sábado, 29 de novembro de 2014

Rotina de censura: “Liberdade de imprensa não é liberdade de empresa”



Você provavelmente já deve ter ouvido algum petista (ou membro do PSOL, ou membro do PCdoB, o que dá no mesmo) dizendo que “não há problema algum na liberdade de imprensa, mas não pode existir liberdade de empresa”.

Em uma entrevista com um picareta anti-liberdade de imprensa Marcelo Rubens Paiva coletou a frase “liberdade de imprensa virou liberdade de empresa”.

O truque é sutil e feito com um único intuito: colocar você como um sujeito “amigo das empresas” (as entidades malignas detentoras do “capital”, no léxico dessa gente), enquanto eles lutariam pelo “interesse do povo”.

Porém, ao falar sobre liberdade de imprensa, nunca, nunca, nunca, sob hipótese alguma, pense na questão como “apenas uma relação entre empresas e governo”.

Se pensarmos nisso, cairemos na ilusão de achar que toda a questão se resume a empresas recebendo verba estatal. Daí alguns liberais vão cair na armadilha de achar que “ah, se não tem dinheiro do governo, vem de outro lugar”. Nesse momento, muitos dão de ombros e não percebem o engodo.

O problema é que toda questão de liberdade de imprensa possui três perspectivas, que devem ser avaliadas em conjunto.

São elas:

Liberdade das empresas: não podem ser coagidas por meio de pressão por verbas estatais. As verbas devem ser divididas por princípios de isonomia. Mas esse é o menor do problema, pois os empresários sempre se adaptam.

Liberdade do jornalista: não pode ter sua carreira ameaçada por pressão econômica do estado, que, como já disse, só poderia dividir verbas seguindo princípios de isonomia.

Liberdade do consumidor de notícias: não pode ter as notícias selecionadas a partir de pressão econômica do estado. E não preciso me repetir quanto ao princípio da isonomia, certo.

Se alguém avaliar a questão somente pelo relacionamento das empresas com o governo, obviamente estamos diante de um seríssimo caso de deficiência de cognição política, ou então desonestidade mesmo.

O fato é que se o governo cerceia a liberdade das empresas, pelo uso da pressão econômica (fazendo uso das verbas estatais para essa pressão), automaticamente a liberdade dos jornalistas e dos consumidores de notícias são afetadas.

Um exemplo evidente é o caso de Rachel Sheherazade.

Pela pressão econômica da bancada governista sobre o SBT (ou seja, a empresa), uma jornalista teve sua voz calada. No efeito cascata, todos os consumidores de mídia que queriam ver e ouvir as opiniões de Rachel foram prejudicados.

Como se nota, basta olhar a realidade para saber que o slogan governista “liberdade de imprensa não é liberdade de empresa” é tão cínico quanto mentiroso.





Por Luciano Henrique

Nenhum comentário: