quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

"Democracia radical" é subterfúgio de tirano disfarçado

                                                                                         O “radicalismo democrático” dos jacobinos

O PT se julga o representante oficial do “povo”, ou ao menos usa tal discurso em prol de seu projeto maquiavélico de poder. São os herdeiros dos jacobinos, inspirados no conceito abstrato de “vontade geral” de Rousseau. Na prática, esse populismo levou ao oposto da liberdade pregada; levou ao Terror, às guilhotinas, ao uso arbitrário do poder por poucos em nome de muitos. Sempre que alguém falar em “democracia radical”, tome cuidado com sua liberdade: ela estará bastante ameaçada.

O colunista Arnaldo Jabor escreveu um de seus ácidos textos hoje (24) sobre o “psicopetismo”, a mistura de burrice com canalhice que produz tantos defensores do atual governo. Gosto quando Jabor faz um mea culpa para expiar seus pecados passados, pois ele usa sem dó nem piedade o chicote verbal para açoitar seus velhos companheiros comunistas que ficaram parados no tempo e são usados como massa de manobra dos safados no poder. De forma mordaz, ele diz:

Nunca vi gente tão incompetente quanto a velha esquerda. São as mesmas besteiras de pessoas que ainda pensam como nos anos 1940. Não precisam estudar nada profundamente, por serem “a favor” do bem e da justiça — a “boa consciência”, último refugio dos boçais.

Aliás, vão além: criticam a competência como porta aberta para a direita; competência é coisa de neoliberal, ideia que subjaz por exemplo na indicação de Joaquim Levy — “neoliberal sabe fazer contas”, pensam. Se não der certo, por causa de suas sabotagens, a culpa é dos social-democratas. Como não têm projeto algum, acham que os meios são seus fins.

A mente dos petistas é uma barafunda de certezas e resume as emoções e ações humanas a meia dúzia de sintomas, de defeitos: “sectários, obreiristas, alienados, vacilantes, massa atrasada e massa adiantada, elite branca” e ignoram outros recortes de personalidade como narcisistas, invejosos, vingativos e como sempre os indefectíveis filhos da puta. Como hoje, os idiotas continuam com as mesmas palavras, se bem que aprenderam a roubar e mentir como “burgueses”.


Palavras duras, mas verdadeiras. E diante de escândalos infindáveis de corrupção como o petrolão, de uma economia afundada em crise, com recessão, inflação alta e desemprego subindo, um evidente estelionato eleitoral, o que fazem os simpatizantes petistas? Resolvem falar de FHC, para desviar o foco do presente. Ou então entoam o canto da “democracia radical”, para culpar o “sistema” pelos crimes dos “ratos magros” que invadiram o batatal.

Jairo Jorge, prefeito de Canoas pelo PT, publicou um artigo hoje na Folha justamente pregando a bandeira da “democracia radical”, que atende apenas aos interesses daqueles que pretendem solapar de vez com as instituições republicanas já fragilizadas após tantos ataques dos cupins petistas. Diz ele:

Não há mais espaço para administrações a que apenas alguns grupos têm acesso, sem espaço real para a crítica e a participação efetiva dos cidadãos. As pessoas não querem mais dar um cheque em branco aos governantes para que façam o que bem entenderem.

Além de aprofundar a democracia, os governos de esquerda precisam avançar na gestão, inovando na forma de fazer, estabelecendo metas, buscando parcerias público-privadas, incentivando a valorização do mérito dos servidores públicos e implantando novos mecanismos de transparência, que permitam o combate sem tréguas à corrupção.

É preciso construir um governo aberto, que não veja o conflito como problema, e sim como ponto de partida para a construção de soluções pactuadas pela sociedade. O compartilhamento do poder com todos nos possibilita criar uma nova esfera pública, mais plural e radicalmente democrática, única vacina para o ceticismo e o desencanto. Esse é um desafio que o PT precisa enfrentar, pois é capaz de vencê-lo.


A democracia está ameaçada no Brasil sim, mas não porque os cidadãos não participam, e sim porque uma máfia tomou de assalto o Estado e transformou a coisa pública em “cosa nostra”. Fingir que a solução para o problema é “mais democracia”, ou “mais participação popular”, sinônimo para os petistas de “movimentos sociais” controlados pelo próprio PT ditando as regras, é um atentado à inteligência dos brasileiros.

O discurso do prefeito petista parece bonito, quando ele fala em maior transparência, mais participação do cidadão, combate à corrupção. Mas não podemos nos enganar: tudo não passa de retórica, de palavras jogadas ao vento que, na prática, querem dizer o oposto do que parecem à primeira vista. Nesse parágrafo o autor se entrega, deixa transparecer seu DNA petista:

Uma gestão focada no cidadão é o contraponto possível da esquerda à proposta da direita neoliberal. No chamado choque de gestão, o cidadão é transformado em mero cliente, e a eficiência e a eficácia são um fim em si mesmas, dissociadas da efetividade. O cidadão, porém, não é um simples consumidor.

Ora, o cidadão não é um “simples consumidor”. Ele é um… cidadão, um indivíduo cujas liberdades individuais devem ser preservadas. E isso é exatamente o contrário do que o coletivismo autoritário do PT prega. Quando se trata de serviços públicos básicos, o cidadão é, sim, um consumidor, e deve avaliar esses serviços com base na análise de custo e benefício. Pagamos cada vez mais impostos, que só crescem sob o PT, e temos serviços piores. Consumidores lesados e sem opção de trocar de fornecedor, como ocorre no livre mercado.

Em vez de falar em choque de gestão, redução do papel do estado para que possa focar no que realmente importa, meritocracia, nessas coisas “neoliberais” enfim, os petistas preferem erguer uma nuvem de fumaça e atacar o “sistema”, a própria democracia, clamando por um radicalismo democrático, ou seja, o avanço ainda maior de um grupelho autoritário sobre as instituições republicanas. Como ocorreu na Venezuela, até hoje admirada pelo PT, incapaz de tecer uma só crítica ao modelo ditatorial de Maduro.

Jabor está certo: defender o PT e esse projeto indecente de poder, calcado num discurso ultrapassado que monopoliza os interesses do “povo” e fala em nome da “vontade geral”, é algo que só pode ser explicado pelo excesso de burrice, ou pela psicopatia. Quiçá um misto de ambos…





Por Rodrigo Constantino

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