O déficit externo, em si, não é um problema. Mas ele se torna preocupante porque ocorre desde 2008 e vem crescendo num momento ruim para o país. Estamos com o chamado “déficits gêmeos” porque as contas fiscais também estão negativas. Esse ano, inclusive, teremos déficit fiscal antes do pagamento dos juros.
O cenário deteriorado afasta o investidor estrangeiro interessado em aplicar no país. Dessa forma, menos dólares entram no Brasil. É esse dinheiro que financia o nosso déficit em conta corrente. O escândalo de corrupção e o risco de rebaixamento da nota de crédito por força da desordem nas contas públicas tornam mais difícil que o buraco seja coberto pela entrada de capital estrangeiro. Em 2011 e 2012, por exemplo, isso ocorreu. Mas neste ano não vai acontecer.
A nosso favor, temos o alto nível de reservas cambiais, em US$ 376 bi. Mas esse valor é em parte comprometido com as operações com derivativos feitas pelo BC para controlar a cotação do dólar. Após um ano e três meses de ofertas, os swaps cambiais comprometeram cerca de US$ 100 bi das reservas do BC.
A cotação do dólar subiu 15% desde agosto, e o gasto do turista brasileiro no exterior caiu um pouco em outubro, para US$ 2,1 bi. Mas o turista estrangeiro deixou aqui apenas US$ 500 mi.
Com esse cenário, o déficit em conta corrente, agora em US$ 70 bi, deve fechar o ano em US$ 84 bi.
Por Miriam Leitão
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