sábado, 28 de fevereiro de 2015

Financial Times lista 10 motivos pelos quais Dilma pode sofrer um impeachment


Um dos assuntos mais comentados nas redes sociais (além da Petrobras) é a situação complicada da presidente Dilma Rousseff (PT) diante do governo. Com isso, o jornal britânico Financial Times decidiu listar nesta quarta-feira (25) 10 motivos pelos quais a petista poderia não chegar ao fim de seu mandato.
O artigo, assinado pelo editor-adjunto de mercado emergentes da publicação, Jonathan Wheatley, cita entre as razões a perda de apoio no Congresso Nacional, principalmente com a recente vitória de Eduardo Cunha.
Segundo o texto, até mesmo alguns petistas se voltaram contra a presidente. "Alguns membros [do partido] a veem como uma intrusa oportunista", disse Wheatley. A maioria dos motivos mencionados no texto são de teor econômico, sendo que apenas dois têm relação indireta com a economia: a falta de água e possíveis apagões elétricos. Veja os motivos:

Perda de apoio no Congresso

"Para um presidente brasileiro ser cassado, ele deve fazer algo flagrantemente errado. Mas muitos fazem isso e sobrevivem", começa o autor. Porém, para ele, o que realmente conta é a perda de apoio no Congresso. Diante disso, ela começa a criar "inimigos" dentro de casa, começando a ver petistas ficarem descontentes com ela. Até mesmo a nomeação de Joaquim Levy para a Fazenda tem sido razão de raiva para integrantes da esquerda.

Escândalo da Petrobras

Diante de todos os escândalos envolvendo a estatal, o pessimismo do mercado diante do governo só aumenta e pressiona ainda mais a presidente. No fim, Wheatley destaca que, se em algum momento o Congresso decidir fazer algo para um impeachment, "a Petrobras forneceria o pecado flagrante". "Dilma foi presidente do conselho de administração, quando a maior parte da suposta corrupção aconteceu", destaca.

Queda na confiança do consumidor

"Os consumidores estão extremamente fartos, como mostrado por um levantamento mensal divulgado nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas" afirma o texto mostrando o gráfico da FGV com a forte queda da confiança.

Aumento da inflação

"Vinte anos atrás, a inflação no Brasil foi de cerca de 3.000% ao ano. Muitos brasileiros são jovens demais para lembrar, mas outros não. Alguns temem agora que o governo abandone a meta de inflação de 4,5% ao ano", afirma o texto.

Aumento do desemprego

O artigo lembra que muitos brasileiros têm se preparado para perdoar o governo em relação a inflação e crescimento lento porque sentiram seus próprios empregos estavam seguros. "Mas com a economia deverá contrair-se 0,5% este ano [...] Estima-se que 26 mil empregos líquidos foram perdidos em janeiro, normalmente um mês onde ocorre contratação desse número. Isso representa um grande desafio para a popularidade de Dilma", afirma.

Queda na confiança do investidor


Após a notícia de que o Tesouro tinha vendido 10 milhões de contratos de dívida de curta duração com vencimento em outubro deste ano, o texto destaca que este foi o maior leilão único de tal dívida de curto prazo. Citando o Valor Econômico, Wheatley diz que o governo está sendo forçado a vender cada vez mais títulos como esses rendendo diante da preocupação dos investidores com a capacidade do governo para cumprir as metas orçamentais.

Déficit orçamentário

"No ano passado, o Brasil emitiu o seu primeiro déficit orçamentário primário em mais de uma década, efetivamente levando o país de volta para os dias sombrios antes de começar a implementar pelo menos uma aparência de disciplina fiscal", afirma o FT. "A administração Rousseff parece desistir do fantasma do ano passado, com um déficit primário equivalente a 0,63% do PIB e um déficit nominal, incluindo o pagamento da dívida, equivalente a 6,7% do PIB", completa.

Problemas econômicos no geral

"Que a economia está a implodir é quase desnecessário dizer", começa o autor. "Os investidores esperavam que a nomeação do "Chicago boy" Levy para o ministério das finanças iria mudar as coisas. Muitos ainda se seguram nessa esperança. Mas a tarefa parece cada vez mais difícil", afirma.

"Levy tem aparecido como uma figura solitária, o único homem no governo segurando 'a represa'. Rousseff nem sequer apareceu no anúncio de sua nomeação. Ela estava lá na cerimônia formal [...] Mas uma pesquisa no Google Imagens sugere que eles não têm sido vistos juntos em público desde então", completa o FT.

