terça-feira, 11 de novembro de 2014

O militarismo como filho do desespero criado pelo PT



Você deve estar pensando: “de novo o Luciano vai descer o relho nos que pedem intervenção militar”. Não é meu foco agora. Irei tentar compreendê-los um pouco, com o devido respeito, até por que, mesmo equivocados em suas propostas, eles merecem ser compreendidos e contextualizados.

Os petistas dizem que as manifestações de rua “pedem intervenção militar”. Já ficou claro que isso é mentira. Porém, é verdade que nas manifestações de 1º de novembro apareceram alguns sujeitos pedindo intervenção militar. Como você já sabe, os jornalistas do PT aproveitaram a oportunidade para impor o rótulo sobre todos os manifestantes. Generalização calhorda e desonesta. Como sempre se espera dessa gente.

Mas aqui defenderei uma tese oposta. Ao contrário do que o PT diz, não é a oposição que motivou os pedidos por intervenção militar. Na verdade, estes últimos são mais motivados de forma não-intencional pelo PT. Se há um grupo responsável pelo alvorecer do intervencionismo, este é um só: o Partido dos Trabalhadores. Não adianta que fiquem indignados, pois trarei argumentos para isso.

Antes preciso esclarecer alguns pontos. Os intervencionistas estão errados ao apostar em um cavalo perdedor. Eles lutam por uma causa que não vai dar em nada. Na atualidade, intervenções via armada não se sustentam moralmente. Especialmente em um país complexo como o nosso. Modelos para a tomada de poder só tem funcionado por dissimulação cultural, guerra política, especialmente em guerra de posição, coisa que militares não sabem fazem. Eles simplesmente colocam tanques na rua. Quer dizer que além de existirem problemas éticos na intervenção militar, falamos de uma alternativa furada. Hoje em dia, após o primeiro tanque aparecer em uma universidade, vários vídeos gravados via SmartPhone serão lançados via YouTube. Anonimamente. Algo que não ocorria em 1964. Preciso dizer mais alguma coisa?

O detalhe é que algumas pessoas acreditam nessa proposta de verdade, assim como algumas pessoas da esquerda acreditam na ditadura do proletariado no estilão russo. (Ao invés do estilo dissimulado bolivariano)

Vamos focar nos intervencionistas, então. Eles simplesmente acreditam, firmemente, que possuem uma única opção: esperar a chegada de uma intervenção militar, assim como os personagens da série Narnia aguardam por Aslan. Basicamente é a lógica: “pedi e recebereis”. Eles estão pedindo e esperam receber!

O que quero aqui é entender: por que eles fazem isso? Antes de responder, precisamos ressaltar algo óbvio: pessoas percebem o mundo de maneiras diferentes, assim como respondem de maneiras diferentes. Sendo assim, a postura individual é uma forma tanto de percepção do mundo, como de reação aos eventos do mundo.

Por exemplo, diante dos absurdos do PT, eu vejo oportunidades de desconstrução em um processo contínuo de pressão sobre o partido, em prol da derrubada de seus projetos bolivarianos. Isto se baseia em uma percepção dos eventos, assim como uma reação a eles. Minha perspectiva é considerada otimista por eles.

A perspectiva adotada por eles é essencialmente mais desesperada que a minha. Eles nitidamente possuem menos fé em sua capacidade de mudar o estado de coisas. Se olharmos com mais cuidados, seremos obrigados a reparar que eles agem assim por um único motivo: perda completa de esperança nas instituições brasileiras.

Repito: o militarismo é um fenômeno cujo principal ativador é um sentimento de perda completa de esperança nas instituições brasileiras.

E qual o nome do partido que tem solapado todas as instituições brasileiras especialmente na última decada? É o Partido dos Trabalhadores. Não é o PSDB. Não são os republicanos. Não são os centristas. Não é a esquerda moderada. Não é o Olavo de Carvalho. Não é o Reinaldo Azevedo. Não é Pe. Paulo Ricardo. Não sou eu, evidentemente, também.

Vá conversar com um militarista e veja as respostas:

                     . “Luciano, não se iluda, o STF está todo aparelhado”
                     . “E você ainda confia no TSE? Que dó…”
                     . “Essas urnas não são confiáveis”


E a coisa caminha sempre nesse sentido. Podemos até discordar deles em várias dessas questões, mas não podemos negar os fatos. Estamos diante de um fenômeno de perda completa de esperança nas instituições brasileiras. E o responsável por essa sensação de desespero é o PT.

É uma pena que muitas pessoas tenham perdido as esperanças. Eu sinceramente não gosto de assistir a isso.

O que podemos fazer neste caso? Naturalmente, devemos seguir manifestando nossa oposição ao militarismo. Ao contrário de quem pede intervenção militar, somos republicanos e ainda manifestamos uma esperança nas instituições, mesmo que corrompidas pelo PT. Ainda acreditamos em nossa capacidade de pressão. Inclusive sobre o Congresso.

Aquilo pelo que nós lutamos é tudo que o PT tem ambicionado: o aparelhamento estatal e a submissão das principais instituições ao partido. Ao conseguir seu intento, o PT tem dado combustível a movimentos radicais por fazê-los perder a esperança nas instituições.

Isso atenua o erro, inclusive político, de pedir intervenção militar? Não. Mas mostra quem não tem moral de falar nada a respeito do estado atual de coisas: os petistas.





Por Luciano Henrique

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