terça-feira, 7 de outubro de 2014

Realizações do Governo Dilma (1)



Os opositores mais radicais da nossa presidenta proporiam que este artigo, face ao titulo, constasse apenas de uma folha em branco. Os adversários menos radicais sugeririam que este texto fosse escrito entre parênteses, ou somente preenchendo o verso da folha, tal a quantidade de fatos negativos.

Uma terceira abordagem, que não esgota as possibilidades, seria aquela a que nós nos acostumamos com os cegos partidários da presidenta praticando o “ realismo fantástico”, estimulando o irreal ou estranho como algo comum, cotidiano, isto é, atribuindo verossimilhança intrínseca ao fantástico, ao imaginário, em confronto com o real ou surreal, pois consideram que ela, até mesmo nestes três anos e quatro meses de governo, teria feito alguma coisa. Persiste a máxima goebeliana que a mentira insistentemente repetida transforma-se num fato.

Logo no início, no conjunto de lendas que sublimaram Dª Dilma, a difusão de que sabia escolher auxiliares, contrastando com o episódio Erenice (filho empresário) e logo depois o do Palocci (aumento do patrimônio em curtíssimo prazo). A manutenção do trêfego Mantega e da plêiade Ideli, Gleisi, Maria do Rosario, Miriam Belchior, Marta, Menicucci... demonstram à exaustão como tendo oportunidade de indicar 39 auxiliares não selecionou um só que fosse adequado a função.

Embora em julho de 2010 o presidente Lula dissesse “a verdade é que a companheira Dilma Roussef assumiu a responsabilidade de fazer este trem de alta velocidade até a Copa de 2014. Nós devemos este projeto a esta mulher”, na prática houve sucessivos adiamentos da licitação, troca de titulares e até hoje persistem as indefinições e a não execução.

Na posse em 2011, a presidenta Dilma afirmava: ”Quero ser a presidenta que consolidou o SUS, tornando-o um dos melhores e maiores sistema de saúde publica do mundo.” Não cabem comentários sobre as duas promessas. Os fatos falam por si.

Nos seis meses iniciais defrontava-se com o fato dos cerca de 300 passaportes diplomáticos (que Antonio Patriota sustentou que eram direito adquirido), da MP dos orçamentos secretos (que não prosperou) ao tempo em que a grande antiprivatista entregava à iniciativa privada os aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília.

Nos meses subsequentes assumia a identidade de faxineira mor, como se não tivesse indicado os ministros e pactuado com os malfeitos, defenestrando ou permitindo que saíssem, mercê dos acontecimentos, alem de Palocci, em junho, e Jobim (“cansei de idiotas”) logo depois, sete ministros.

Pela ordem: Alfredo Nascimento, dos Transportes (empresa do filho); Wagner Rossi, da Agricultura (enriquecimento e lobista dentro do Ministério); Pedro Novais, do Turismo (governanta paga com dinheiro publico e reuniões de trabalho em motel de luxo em São Luiz); Orlando Silva, dos Esportes (20% dos convênios com ONGs); Carlos Lupi, do Trabalho (graves irregularidades com sindicatos); Fernando Bezerra Coelho, da Integração (emendas destinadas ao filho e verbas para o hospital do tio-avô); Mario Negromonte, das Cidades (favorecer aliados com verbas publicas)... Só mais tarde viria a amiga do rei Rosemary e seus bebês...

Ainda assim, e mesmo diante das irregularidades tangenciando quase todos, geradoras das substituições, ninguém foi responsabilizado, e – tão grave quanto – a faxineira voltou atrás e permitiu que tudo tornasse a ficar turvo com o retorno de quase todos exercendo suas influências políticas para não ferir o presidencialismo de coalizão.

Enquanto isto, o governo usava e abusava do BNDES. Sendo objeto de capitalizações, empréstimos inconfessáveis, negócios que um dia virão à tona, havendo aqueles que entendem que a CPI da Petrobras deveria atravessar a rua.

No período, foi marcante a saída do Juquinha, presidente da Valec, encarregada da construção da ferrovia Norte–Sul. Em março de 2012, surgia o episódio do Carlinhos Cachoeira, com a Delta , com Demostenes, com envolvimentos em Brasilia, Rio e Goiás. O governo, que no início pensou usar a CPI, acabou trabalhando através do relator do PT, da base, para que nada ocorresse e a comissão murchasse. São da época a blindagem de Sergio Cabral e, a titulo de lembrança, o Pagot e o Cavendish.

Em paralelo, em 2012 e 2013, assistíamos ao julgamento do mensalão, convergindo, no clímax, para a substituição com a indicação de novos juízes juntando-se a Levandowski e Toffoli, a saber: Luiz Roberto Barroso e Teori Zavascki.





Por Osvaldo Nobre

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