Falta d'água

"A sensação de se aproximar de apocalipse no Brasil é sublinhada por uma escassez de água que atinge a cidade de São Paulo", lembra o jornal britânico, que destaca a pequena recuperação do Cantareira nas últimas semanas, mas que mesmo assim está longe de sair da crise. "A causa não é a baixa precipitação apenas. Estima-se que um terço da água do sistema é perdida pela Sabesp. Má gestão e falta de investimento também são culpados", afirma.

Possíveis apagões elétricos

"A última vez que um governo foi derrubado (embora nas urnas e não por impeachment) a principal causa foi o racionamento de energia elétrica", afirma o texto citando a derrota de Fernando Henrique Cardoso para Lula em 2002, depois de um "verão de racionamento de energia elétrica provocada por uma combinação de baixa pluviosidade, má gestão e falta de investimento". "A administração Rousseff pode evitar um destino semelhante. Ou talvez não", diz o FT.

"O que derrubou Collor não era o seu envolvimento em casos de corrupção, mas a repulsa que as pessoas sentiam dele e, especialmente, entre a maioria no Congresso. Rousseff deve ter muito cuidado para não seguir o mesmo caminho", completa o jornal.

Os "intelectuais" de esquerda e sua falta de vergonha na cara

                           Marilena Chaui, a “intelectual” que odeia a classe média e adora o PT corrupto

Duas características, ao menos, precisam estar presentes para se identificar um legítimo intelectual: o pensamento independente e o pensamento crítico. Ou seja, intelectual é aquele que ousa pensar por conta própria, sem seguir necessariamente o zeitgeist, remando muitas vezes contra a maré do momento; e o faz de forma crítica, i.e., contesta o status quo, está sempre buscando brechas ou falhas nas estruturas do pensamento dominante. Um intelectual subserviente ao governo é um oxímoro portanto, algo contraditório, que não faz sentido.

Por isso uso sempre o termo entre aspas para me referir aos “intelectuais” de esquerda, esses que adoram uma simbiose com o governo, em troca de benesses estatais, privilégios, poder. No Brasil, tais “intelectuais” ajudaram, e muito, a criar o mito do metalúrgico honesto que iria salvar a Pátria das garras das elites insensíveis e corruptas. O PT foi formado por “intelectuais”, por gente que não pensa de forma crítica e independente, mas sim mancomunada com a sede pelo poder.

E, uma vez lá, curvaram-se totalmente a ele, tornando-se nada mais do que propagandistas do regime, relações públicas do partido no poder. Abdicaram da verdadeira função intelectual, que é pensar o país, o futuro, e adotar tom crítico ao presente, apontando as falhas do país. Os exemplos são infindáveis e as figuras conhecidas, mas o mais evidente caso talvez seja a recente carta “em defesa da Petrobras”, ou seja, em defesa da quadrilha que assaltou a estatal do povo brasileiro. Foi o assunto do excelente texto de Demétrio Magnoli no GLOBO hoje:

Num lance vulgar de prestidigitação, o texto dos “intelectuais de esquerda”, assinado por figuras como Marilena Chaui, Celso Amorim, Emir Sader, Fabio Comparato, Leonardo Boff, Maria da Conceição Tavares e Samuel Pinheiro Guimarães, apresenta-se como uma defesa da Petrobras — mas, de fato, é outra coisa.

O ofício intelectual não combina bem com manifestos. Dos intelectuais, espera-se o pensamento criativo, a crítica do consenso, a dissonância — não o chavão, a palavra de ordem ou o grito coletivo. Por isso, eles deveriam produzir manifestos apenas em circunstâncias excepcionais. Os “intelectuais de esquerda”, porém, cultivam o estranho hábito de assinar manifestos. Vale tudo: crismar um crítico literário como inimigo da humanidade, condenar a palavra equivocada no editorial de um jornal, tomar o partido de algum ditador antiamericano, denunciar a opinião desviante de um parlamentar. O manifesto sobre a Petrobras é parte da série — mas, num sentido preciso, distingue-se negativamente dos demais.

[...]

