O petrolão daria um filme de suspense e ação. Só que não. Em qualquer roteiro blockbuster que se preze, há vilões e vítimas das vilanias. No Brasil, só há vítimas. Políticos, estatais, executivos, empreiteiras, diretores, governadores, prefeitos, presidente. São todos vítimas de um “esquema”. Afirmam só fazer “o que todo mundo sempre fez”, porque, caso contrário, o país poderia parar. Irrigam com propinas bilionárias o vale-tudo do Congresso e as obras públicas. É a cultura brasileira, estúpido.
Vamos comprar essa desculpa, sem pedir uma comissão por fora? Lula, na Presidência, banalizava o mensalão. Como você e Zé Dirceu bem sabem, o mensalão nunca existiu. A compra de votos nada mais era que a prática herdada de governos anteriores, para fazer funcionar a engrenagem política entre “os 300 picaretas (sic) do Congresso”, citação do ex-Lula, metamorfose ambulante. E estamos conversados. Punhos cerrados para cima, hasta la victoria siempre. Porque a História tem a péssima mania de ser reescrita por quem está no poder.
Nesse poço sem fundo da Petrobras, revelado pela Operação Lava Jato e pelo juiz Sergio Moro, as novas vítimas são as empreiteiras e seus executivos de capuz. Não se faz obra pública no Brasil sem “composição ilícita com um político”, diz o advogado Mario Oliveira Filho, que defende o lobista Fernando Soares, mais conhecido como Fernando Baiano, o boa-praça apontado como “operador” do PMDB. Sem propina, afirma Oliveira, não se coloca nem paralelepípedo na rua.
Deve ser verdade. Mas o esquemão não exime os executivos das empreiteiras, não os transforma em meras vítimas da ganância de políticos. O esquemão também não transforma partidos, gerentes ou presidentes de estatais em meros atores de extorsão ou marionetes das empreiteiras. São todos vilões e cúmplices de um clube VIP, que envolve doleiros, operadores, lobistas, executivos, políticos.
Mais de 4 mil pessoas, relacionadas com 4.300 empresas ligadas à rede de produção da Petrobras, são acusadas de movimentar, de maneira suspeita, R$ 23,7 bilhões, entre 2011 e 2014. A denúncia é do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). É um escândalo vasto, pesado, impossível de acompanhar. O cidadão comum fica assustado com o desfile diário de nomes desconhecidos e valores estratosféricos. O fator surpresa foi a delação premiada. Ninguém quer ir sozinho para a cadeia. A esperança é que as denúncias cheguem logo ao Congresso, como presente de Natal.
Se existe uma vítima clara, é você, contribuinte. Você, que não sabia de nada e não seria chamado para figurante nesse filme de vilões que posam de vítimas. Você está em boa companhia. Também não sabiam de nada a presidente Dilma Rousseff e sua indicada para o mais alto posto da Petrobras, Graça Foster. Dilma e Graça também são vítimas da má-fé dos diretores e políticos. Embora se orgulhem de seus dotes em gestão, Dilma e Graça não poderiam desconfiar de nada, mesmo após saber que a refinaria em Pernambuco multiplicara seus custos de R$ 4 bilhões para R$ 18 bilhões.
A cada vez que a imprensa denunciava “aditivos suspeitos” e superfaturamentos, a reação do governo era automática. Culpava-se o mensageiro pela “campanha negativa”. Como ousar atacar o desempenho da Petrobras e de estatais que servem ao povo? Só podia ser coisa de quem detesta os pobres e as obras públicas. Esse pessoal com complexo de vira-lata. Ninguém no Planalto mandou apurar nada. Ao contrário, Dilma elogiava protagonistas do atual escândalo pelos relevantes serviços prestados ao país.
Hoje, Dilma tenta se colocar como a justiceira do Brasil. Há quem acredite. Os militantes apaixonados voltam a Dom Pedro para justificar o petrolão e desculpá-la. Quando o PT assumiu, o que havia de bom foi apagado e renegado. Nunca antes na história do país a economia fora tão bem conduzida. Agora, o PT culpa o passado como origem de todos os malfeitos.
Uma coisa é admitir que sempre houve corrupção, em todos os partidos e governos. Outra é colocar o PT acima do esquemão, como avalista do Juízo Final. Não foram quatro nem oito anos de PT no poder. Foram 12. Isso explica a passividade atual de Dilma. Ou, talvez, cautela. Concordo com a declaração dela: “O país sairá mais forte”. Quem sairá mais fraco?
