Nos últimos dias, a Rede Globo, que historicamente sempre competiu com o PMDB para ver quem consegue ser mais governista, deu uma estranha freada no destaque ao tema corrupção em seu principal noticioso, o Jornal Nacional. Nem a mais astuta criança, em vã esperança de entendimento da realidade, tem capacidade de compreender por que isto aconteceu. A família Marinho e os marketeiros da Dilma, acuados por diferentes motivações, devem saber o real motivo. A Regra do Jogo político/midiático é muito bruta aqui em Babilônia, onde verdades secretas até vêm à tona, mas a impunidade continua beneficiando os poderosos de plantão.
A Globo até já agendou uma reportagem sobre corrupção para o domingão à noite, no Fantástico. Dependendo do tamanho da coisa, a manifestação popular deste 16 de Agosto pode (ou não) merecer o destaque correto, justo e perfeito. A repercussão editorial vai depender muito daquilo que os poderosos projetam e conchavam para acontecer na aguardada "dança dos famosos" da Republiqueta de Bruzundanga. Existe um risco concreto de nem acontecer este programa, que seria imperdível e muito desejado pela maioria da população brasileira. Tudo vai depender do poder de reação pessoal da impopular Dilma Rousseff - que tem uma arma atômica: a caneta que assina as publicações no Diário Oficial da União.
Eis as questões de complicada resposta para o mais sábio roteirista de Hollywood (ou mesmo do nosso Projac global): O Império da Dilma contrataca? Ainda é possível seu Despertar da Força? Seu principal Jedi fará o retorno triunfal? Dart Vader conseguirá hegemonia, perante o ladro negro, que comanda a força rebelde da base aliada, para lhe roubar o trono? A Jornada das Estrelas do PT realmente atingiu o esgotamento? Ou estamos vivendo mais um ilusório episódio de uma Guerra nas Estrelas sem previsão de terminar - bem ou mal?
O fim nem sempre explica direito o meio do filme que começou muito mal com o golpe militar do falecido General Leônidas - que inventou a Nova República, em 1985. O fato concreto é que chega ao fim, de forma melancólica, o regime sempre liderado pela cúpula do PMDB - o partido mais governista de todo o universo, que só perde ou empata no quesito com a Rede Globo e, não sejamos injustos, com a maioria esmagadora da mídia amestrada tupiniquim. O impasse institucional caminha para ruptura, com o agravamento da crise econômica e com a desmoralização da atividade política. Quem não enxerga isto está vendo outro filme de ficção...
A voz das ruas vai se manifestar neste domingão. O esquema dominante vai continuar fingindo que o problema não é com a classe política desqualificada... Até quando? O imediatismo faz a massa centrar a bronca na Dilma. Mas ela não é a causa dos males. Ela é consequência da falha estrutural histórica. Dilma tentará fingir que não liga para o clamor popular. Pelo absolutista poder presidencial, tem chances de reação, mesmo que pareçam mínimas... Imagina o que pode acontecer se Dilma resolver chutar o balde e romper com o PT? Os insatisfeitos vão partir para o pau (ou outras armas)...
Se o processo radicalizar e fugir do controle, seria a hora de a Onça beber água. O problema é que os generais da selva ainda não querem ou não sentem vontade. As hienas continuam dando gargalhadas. Fazem conchavos inimagináveis, enquanto devoram os restos mortais de um Estado Capimunista - centralizado, cartorial, cartelizado e corrupto. Molusco outrora matreiro, Lula parece se afogar no mar de lama que ajudou a cultivar. Só um poderosíssimo Lava Jato seria capaz de limpar sua alma...
Assim, sobra para a Anta - cujo principal predador, por sacana coincidência, é a Onça - que disputa o bicho com a Sucuri... Por incrível que pareça, apesar da maré de impopularidade (que parece irreversível), estrategistas políticos de alta estirpe ainda avaliam que a Anta lá do Planalto tem salvação da extinção por impeachment, por cassação eleitoral ou por renúncia forçada... Basta que ela faça jus à inteligência original do bichinho cientificamente conhecido como Tapirus Terrestris. Antas têm fama de ótimas nadadoras, mas não é isso que poderá salvá-la neste nosso oceano de esgoto da politicagem. A principal capacidade da Anta é sua capacidade de sobrevivência na escuridão da selva em que se mete...
A anta costuma ser tímida, pacífica e indefesa diante do ser humano. Nossa Anta é "arroganta", guerrilheira e parte para a ignorância, de forma destrambelhada, quando se sente acuada pelos acontecimentos desfavoráveis ou pela pressão crescente das massas. Por isso, o grande evento cívico de logo mais tem importância. Muita gente na rua acua a Anta - ameaçada de tomar no TCU, no Cunha e, mais recentemente, até na CUT (depois que um falastrão, em pleno salão nobre do Palácio do Planalto, bostejou que o negócio era pegar em armas para defendê-las dos golpes).
A Onça ficou ouriçada com a provocação... A Anta fingiu que não era com ela... O Molusco fingiu que desqualificava o imbecil provocador, embora já tivesse feito alusão recente ao eventual emprego do tal "exército do Stédile" - o que também irritou a Onça... Nossa selva começa a ficar em Temperatura Máxima. Muitas gente, nas ruas, aposta e pede um "Vale a Pena ver de Novo". A Onça não está a fim... Mas ela conhece muito bem o sábio provérbio brasileiro: "Depois da onça morta, até cachorro mija nela"... No caso presente, as hienas são os cães infernais...
Só uma Intervenção Constitucional, demandada e exercida pelo Poder Instituinte do Povo Brasileiro, tem condições de botar ordem na nossa selva (ou seria um jardim zoológico?)... Esta é a única saída para libertar a Nação da escravidão imposta pelo crime institucionalizado. A maioria das pessoas de Bem não aguenta mais!
O impasse caminha para uma ruptura - de consequências imprevisíveis. É preciso implantar a República Federativa de verdade. É fundamental implantar, de fato, a Democracia (a Segurança do Direito). Temos de retomar a Ordem Pública, fundamental para a Paz Social. Enfim, temos de mudar (revolucionar, e não apenas reformar) a estrutura do Estado Brasileiro.
Essas não são apenas as vontades (nem sempre claramente manifestadas) pela maioria do povo. Essas são as necessidades mais urgentes do cidadão brasileiro honesto - vítima da desgovernança do crime organizado, viabilizado pela estrutura estatal que suga e agride a sociedade, em vez de cumprir o papel primordial de dar efetiva Segurança, protegendo as pessoas. No Brasil, o Estado se serve da sociedade, e não serve a ela. Justamente porque, aqui, o Estado não foi concebido pelas forças sociais, mas imposto historicamente a uma sociedade construída fora das bases democráticas. Azar nosso... Nós que mudemos a nossa sorte!
A mudança brasileira é inevitável. Trata-se de uma demanda interna e do mundo, que depende de nossa estabilidade institucional e produtiva. Por isso, o povo, em massa, nas ruas, mesmo sem saber direito o que está fazendo no evento patrocinado pela "oposição", já é um avanço, um passo gigantesco para mudar o Brasil para melhor. Só a pressão exercida diretamente pelo povo provocará tais mudanças. O resto é conchavo e conversa fiada...
Vamos ter amor, fé e esperança para mudar o Brasil! Quem não tiver, mude do Brasil, se puder... A Onça vai beber água, mesmo que faça isso apenas na base do conta-gotas...
Por Jorge Serrão
Nenhum comentário:
Postar um comentário