A Petrobras não foi derrubada à lona pelo escândalo revelado por meio da Lava-Jato, que apenas acelerou o nocaute. Os golpes decisivos foram assestados ao longo de anos, pela política conduzida nos governos lulopetistas, sob os aplausos extasiados dos “intelectuais de esquerda”.

[...]

Os “intelectuais de esquerda”, móveis e utensílios do Planalto, escreveram o manifesto para, preventivamente, atribuir a mudança de rumo aos “conspiradores da mídia”. Por meio dessa trapaça, conciliam a fidelidade ao “governo popular” com seus discursos ideológicos anacrônicos. Ficam com o pirulito e a roupa limpa.

[...]

Franklin Martins, o verdadeiro autor do manifesto, cometeu um erro tático ao colocar seu nome

entre os signatários. Ao fazê-lo, o ex-ministro descerra o diáfano véu de independência que cobriria a nudez do texto. O manifesto não é a “voz da sociedade”, nem mesmo de uma parte dela, mas a Voz do Brasil. Nasceu no Instituto Lula, como elemento de uma operação de limitação dos efeitos da Lava-Jato. Enquanto os “intelectuais de esquerda” assinavam uma folha de papel, Lula reunia-se com representantes do cartel das empreiteiras e Dilma preparava o “acordo de leniência” destinado a restaurar os laços de solidariedade entre as empresas e os políticos.                                                     
                                                                                                                                                                                                                                                              
A desgraça do Brasil é ser um país dominado por esses “intelectuais”. O fenômeno não é exclusividade nossa, mas aqui eles conseguiram conquistar espaço demasiado. Doutrinam milhões de mentes jovens por ano, ocupam colunas em jornais cujos donos, vistos por eles mesmos como ícones da “elite burguesa golpista”, cedem a corda que poderá enforcá-los, por covardia ou ignorância.

Esse talvez seja o grande paradoxo brasileiro, o sintoma que resume bem nosso quadro de doença mental coletiva que permitiu doze anos de PT no poder, apesar de tantas falcatruas, crimes e incompetência: nossos “intelectuais” são justamente aqueles que se recusam a pensar! Ou, quando o fazem, é deixando de lado a ética e a honestidade, agindo sem um pingo de vergonha na cara…



Por Rodrigo Constantino

Insegurança: 5 causas da destruição da coesão social


O desempenho econômico da América Latina na primeira década do século XXI foi extraordinário (fatores decisivos: matérias primas valorizadas, câmbio estável, crescimento da China, preço alto do petróleo até 2013 e redução do desemprego). Mas o Brasil (e toda América Latina), mesmo assim, não se livrou das 5 causas da destruição da sociedade civil (quinteto diabólico), que são:

(1) corrupção endêmica (72º no ranking da Transparência Internacional; R$ 120 bilhões de prejuízos gerados apenas pelos grandes escândalos);

(2) desigualdade obscênica (índice Gini 0,51 em 2012; a média dos países com capitalismo avançado e realmente competitivo é de 0,30), que é responsável pelaescolaridade anêmica (média de 7,2 anos de estudos, igual a Zimbábue), oanalfabetismo (9% da população) e o "servilismo" acrítico;

(3) pobreza sistêmica (18% da população, em 2013; 5,9% em situação de extrema pobreza - Cepal; 79º no IDH);

(4) violência epidêmica (12º país mais violento do planeta com 29 assassinatos para cada 100 mil pessoas); e

(5) fraqueza institucional astênica, daí decorrendo, desde logo, a insegurança pública (chamada de insegurança cidadã, em praticamente toda região), sobretudo porque aqui não existe a certeza do castigo.

O caráter sistêmico desse "quinteto" requer que sua complexidade seja abordada mediante instrumentos que vêm sendo discutidos há anos. Dados da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) divulgados em 2015 mostram que 167 milhões de latino-americanos, ou 28,1% dos habitantes da região, estavam na condição de pobreza em 2013 - rigorosamente o mesmo índice registrado um ano antes. O número de brasileiros situados em um quadro de pobreza, no entanto, continuou diminuindo: passou de 18,6% em 2012 para 18% em 2013 (mas eram 36,4% em 2005). A situação do Brasil difere dos demais países da região. Houve, no entanto, elevação de 5,4% para 5,9% na quantidade de brasileiros que vivem em situação de extrema pobreza entre 2012 e 2013 (esse índice estava em 10,7% em 2005), segundo os critérios da Cepal. Reduzimos o nível de pobreza assim como o da desigualdade, mas isso não elevou significativamente a posição do Brasil no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), que continua na posição 79.

