Christine Lagarde, manifesta otimismo em relação ao País. Ela se disse "encorajada" com a equipe econômica do segundo mandato da
presidente Dilma Rousseff. E foi além: o Brasil, segundo ela, pode ser um gigante, do ponto de vista econômico, se o governo adotar
políticas fiscais sólidas, atacar os gargalos e realizar as reformas estruturais necessárias. O comentário sobre a nova equipe deve ser
sincero, mas dificilmente a principal executiva de uma entidade multilateral diria algo diferente sobre o governo de um país associado.
Quanto à outra declaração, é quase uma redundância. A mesma observação tem sido feita sobre outras economias latinoamericanas,
embora quase todas estejam em situação melhor que a do Brasil. Christine Lagarde falou sobre as perspectivas brasileiras em entrevista
coletiva em Santiago, onde participou de uma conferência regional promovida pelo governo chileno e pelo FMI, na semana passada. A
reunião evidenciou mais uma vez o descompasso entre a evolução da economia brasileira, nos últimos dez anos, e a da maior parte da
região.
Nas últimas duas décadas, disse a diretora do Fundo, a maioria dos países latinoamericanos conseguiu avançar com inflação baixa,
disciplina fiscal e estabilidade financeira. Além disso, a crise iniciada em 2008 produziu menos danos na região do que em outras partes
do mundo. Mas o próprio Fundo, em suas estatísticas e projeções, mostra diferenças importantes entre os países da América Latina e do
Caribe. Suas últimas estimativas, divulgadas em outubro, apontaram para o Brasil crescimento de 0,3% em 2014 e de 1,4% em 2015, bem
abaixo da média regional, de 1,3% para este ano e de 2,2% para o próximo. As médias seriam muito mais altas sem o péssimo
desempenho de Brasil, Argentina e Venezuela.
As novas projeções da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), publicadas pouco antes da reunião de Santiago,
também mostram o Brasil como retardatário na corrida do crescimento. A expansão estimada para o País ficou em 0,2% em 2014 e em
1,3% em 2015. Só quatro economias aparecem com desempenho pior que a do Brasil em cada um dos dois anos: Argentina, Venezuela,
Barbados e São Vicente e Granadinas. Com alguma diferença nos números, essa classificação é igual à da tabela do FMI. A secretária da
Cepal, Alicia Bárcena, também esteve em Santiago e comentou a situação regional.
Lagarde e a equipe do Fundo insistiram no receituário formulado há algum tempo, com ênfase na consolidação das contas públicas,
maior cuidado com o déficit na conta corrente do balanço de pagamentos, eliminação de gargalos de infraestrutura e, para efeito em
prazo mais longo, maior empenho na educação e na formação de capital humano. O roteiro indicado pelos economistas da Cepal é
parecido com esse em vários pontos e mais enfático no caso da integração comercial entre os países da região. Seria uma forma de
garantir maior demanda numa fase de baixo crescimento do comércio internacional e de menor dinamismo na China.
Lagarde acentuou a importância de integrar a região nas cadeias internacionais de valor e de buscar novas formas de cooperação
regional, hoje semelhante a uma tigela de espaguete (a expressão é dela), com siglas como Mercosul, Alba e Unasul. Todos esses
conselhos são bons, mas alguns países já encontraram o rumo da integração nos mercados internacionais. É o caso de algumas das
economias mais dinâmicas da região Chile, Peru, Colômbia e México. O caminho seguido por esses países tem atraído alguns outros.
Mas um desses, o Paraguai, continua preso no atoleiro do Mercosul.
As duas maiores economias sulamericanas, Brasil e Argentina, perderam o rumo da associação com os parceiros e mercados mais
avançados e mais dinâmicos, em nome do terceiromundismo de governos populistas, provincianos, protecionistas e diplomaticamente
ingênuos e irrelevantes. Essas qualidades estão refletidas claramente no desempenho dos dois países.
Enquanto o governo faz malabarismos para fechar suas contas de 2014, a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, manifesta otimismo em relação ao país.
Ela se disse “encorajada” com a equipe econômica do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. E foi além: o Brasil, segundo ela, pode ser um gigante, do ponto de vista econômico, se o governo adotar políticas fiscais sólidas, atacar os gargalos e realizar as reformas estruturais necessárias.
O comentário sobre a nova equipe deve ser sincero, mas dificilmente a principal executiva de uma entidade multilateral diria algo diferente sobre o governo de um país associado. Quanto à outra declaração, é quase uma redundância. A mesma observação tem sido feita sobre outras economias latino-americanas, embora quase todas estejam em situação melhor que a do Brasil.
Christine Lagarde falou sobre as perspectivas brasileiras em entrevista coletiva em Santiago, onde participou de uma conferência regional promovida pelo governo chileno e pelo FMI, na semana passada. A reunião evidenciou mais uma vez o descompasso entre a evolução da economia brasileira, nos últimos dez anos, e a da maior parte da região.
