Já disse algumas vezes aqui, sempre baixinho que é para não ficar constrangido, que o PMDB será o grande obstáculo ao projeto totalitário do PT. Quem diria?! Dependemos do partido tido como o mais fisiológico de todos para não virarmos a Argentina ou a Venezuela.
Não é por outro motivo que o PT e seus asseclas focam seus ataques nos “aliados” do partidão de centro. Seu sonho é não precisar mais contemporizar ou negociar com essa turma, e assim ter o caminho livre para o bolivarianismo.
Só que não acontecerá. E a humilhante derrota na disputa pela presidência da Câmara reforça essa crença, como aumenta inclusive as chances de um impeachment da presidente Dilma. O vitorioso, Eduardo Cunha, rechaça tal ideia, mas tudo leva a crer que o faz porque ainda é cedo, não porque é algo totalmente descartado.
Cunha é o entrevistado nas páginas amarelas da Veja desta semana, por Daniel Pereira. O recado não poderia ser mais claro e direto: o PT trata o PMDB como um inimigo, então o PMDB vai reagir à altura. Os métodos adotados pelo PT na disputa deixaram sequelas, diz Cunha, e tudo que os petistas têm feito demonstra o desejo de enfraquecer o PMDB. O resultado foi sua união contra o PT. Diz o novo presidente da Câmara:
O amadorismo político do PT às vezes impressiona, especialmente quando lembramos que estão no poder há 12 anos, com direito, por enquanto, a mais quatro. A articulação inteligente dá lugar ao jogo do vale tudo, pois a gula dos petistas é tanta que não admitem participar de diálogos e acordos, cedendo parte do poder que julgam ter direito em sua totalidade.
Cunha ainda tenta ser diplomático e aliviar o lado da presidente Dilma, abrindo a possibilidade de ela não ter tido conhecimento dos métodos usados por seu ministro (que piada). Conhecendo o estilo da “presidenta”, é claro que ela mandou, o rapaz obedeceu. E partiu para esse confronto aberto justo no momento em que Dilma mais precisa do apoio da base “aliada”, sob pressão pelo escândalo do petrolão e com a economia mergulhando rapidamente no caos.
O resultado da “conversa de botequim” do PT? O PMDB mais unido e decidido a impedir o avanço totalitário do PT, como coloca, com outras palavras, Cunha:
E por incrível que pareça, essa reação do PMDB é saudável para nossa democracia. Um Congresso mais independente é fundamental para o funcionamento do regime democrático. E quanto às divergências crescentes entre ambos, só podemos torcer para que o lado do PMDB saia vencedor, pois sabemos do que se tratam. O PT tem uma pauta “progressista”, que inclui desde a banalização do aborto até o controle da imprensa, que Cunha simplesmente não vai permitir ir adiante.
Ninguém precisa gostar de Cunha. Mas seu discurso, ao menos, tem sido firme em relação a certos pontos importantes. Sobre maioridade penal, por exemplo, declarou na entrevista ser favorável à redução, questionando por que um jovem de 16 anos pode votar e não pode ser responsabilizado por seus crimes.
Já sobre a regulação da mídia, bandeira que o PT levanta todo começo de mandato, Cunha foi enfático: “Para má imprensa, mais imprensa”. Diz-se totalmente contrário a qualquer tipo de regulação da mídia, seja de conteúdo, seja econômico (o subterfúgio que o PT usa para chegar ao conteúdo).
Enfim, não precisamos vibrar de emoção com o comando da Câmara nas mãos de Cunha, tampouco o enxergar como o “salvador da Pátria”. Mas é alvissareiro saber que os obstáculos para os planos chavistas do PT aumentaram, e que dificilmente o Brasil caminhará rumo a uma “argentinização”. A meta do PT, agora, será salvar a própria cabeça e evitar um impeachment…
Por Rodrigo Constantino
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