Comparando-se a primeira década do século XXI com a última do século XX, não há dúvida que conquistamos economias melhor posicionadas, democracias eleitorais (meramente formais) mais consolidadas e mais consciência do quanto vale a pena ser mais responsável pela proteção social. Mas do quinteto mortífero diabólico (corrupção, desigualdade e analfabetismo, pobreza, violência e insegurança pública) nós não nos livramos. A rápida bonança financeira não foi acompanhada pela estruturação de políticas públicas eficientes de combate aos malefícios nefastos do quinteto referido. O medo e a sensação de impotência, que constituem a base da instabilidade social, que agrava a falta de legitimidade substancial dos representantes políticos, tendem a piorar nos próximos meses. Os roubos triplicaram nas últimas três décadas; 1 em cada 10 latino-americanos foram vítimas de violência intrafamiliar; quase 500 pessoas (maciça maioria de mulheres) são vítimas de crimes sexuais diariamente na região (veja Heraldo Muñoz, 15/1/13).

Ao medo e sensação de impotência que imobilizam as atividades das pessoas deve ser somada a desesperança com o futuro, que está nas mãos de lideranças nacionais (políticas e jurídicas) ou despreparadas para os enormes desafios ou inteiramente corrompidas pelo sistema perverso de dominação, que canaliza todos os capitais (econômicos, salariais, rendas, culturais, educacionais, emocionais, relacionais, linguísticos, eleitorais etc.) apenas para uma pequena elite (reproduzindo-se ad aeternum a desigualdade extrema). Somos menos pobres, um pouco menos desiguais e temos democracias eleitorais estáveis, porém, com índices de insegurança pública subindo absurdamente. Por quê?

Porque nunca soubemos criar no Brasil uma democracia cidadã, ou seja, não fazemos o que vem dando certo em outros países: (1) a prevenção primária (não cuidamos das raízes do crime, das suas causas), tal como se faz nos países escandinavos, por exemplo (países altamente civilizados de capitalismo distributivo: excelente escolaridade, alta renda per capita e baixa desigualdade, com forte índice de certeza do castigo), nem (2) a prevenção secundária desenvolvida nos EUA (obstáculos ao crime: mais policiais, saneamento rigoroso das polícias - exclusão dos corruptos, bons salários e boas condições para se trabalhar -, policiamento massivo nas "nas zonas quentes", blitz generalizada e contínua, alto índice de certeza do castigo etc.) nem (3) prevenção por meio da escolarização massiva de período integral + alto índice de certeza do castigo, como conseguiram a Coreia do Sul, Cingapura, Japão, Canadá, Alemanha etc. Nem (4) a prevenção moral e ética (ética que ensina o respeito ao outro ser humano, como é o caso dos países que seguem fortes doutrinas filosóficas, como a de Confúcio, no Oriente, fundadas no princípio ético da ahimsa, que significa não ferir, não maltratar, não ofender, não matar (salvo em situações de extrema necessidade).

Nenhum desses programas exitosos fortemente redutores da criminalidade e da violência (e que são praticados em várias partes do mundo) aqui encontrou qualquer tipo de ressonância. O Brasil está na contramão do mundo! Quem planta corrupção endêmica, desigualdade e analfabetismo sistêmicos, pobreza pandêmica, violência epidêmica e segurança pública anêmica só pode colher insatisfação, indignação, revoltas, protestos, contestações, dilaceração do tecido social, esgarçamento da coesão social, sociedade civil anômica e desesperança com o futuro. Esse é o abismo profundo em que se encontra o invertebrado Brasil de 2015. As patéticas lideranças nacionais estão brincando com fogo.






Por Luiz Flavio Gomes

Sinais dos tempos

Como identificá-los e saber que o fim está próximo?


"E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, em testemunho a todas as nações. Então virá o fim" (Mt 24.14)

Quais são os sinais do fim dos tempos?
Os sinais que precederão a vinda de Cristo são: 1) o evangelho será proclamado a todos os povos (Mc 13.10); 2) uma futura conversão de Israel (Rm 11.25-29), que será a culminação da aliança da graça e da história da redenção; 3) a grande tribulação e a grande apostasia ocorrendo juntas (Mt 24.9-12,21-24); 4) a revelação do anticristo, o “homem da iniquidade” (2Ts 2.1-12); 5) o recrudescimento das guerras, fomes e terremotos em diversos lugares, o que é descrito como o “princípio das dores” (Mt 24.8); 6) a criação será abalada (Mt 24.29). Então, como o clímax destes sinais, “como o relâmpago sai do oriente e se mostra até no ocidente”, todos “verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e muita glória” (Mt 24.27, 30).