A dúvida agora é o destino dos milhões ou bilhões de reais confiscados do povo nas tenebrosas transações. Voltarão aos “cofres públicos”. Quer dizer o que exatamente? Voltarão para a Petrobras? Para Graça Foster? Para o Planalto? Os cofres públicos foram arrombados. A investigação nos dirá quem tem hoje autoridade moral e lisura ética para administrar as chaves desses cofres.
Vamos comprar essa desculpa, sem pedir uma comissão por fora? Lula, na Presidência, banalizava o mensalão. Como você e Zé Dirceu bem sabem, o mensalão nunca existiu. A compra de votos nada mais era que a prática herdada de governos anteriores, para fazer funcionar a engrenagem política entre “os 300 picaretas (sic) do Congresso”, citação do ex-Lula, metamorfose ambulante. E estamos conversados. Punhos cerrados para cima, hasta la victoria siempre. Porque a História tem a péssima mania de ser reescrita por quem está no poder.
Nesse poço sem fundo da Petrobras, revelado pela Operação Lava Jato e pelo juiz Sergio Moro, as novas vítimas são as empreiteiras e seus executivos de capuz. Não se faz obra pública no Brasil sem “composição ilícita com um político”, diz o advogado Mario Oliveira Filho, que defende o lobista Fernando Soares, mais conhecido como Fernando Baiano, o boa-praça apontado como “operador” do PMDB. Sem propina, afirma Oliveira, não se coloca nem paralelepípedo na rua.
Deve ser verdade. Mas o esquemão não exime os executivos das empreiteiras, não os transforma em meras vítimas da ganância de políticos. O esquemão também não transforma partidos, gerentes ou presidentes de estatais em meros atores de extorsão ou marionetes das empreiteiras. São todos vilões e cúmplices de um clube VIP, que envolve doleiros, operadores, lobistas, executivos, políticos.
Mais de 4 mil pessoas, relacionadas com 4.300 empresas ligadas à rede de produção da Petrobras, são acusadas de movimentar, de maneira suspeita, R$ 23,7 bilhões, entre 2011 e 2014. A denúncia é do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). É um escândalo vasto, pesado, impossível de acompanhar. O cidadão comum fica assustado com o desfile diário de nomes desconhecidos e valores estratosféricos. O fator surpresa foi a delação premiada. Ninguém quer ir sozinho para a cadeia. A esperança é que as denúncias cheguem logo ao Congresso, como presente de Natal.
Se existe uma vítima clara, é você, contribuinte. Você, que não sabia de nada e não seria chamado para figurante nesse filme de vilões que posam de vítimas. Você está em boa companhia. Também não sabiam de nada a presidente Dilma Rousseff e sua indicada para o mais alto posto da Petrobras, Graça Foster. Dilma e Graça também são vítimas da má-fé dos diretores e políticos. Embora se orgulhem de seus dotes em gestão, Dilma e Graça não poderiam desconfiar de nada, mesmo após saber que a refinaria em Pernambuco multiplicara seus custos de R$ 4 bilhões para R$ 18 bilhões.
A cada vez que a imprensa denunciava “aditivos suspeitos” e superfaturamentos, a reação do governo era automática. Culpava-se o mensageiro pela “campanha negativa”. Como ousar atacar o desempenho da Petrobras e de estatais que servem ao povo? Só podia ser coisa de quem detesta os pobres e as obras públicas. Esse pessoal com complexo de vira-lata. Ninguém no Planalto mandou apurar nada. Ao contrário, Dilma elogiava protagonistas do atual escândalo pelos relevantes serviços prestados ao país.
Hoje, Dilma tenta se colocar como a justiceira do Brasil. Há quem acredite. Os militantes apaixonados voltam a Dom Pedro para justificar o petrolão e desculpá-la. Quando o PT assumiu, o que havia de bom foi apagado e renegado. Nunca antes na história do país a economia fora tão bem conduzida. Agora, o PT culpa o passado como origem de todos os malfeitos.
Uma coisa é admitir que sempre houve corrupção, em todos os partidos e governos. Outra é colocar o PT acima do esquemão, como avalista do Juízo Final. Não foram quatro nem oito anos de PT no poder. Foram 12. Isso explica a passividade atual de Dilma. Ou, talvez, cautela. Concordo com a declaração dela: “O país sairá mais forte”. Quem sairá mais fraco?
A dúvida agora é o destino dos milhões ou bilhões de reais confiscados do povo nas tenebrosas transações. Voltarão aos “cofres públicos”. Quer dizer o que exatamente? Voltarão para a Petrobras? Para Graça Foster? Para o Planalto? Os cofres públicos foram arrombados. A investigação nos dirá quem tem hoje autoridade moral e lisura ética para administrar as chaves desses cofres.
Por Ruth de Aquino
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