segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Uma pauta supervalorizada



Tenho dito e repito: a proporção que os temas das “minorias” ganham na imprensa é totalmente desproporcional ao peso que têm diante das prioridades do eleitor brasileiro. Um alienígena que ligasse a televisão durante a campanha ou abrisse um jornal pensaria que as coisas mais importantes para o país são o casamento gay, a legalização do aborto e das drogas. Nada mais falso.

O brasileiro quer melhor saúde e educação, mais segurança, um transporte público decente e boas ofertas de emprego. São essas as prioridades, os temas mais relevantes. Afinal, não somos uma Suíça ou um Canadá, que podem se dar ao luxo de debater questões mais secundárias, pois já resolveram o básico. Nossa elite, que vive numa bolha, parece ainda não ter entendido bem isso. Confunde o Brasil com o Leblon ou o Jardim Paulista.

Luciana Genro, a mais estridente das representantes dessas causas das “minorias”, recebeu 1,6 milhão de votos. O “branco opressor” teve muito mais votos: mais de 4 milhões! O PSOL está celebrando, mas ignora que Heloísa Helena, quando disputou com Collor, teve 6,5 milhões de votos. Os socialistas já tiveram, portanto, bem mais apoio.

Quando comparamos a votação de Luciana Genro com dois candidatos que assumiram o papel de antítese das bandeiras “progressistas” da socialista, vemos que estão em patamar similar. Pastor Everaldo e Levi Fidelix tiveram, juntos, 1,2 milhão de votos. E é preciso levar em conta que boa parte dos votos em Genro não se deve apenas às bandeiras das “minorias”, mas ao seu repetido, insistente e ultrapassado ataque ao “capital financeiro”, que, pasmem!, ainda conquista votos em nosso país cheio de ignorantes.

Portanto, as urnas mostram claramente que o povo não está tão preocupado assim com tais bandeiras, ao contrário do que dá a entender a imprensa. Mas se em nível majoritário essa agenda não é tão relevante, o mesmo não ocorre em nível estadual. Os votos para deputado, especialmente aqui no Rio, capital nacional da classe artística e da esquerda caviar “progressista”, levaram em conta essa pauta.

Não necessariamente a favor do lado “progressista”. O deputado federal mais votado, de longe, foi Jair Bolsonaro, para o desespero da esquerda. Foram 464.572 votos. Um fenômeno eleitoral, um grito de protesto contra os marxistas. Jean Wyllys, ícone do lado oposto, teve 144.770 votos. Ou seja, Bolsonaro teve mais do que o triplo de votos de Jean Wyllys!

Já para deputado estadual, o mais votado foi Marcelo Freixo, do PSOL, sendo que Flavio Bolsonaro ficou em terceiro, com 160 mil votos. Freixo recebe o apoio dos artistas engajados, mas nem todos os seus votos são ligados diretamente a essas causas, pois muitos o enxergam como o “herói” do filme “Tropa de Elite 2″, aquele que combateu as milícias (precisam de óculos urgentemente).

Enfim, a pauta do casamento gay, do aborto e das drogas é pouco representativa em âmbito nacional, e serve para criar nichos em nível estadual, gerando um antagonismo radical, uma polarização exacerbada. Os representantes de ambos os extremos agradecem, pois isso lhes garante votação expressiva. Mas a conclusão dos mais moderados é evidente: há muito barulho por “nada”, ou quase nada. Não seria mais saudável focar nas verdadeiras prioridades do país como um todo, importantes para todos os brasileiros?




Por Rodrigo Constantino

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