Corrupção e os efeitos iniciais de uma grave crise econômica devem ditar a tônica do confronto entre os “primos” tucanos e petistas. Aécio deve ser alvo de ataques pessoais. Dilma será confrontada na má gestão e no agravamento das denúncias de corrupção contra o núcleo político do governo. Também pesará contra Dilma a oposição já declarada da Oligarquia Financeira Transnacional. O tal “mercado” já manifestou o desejo de substituir o titular do trono do Palácio do Planalto. A classe média urbana também confirmou seu desejo de mudança.
Como de costume, Dilma posou de vitoriosa, embora os números confirmem que ela foi claramente derrotada pela oposição. A Presidente teve bem menos votos que a previsão dos institutos de pesquisa – que lhe davam entre 44 e 46%. Percentualmente, Dilma ficou com 41,59% dos votos. Somando apenas Aécio Neves e Marina Silva, 54,87% votaram, no mínimo, contra o governo. A petralhada espera agora virar o jogo, reconquistando os votos do chamado “eleitorado pobre” e do “socialista consolidado” que votou na ex-petista Marina.
A eleição será decidida por quem votou em Marina apenas por insatisfação ou a favor de “mudança”. Também pode acabar votando contra o governo aqueles que, na urna eletrônica inconfiável, dedaram nulo (5,80%) e branco (3,84%). A elevada abstenção de 19,39%, em uma eleição nada democrática, onde o comparecimento é obrigatório, indica duas coisas: elevada insatisfação ou que o eleitorado está superestimado, listando gente que não existe ou já morreu. Quem se absteve, se existir e resolver votar no segundo turno, tende a engrossar a turma do nulo, do branco ou da oposição.
O segundo turno, literalmente, “é outra eleição”. Mas a insatisfação consolidada da classe média urbana, principalmente a do Estado de São Paulo, contra o governo federal, é um sinal de que Dilma tende a sofrer uma grande derrota. Detonada ontem pelo líder máximo Luiz Inácio Lula da Silva, a Princesa da Floresta Marina Silva não deve embarcar no conto de fadas da Bruxa de Vermelho e tende a apoiar (muito a contragosto e forçadamente) Aécio Neves. O neto de Tancredo Neves tem dois imensos desafios. O primeiro é recuperar a confiança do eleitorado de Minas Gerais, onde o PSDB perdeu o governo estadual logo no primeiro turno para Fernando Pimentel - o melhor amigo pessoal de Dilma Rousseff. O segundo será mais difícil: conquistar o eleitor de classe economicamente baixa do Nordeste, onde Dilma parece ter preferência praticamente consolidada.
Neste caso, um grande fiel da balança no segundo turno será o PSB do falecido Eduardo Campos, principalmente em Pernambuco, e nos outros estados das regiões Norte e Nordeste onde o eleitorado mais pobre e grande parte da classe média apostaram em Marina Silva como “fator de mudança”. Dilma vem com toda força na Bahia, onde o PT conseguiu se manter no poder, lacrando, com aço inoxidável, a tampa do velho caixão do Carlismo. O grupo do falecido Antônio Carlos Magalhães sofreu a mais fragorosa derrota desta eleição. O mesmo pode se dizer da clã Sarney no Maranhão e da família Garotinho no Rio de Janeiro... As urnas foram cruéis com eles...
Por Jorge Serrão
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