Os acontecimentos dos nossos dias são sinais dos tempos?
Ainda que esses sinais aconteçam durante a história, parece que eles ocorrerão simultaneamente na iminência do fim. Parece que a chave para entender esses sinais é oferecida em Mateus 24.33: “Quando virdes todas essas coisas, sabei [ou você saberá] que ele [o fim] está próximo, às portas”. Na iminência da vinda de Cristo, as guerras, os terremotos, a fome, as epidemias, “os poderes dos céus” abalados (Mt 24.29) acontecerão todos ao mesmo tempo, assim como sobrevirá a grande tribulação e a conversão de Israel.

Onde e como podemos identificá-los?
Estes sinais ocorrerão simultaneamente, antes do retorno de Cristo. Por isso, lembramos que existem nas Escrituras passagens que nos incentivam a estar prontos para a inesperada vinda de Cristo, estimulando-nos a estar preparados e vigilantes. Portanto, provavelmente, estes sinais serão mais intensos e extensos que as ocorrências parecidas que os precederam durante a história. E, me parece, esses sinais, não podem ser considerados independentemente, mas em conexão com a grande tribulação. Quando eles ocorrerem, serão reconhecidos pelos filhos de Deus como o que realmente são.

Quais as prerrogativas para a volta do Senhor?
A segunda vinda de Cristo será um evento único, que ocorrerá no “dia do Senhor”, um termo que se refere especialmente à sua vinda em glória. Cristo voltará uma única vez, corporal e visivelmente, gloriosa e triunfalmente, para vencer cabalmente todos os poderes do mal e renovar a criação.

A questão dos conflitos mundiais, doenças, guerras, a fome no mundo são sinais da vinda de Jesus?
A Escritura ensina que o tempo exato da vinda de Cristo é desconhecido. Isso significa que uma vigilância contínua pela vinda de Cristo é exigida; devemos estar prontos para uma vinda inesperada, já que os sinais podem acontecer simultaneamente, num pequeno período de tempo. Mas devemos notar que esses sinais estiveram presentes no tempo do Novo Testamento, ao longo da história e estão presentes agora. Ainda que esses sinais tenham aparecido durante toda a história, antes da volta de Cristo eles se intensificarão, dirigindo-se para o clímax. Portanto, ao considerarmos a exortação à vigilância (Mt 24.32,33), não precisamos interpretá-la como uma exortação para se buscar sinais imediatos do aparecimento do Senhor. Antes, trata-se de uma exortação para permanecermos ativos na realização da obra do Senhor, para não sermos surpreendidos por sua vinda.

O mundo será destruído?
Ainda que esta ideia seja popular, especialmente pela influência do fundamentalismo americano do começo do século 20, a posição bíblica, afirmada pela tradição reformada conectada com João Calvino, afirma o conceito de renovação da criação. Por isso, é importante ter em mente uma compreensão firmemente bíblica de Deus: o Eterno é o criador e renovador da criação, sustentando-a por sua providência. A Escritura nunca apresenta o Senhor Deus como destruidor.

Como Anthony Hoekema escreveu [em seu livro A Bíblia e o futuro], “tanto em 2Pedro 3.13 como em Apocalipse 21.1, o termo grego utilizado para designar a novidade do novo cosmos não é neos mas sim kainos. A palavra neos significa novo em tempo ou origem, enquanto a palavra kainos significa novo em natureza ou em qualidade. A expressão (...) ‘novo céu e nova terra’ (Ap 21.1) significa, portanto, não a emergência de um cosmos totalmente outro, diferente do atual, mas a criação de um universo que, embora tenha sido gloriosamente renovado, está em continuidade com o universo presente”.

