoliberais, dos cristãos heterossexuais, dos “coxinhas” da classe média.
Chega a ser engraçado vê-los caindo em contradição a cada frase. O discurso contra o preconceito é pura retórica falsa, que não se sustenta por duas linhas. Querem um exemplo? A coluna de Gregorio Duvivier de hoje na Folha. Greg, como muitos sabem, é um rapaz muito inteligente, ou melhor, inteligentinho, e também muito engraçado. Nossa, como faz humor o sujeito! Com a sutileza de um elefante numa loja de cristais, assim como o clássico humor britânico.
Hoje ele deu vazão ao seu complexo de megalomania, normal entre os filhinhos de papai, e escreveu como Jesus em pessoa. Era uma mensagem direta para um pastor-deputado, alegando que Jesus era um socialista, não um caviar (como ele mesmo), mas um nos moldes Mujica, de chinelo e abraçando leprosos. Jesus, pela bizarra ótica de Greg, seria um Che Guevara da vida. Ironicamente, Greg condena a ganância dos cristãos que guardam para si suas riquezas, ignorando que ele mesmo “adora” o socialismo, mas só no discurso, pois prefere viver mesmo como um rico capitalista.
Mas deixemos isso de lado. O que interessa aqui é o preconceito contido em cada linha do “humorista”, que retrata o evangélico de forma caricatural e pejorativa, ofendendo, assim, milhões de pessoas decentes. Diz pela porta dos fundos o “intelectual”:
Soube que vocês estão me esperando voltar à terra. Más notícias, pastor. Já voltei algumas vezes. Vocês é que não perceberam. Na Idade Média, voltei prostituta e cristãos me queimaram. Depois voltei negro e fui escravizado - os mesmos cristãos afirmavam que eu não tinha alma. Recentemente voltei transexual e morri espancado. Peço, por favor, que preste mais atenção à sua volta. Uma dica: olha para baixo. Agora mesmo, devo estar apanhando de gente que segue o senhor.
Ou seja, os evangélicos conservadores são uns violentos agressivos, que espancam “minorias”. Eis o retrato que Greg faz dos seguidores dos pastores. Notem que o mesmo “inteligentinho” aplaude revolucionários, jovens mascarados, esses sim violentos, que depredam tudo em volta. Também defende os marginais que roubam e matam inocentes, pois é contra a redução da maioridade penal, e ainda apela a Jesus, como se soubesse o que Cristo diria sobre o assunto. Mas são os evangélicos os agressores, nunca os socialistas que Greg defende.
Curiosamente, e não é a primeira vez, o artigo de Luiz Felipe Pondé, logo após o de Greg, detona o tipinho, refutando suas baboseiras e expondo suas contradições. Pondé escreveu em sua coluna de hoje sobre a transexual “crucificada” na Parada Gay, e tomou até o partido “dela”, não o dos evangélicos ofendidos. Mas chamou a atenção justamente para a gritante incoerência dos esquerdistas que Greg tão bem representa:
Mas a pergunta que não quer calar é: cadê os inteligentinhos que escreveram artigos na época do “case ‘Charlie Hebdo’”, dizendo que deveríamos respeitar as religiões e as culturas alheias? Cadê a moçadinha café com leite que disse que a função da mídia é favorecer a integração cultural e evitar conflitos? Cadê os bonitinhos que disseram que os cartunistas não respeitaram o sacrossanto “outro”?
Cadê eles os que não saíram em defesa dos “irmãos” dizendo que não se deve brincar com a fé dos outros? Evangélicos não merecem o mesmo “respeito com o outro” que os muçulmanos? O fato é que essa gente inteligentinha é inconsistente mesmo, a menos que esteja falando de comida peruana. No fundo, são um poço de preconceito contra o cristianismo.
[...]
Entendo que os evangélicos e cristãos em geral se ofendam. Acho que a reação de orar no Congresso Nacional não cabe num estado laico. Mas gostaria de saber a opinião dos inteligentinhos, que sempre se mostram tão sensíveis aos terroristas islâmicos. Cadê a sensibilidade para com o justo mal-estar dos cristãos diante de uma teologia iconoclasta como a da transexual crucificada?
Pois é: cadê? Sumiu. Nunca existiu. A “sensibilidade” dos “progressistas” é seletiva, só serve para as “minorias”. Quando se trata de conservadores, de neoliberais, de evangélicos, de ocidentais brancos heterossexuais cristãos, aí eles podem deixar toda a “sensibilidade” de lado e partir para a agressão verbal, para a caricatura, para os xingamentos, rótulos pejorativos, adjetivos chulos. É muita cara de pau mesmo!
Um desses ícones da esquerda caviar, Francisco Bosco, já chegou a justificar que as piadas são aceitáveis quando contra a “maioria”, mas não contra as “minorias”. É o duplo padrão moral dessa turma, que apenas simula uma ausência de preconceito, enquanto possui o coração eivado de sombrio preconceito. Apenas não admitem, o que é pior. São falsos. São hipócritas.
Por Rodrigo Constantino
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