Nas últimas duas décadas, disse a diretora do Fundo, a maioria dos países latino-americanos conseguiu avançar com inflação baixa, disciplina fiscal e estabilidade financeira. Além disso, a crise iniciada em 2008 produziu menos danos na região do que em outras partes do mundo. Mas o próprio Fundo, em suas estatísticas e projeções, mostra diferenças importantes entre os países da América Latina e do Caribe.
Suas últimas estimativas, divulgadas em outubro, apontaram para o Brasil crescimento de 0,3% em 2014 e de 1,4% em 2015, bem abaixo da média regional, de 1,3% para este ano e de 2,2% para o próximo. As médias seriam muito mais altas sem o péssimo desempenho de Brasil, Argentina e Venezuela.
As novas projeções da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), publicadas pouco antes da reunião de Santiago, também mostram o Brasil como retardatário na corrida do crescimento. A expansão estimada para o país ficou em 0,2% em 2014 e em 1,3% em 2015. Só quatro economias aparecem com desempenho pior que a do Brasil em cada um dos dois anos: Argentina, Venezuela, Barbados e São Vicente e Granadinas.
Com alguma diferença nos números, essa classificação é igual à da tabela do FMI. A secretária da Cepal, Alicia Bárcena, também esteve em Santiago e comentou a situação regional.
Lagarde e a equipe do Fundo insistiram no receituário formulado há algum tempo, com ênfase na consolidação das contas públicas, maior cuidado com o déficit na conta corrente do balanço de pagamentos, eliminação de gargalos de infraestrutura e, para efeito em prazo mais longo, maior empenho na educação e na formação de capital humano.
O roteiro indicado pelos economistas da Cepal é parecido com esse em vários pontos e mais enfático no caso da integração comercial entre os países da região. Seria uma forma de garantir maior demanda numa fase de baixo crescimento do comércio internacional e de menor dinamismo na China.
Ela se disse “encorajada” com a equipe econômica do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. E foi além: o Brasil, segundo ela, pode ser um gigante, do ponto de vista econômico, se o governo adotar políticas fiscais sólidas, atacar os gargalos e realizar as reformas estruturais necessárias.
O comentário sobre a nova equipe deve ser sincero, mas dificilmente a principal executiva de uma entidade multilateral diria algo diferente sobre o governo de um país associado. Quanto à outra declaração, é quase uma redundância. A mesma observação tem sido feita sobre outras economias latino-americanas, embora quase todas estejam em situação melhor que a do Brasil.
Christine Lagarde falou sobre as perspectivas brasileiras em entrevista coletiva em Santiago, onde participou de uma conferência regional promovida pelo governo chileno e pelo FMI, na semana passada. A reunião evidenciou mais uma vez o descompasso entre a evolução da economia brasileira, nos últimos dez anos, e a da maior parte da região.
Nas últimas duas décadas, disse a diretora do Fundo, a maioria dos países latino-americanos conseguiu avançar com inflação baixa, disciplina fiscal e estabilidade financeira. Além disso, a crise iniciada em 2008 produziu menos danos na região do que em outras partes do mundo. Mas o próprio Fundo, em suas estatísticas e projeções, mostra diferenças importantes entre os países da América Latina e do Caribe.
Suas últimas estimativas, divulgadas em outubro, apontaram para o Brasil crescimento de 0,3% em 2014 e de 1,4% em 2015, bem abaixo da média regional, de 1,3% para este ano e de 2,2% para o próximo. As médias seriam muito mais altas sem o péssimo desempenho de Brasil, Argentina e Venezuela.
As novas projeções da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), publicadas pouco antes da reunião de Santiago, também mostram o Brasil como retardatário na corrida do crescimento. A expansão estimada para o país ficou em 0,2% em 2014 e em 1,3% em 2015. Só quatro economias aparecem com desempenho pior que a do Brasil em cada um dos dois anos: Argentina, Venezuela, Barbados e São Vicente e Granadinas.
Com alguma diferença nos números, essa classificação é igual à da tabela do FMI. A secretária da Cepal, Alicia Bárcena, também esteve em Santiago e comentou a situação regional.
Lagarde e a equipe do Fundo insistiram no receituário formulado há algum tempo, com ênfase na consolidação das contas públicas, maior cuidado com o déficit na conta corrente do balanço de pagamentos, eliminação de gargalos de infraestrutura e, para efeito em prazo mais longo, maior empenho na educação e na formação de capital humano.
O roteiro indicado pelos economistas da Cepal é parecido com esse em vários pontos e mais enfático no caso da integração comercial entre os países da região. Seria uma forma de garantir maior demanda numa fase de baixo crescimento do comércio internacional e de menor dinamismo na China.
Por Augusto Nunes
Editor Jornal O Estado de São Paulo
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