segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Mandando a real sobre o intervencionismo. Para fechar temporariamente o assunto.



A partir de agora aqui serão bloqueados comentários defendendo intervenção militar. Já aviso que não sou contra ações militares legítimas para nos salvar de invasores ou mesmo frear uma situação de guerra civil, a partir de convocação do Executivo, Legislativo ou Judiciário. Minha crítica se direciona aos pedidos de intervenção militar feitos como método de tomada de poder com forma de substituir os atuais donos do poder.

Vamos deixar algumas coisas bem claras. Nós somos adversários. Lutamos por objetivos opostos. Eu não quero viver em um país dominado por militares, censurando a imprensa. Assim como não quero viver em um país bolivariano, também com censura de imprensa.

A vitória do intervencionista é minha derrota. A minha vitória é a derrota deles. É a mesma regra que devemos usar para tratar os bolivarianos.

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A mente do intervencionista é interessante. Como objeto de estudo, é claro.

A democracia é desafiadora e depende de extrema vigilância. A democracia as vezes é abalada. Hoje está fragilizada no Brasil. A única solução que os republicanos encontram é lutar pela democracia. Já os intervencionistas partem do princípio de que se a democracia do Brasil está corrompida, ao invés de recuperá-la é melhor destruí-la de vez. É claro que não podemos deixar eles vencerem.

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Há quem diga que os intervencionistas “não são nossos inimigos”. São sim. Devemos ver os intervencionistas como defensores de uma gangue de narcotraficantes querendo disputar o morro com outra gangue de narcotraficantes que se estabeleceu por lá. Ambos são foras da lei. Caso você queira atuar dentro da lei, a união com uma gangue para derrotar outra só serve para demolir seu empreendimento de livrar o morro de tráfico de drogas. Tanto intervencionistas quanto bolivarianos são inimigos da democracia. Ponto.

Quem se une aos intervencionistas, passa a mensagem de que “a democracia não vale nada”. Será que na luta contra o crime valeria passar a mensagem de que “o crime compensa”?

A luta é uma só: salvação da democracia. E, é óbvio, a valorização da república. Esse discurso dizendo que “não podemos nos dividir” não cola por que os intervencionistas são minoritários demais. As manifestações cresceriam muito mais sem a presença deles.

E mais: precisamos ser extremamente ofensivos na guerra política contra os bolivarianos. A mera aparição desses intervencionistas (indesejados, conforme os organizadores da manifestação afirmaram) fizeram com que todos nós ficássemos na defensiva. A simples presença dessa gente já implica em redução de poder de fogo do nosso lado.

Só seria possível uma aliança com o inimigo se tivéssemos controle deste inimigo, além de quase uma certeza deste resultado. Algo como a aliança entre os Estados Unidos e a Rússia para derrotar Hitler. Mas um cenário assim não acontece. Logo, não há motivos para nos aliarmos a intervencionistas. Devemos combatê-los, democraticamente.

Mas a melhor coisa a dizer para esse pessoal é a seguinte: “Intervencionistas, mostrem dignidade e criem uma manifestação só para vocês. Vocês querem derrotar o PT, assim como queremos. Ótimo. Mas nós temos objetivos exatamente opostos após essa tal “derrota”, pois o mundo que virá depois, ambicionado por vocês, não é o mundo ambicionado por nós. Em relação à democracia, os valores que vocês defendem são exatamente opostos aos nossos. Não há união diante de valores diametralmente opostos.”

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Vi por aí um papo dizendo que ao nos dividirmos, estamos “atendendo aos desejos do PT”. Mal sabem essas pessoas que muitas vezes é vital dividirmos um grupo.

Gramsci fez isso entre 1920 e 1925 antes de ir para a prisão, defendendo a divisão entre pragmáticos (que ele defendia) e os fatalistas, que, segundo ele, só “queimavam o filme”. Os resultados estão aí…

Já passou da hora de dividirmos a direita entre a que gera resultados e aquela que só funciona como âncora…

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Essa é sensacional: “sou a favor da intervenção militar, mas sou contra a ditadura”. Ora, mas de que jeito uma intervenção militar vai poder trocar pessoas no poder, sem o chamado do Judiciário, Executivo e/ou Congresso, senão ditando ordens, com o uso da força total do estado em suas mãos?

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Existem algumas formas de se tomar o poder de forma totalitária:

(a) usar o próprio exército de seu país para isso
(b) usar uma força revolucionária que tome o exército do país, convertendo-o para seu lado, ou aniquilando-o
(c) via dominação de espaços, de forma dissimulada (estes são os gramscianos e bolivarianos), a partir da democracia, tentando corrompe-la
(d) aceitar a democracia e jogar pelas regras dela, sem tentar corrompê-la – esta, aliás, não é forma de se tomar o poder de forma totalitária, mas está aqui por ilustração

A extrema-esquerda sabe que (a) é uma opção morta e liquidada. O item (b) funcionou no passado, como em Cuba.

Em 1964, os marxistas perderam por que o regime militar usou (a), mas já era uma coisa obsoleta. Tanto que os militares estão queimados até hoje, humilhados por coisas como Comissão da Verdade.

Ao invés de pensarem em (c), o que os intervencionistas fazem? Continuam pedindo (a), o que os torna verdadeiros trogloditas em termos de estratégia para tomada de poder.

Os bolivarianos morrem de rir sabendo que eles lutam por algo que já estava obsoleto em 1964. Agora, então, tornou-se impossível, principalmente para um país complexo como o nosso.

Aí resta a eles a técnica do “beco sem saída”. Vão ampliar o poder da extrema-esquerda e dizer “tá tudo dominado”. Nada que uma leitura de Robert Cialdini, um dos melhores autores de técnicas de persuasão, já não nos tenha ensinado em termos de imunização.

Só um aviso para esse pessoal que usa a tática do “beco sem saída”. A opção (c) foi exercida pelos esquerdistas enquanto o regime militar tinha (a) em mãos. Portanto, a tática do “não temos outra opção” não me engana.

Intervencionistas estão apegados à uma mania, uma obsessão, a uma ideia fixa, não a algo que vá dar qualquer tipo de resultado.

Só peço que não nos façam afundar junto com vocês.

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Em tempo: as Forças Armadas são consideradas as instituições mais seguras do Brasil pela maioria dos brasileiros. Eu também confio muito neles. Especialmente pelo fato de não caírem na conversinha dos intervencionistas. Uma coisa são os intervencionistas. Outra coisa são as Forças Armadas. Criticar os intervencionistas não é criticar as Forças Armadas. É bom avisar antes que intervencionistas tentem essa falácia manjada…





Por Luciano Henrique

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