Nas reuniões, quase todos os ministros entram mudos e saem calados
Suponha-se que dos 39 ministros, entre os que estão sendo escolhidos, os que vão ser e os que vão ficar, a presidente Dilma apresente todos, dentro de um mês, quando iniciar o segundo mandato. Festas, lantejoulas, confetes – tudo de acordo com o programado. Ministros para ninguém botar defeito, do PT, PMDB, partidos menores, quota pessoal e até improvisações.
Acontecerá o quê, se em fevereiro o Procurador Geral da República e o Supremo Tribunal Federal tiverem, depois da denuncia e da abertura dos processos, iniciado o julgamento dos deputados e senadores implicados no escândalo da Petrobrás? Entre eles, alguns ou até muitos ministros? A presidente Dilma poderá aguardar as condenações definitivas, transitadas em julgado, para demiti-los. No mínimo um ano terá decorrido, mas que ano? Fala-se apenas dos ministros, ainda que número razoável de parlamentares no exercício de seus mandatos deva encontrar-se em situação paralela, ou seja, acusados de envolvimento na roubalheira verificada à sombra da estatal. Apontados como corruptos, uns e outros estarão se defendendo em meio às suas atividades executivas e legislativas. Governo e Congresso poderão trabalhar como se poderia esperar?
Admita-se, então, que parte da inspiração de Itamar Franco tenha chegado à presidente Dilma e ela, ao primeiro sinal das denúncias e do início dos julgamentos, resolva livrar-se dos acusados logo depois de empossados, sugerindo que, demitidos, possam dispor de melhores condições para defender-se? Ou que os respectivos partidos dos denunciados os tenham afastado? Num caso e no outro, o desgaste do governo e do Congresso será imenso. Estarão paralisados, ou quase, Executivo e Legislativo.
A conclusão surge inevitável: se não conhecer dentro de um mês a relação dos políticos envolvidos nas delações premiadas dos bandidos do saque à Petrobras, melhor faria a presidente Dilma em protelar o início do segundo mandato. Empurrar o governo velho com a barriga, sem nomear ministros além do trio integrante da nova equipe econômica. Mais do que um gesto de cautela, seria a necessidade da autodefesa.
Acresce que à lambança na Petrobras outras denúncias começam a germinar: Eletrobrás, Fundos de Pensão, Correios, Caixa Econômica, Banco do Brasil e mais o quê? O governo reeleito transita em campo minado.
Por Carlos Chagas
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