sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015
Lealdade a uma causa perdida
Ontem (12) foi dia de debandada, já se encontravam poucos deputados e senadores em Brasília. Mas surpreendeu-se quem, terça e quarta, assistiu as sessões da Câmara e do Senado. Por um desses fenômenos que há tempos não se registravam, foram as bancadas do PT que ocuparam os microfones quase o tempo todo. E sem exceções, todos defendendo as medidas provisórias do ajuste econômico e da supressão dos direitos trabalhistas. Como a gente sabe que na prática a teoria é outra, ou seja, que boa parte dos companheiros parlamentares discordam da agressão feita pelo governo contra postulados constitucionais imutáveis, o remédio foi pesquisar o porque daquela mutação. E a resposta surgiu clara: a presidente Dilma, diretamente e através de ministros mais chegados, exigiu de seu partido demonstrações óbvias de fidelidade, sob pena de represálias. Queria provas de fidelidade explicita às propostas da equipe econômica, que endossou mesmo contra sua pregação na campanha pela reeleição. Em uma palavra, enquadrou o PT com mão de ferro, ao menos para salvar as aparências, porque é voz corrente que mais da metade de suas bancadas não votará as medidas provisória tais como chegaram na Câmara. Os petistas, os demais partidos, as centrais sindicais e a torcida do Flamengo insurgem-se contra a extinção das prerrogativas sociais propostas por Joaquim Levy e endossadas pela presidente.
Em suma, foi encenada uma farsa, onde pontificaram efusivos pronunciamentos de lealdade a uma causa perdida. Estranho foi que deputados e senadores do PT, nos últimos tempos calados e omissos, acordaram e saíram em defesa de iniciativas que só desmentem seu passado. Justificaram o injustificável, ou seja, reduções drásticas no salário-desemprego, no abono salarial, no auxílio doença e nas pensões das viúvas. Tudo para não desagradar a chefona, cumprindo suas ordens geralmente ásperas e ríspidas.
O diabo é que não vai adiantar nada. O conteúdo das recentes medidas provisórias será modificado ou até suprimido. Registre-se, também, a fúria com que os oradores e oradoras do partido governista se referiram aos adversários, com ênfase para o PSDB, que conforme um dos companheiros logo sentará no bando dos réus, deixando a tribuna de acusação. Possivelmente o PT imagina que alguns tucanos integrarão a lista do procurador-geral da República relativa aos implicados no escândalo da Petrobrás. Pode ate ser, mas trata-se de tênue cortina-de-fumaça quando comparada com o número de petistas que dela farão parte. O PSDB foi comparado à antiga UDN da calúnia e do golpismo.
Singular também foi o argumento utilizado pelos parlamentares petistas na justificativa de suas posições: a culpa é da “conjuntura”. Quer dizer, não existem para solucionar problemas, mas para curvar-se diante deles. A conversa era outra, 35 anos atrás, no Colégio Sion de São Paulo, quando da fundação do partido.
KANT PODERIA AJUDAR
Bem que o PT poderia abrir um curso de aprimoramento intelectual para seus parlamentares,quem sabe dedicando algumas lições a Emmanoel Kant, príncipe dos filósofos da Humanidade. Ele também tinha senso de humor e um dia recomendou a seus alunos que fizessem caminhadas para melhorar as condições físicas. E acrescentou a vantagem de sempre caminharem respirando pelo nariz: “evitam-se resfriados e outros contratempos conservando a boca fechada”…
Por Carlos Chagas
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