Portanto, a Escritura nos assegura que Deus criará uma nova terra na qual viveremos para seu louvor, com corpos ressurretos e glorificados. Nessa nova terra é que esperamos passar a eternidade, desfrutando de suas belezas, explorando seus recursos e utilizando seus tesouros para a glória de Deus. Uma vez que Deus fará da nova terra seu lugar de habitação, e uma vez que o céu é onde Deus habita, estaremos no céu enquanto estivermos na nova terra. Tudo que é bom na cultura, que pela graça de Deus pode ser aproveitado em seu reino, será renovado e aperfeiçoado na nova criação. Em outras palavras, o “novo céu e a nova terra” será tanto um estado como um lugar, onde “o SENHOR está presente” (Ez 48.35).

O que precisamos entender sobre o milênio?
Há uma só passagem bíblica que cita a noção de “mil anos” (Ap 20.1-15). E muito já foi escrito sobre esse texto, derivando daí quatro posições principais sobre o milênio, as quais listo em ordem cronológica, isso é, na medida em que surgiram no decorrer da história da igreja: pré-milenismo histórico, amilenismo (posição conhecida como “milenismo realizado”), pós-milenismo e pré-milenismo dispensacional. Ainda que muito tenha sido escrito num tom polêmico, é preciso dizer que todas estas posições são opções legítimas dentro da tradição cristã e evangélica. Mas, me parece, tão ou mais importante que afirmar uma interpretação sobre o milênio é tentar entender as implicações práticas de tal posição. Por exemplo: quais são as implicações de certa interpretação quanto ao milênio para a relação com a cultura, arte, política, economia, igreja, evangelização e missões? Este é um estudo extremamente frutífero e que redundaria em mais humildade na hora de debatermos as interpretações quanto ao milênio – além de reservar algumas surpresas para os que dedicarem-se a tal estudo.

O evangelho será pregado em todo o mundo antes do fim?
O evangelho não será pregado a todas as pessoas, mas deverá ser pregado a todo grupo étnico. A palavra grega usada em Marcos 13.10, traduzida por “nações”, é ethnē, que pode ser traduzida como “países” e “nações”, mas também como “famílias” e “tribos”. A implicação é que quando todos os grupos étnicos tiverem conhecimento do evangelho, então virá o fim. Daí a necessidade de priorizarmos a tarefa missionária, especialmente entre os povos não alcançados, investindo os melhores esforços na tradução da Escritura para idiomas que ainda não têm acesso às porções bíblicas.

Podemos interpretar eventos isolados como indicação do fim dos tempos?
A respeito da segunda vinda de Jesus não é possível determinar com precisão uma data. Sobre isso, ele mesmo declarou: “Mas, quanto ao dia e à hora, ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, senão somente o Pai” (Mt 24.36). Não se pode saber, então, a ocasião exata do retorno de Cristo. Todas as tentativas que as seitas têm feito para determinar o momento preciso desse retorno acabam por mostrar o quanto elas estão erradas em suas previsões. O que se pode dizer, com certeza, é que Cristo virá em hora inesperada. Por isso, devemos estar atentos. Qualquer um, portanto, que afirme conhecer a data em que Cristo virá, independentemente de quem é ou de quão importante seja, deve ser completamente rejeitado.

A nação de Israel seria o sinal mais importante do fim dos tempos?
Depende de como se conecta Israel com os sinais do fim. A fundação do Estado de Israel, a principal democracia no Oriente Médio na atualidade, foi um dos grandes momentos do turbulento século 20, especialmente depois do sofrimento indizível do Holocausto (Shoah). Mas, me parece, o sinal determinante que se espera em conexão com Israel e o fim dos tempos é o cumprimento da palavra apostólica: “E, assim, todo o Israel será salvo, como está escrito: Virá de Sião o Libertador e ele apartará de Jacó as impiedades. Esta é a minha aliança com eles, quando eu tirar os seus pecados” (Rm 11.26-27).




Entrevista originalmente concedida por Franklin Ferreira a Aline Campos, editora da revista Movimento Gospel Nº 18, Set-Out (2014), p. 28-30.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Lula estimula o conflito social


No desespero para salvar o PT de um desastre que a incompetência do governo de Dilma Rousseff torna a cada dia mais grave, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ameaça incendiar as ruas com "o exército do Stédile", a massa de manobra do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). Lula acenou com essa ameaça em evento "em defesa da Petrobrás" promovido na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro, pelo braço sindical do PT, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Federação Única dos Petroleiros (FUP).

Basta abrir as páginas dos jornais ou assistir ao noticiário da televisão para perceber que a radicalização política começa a levar a violência às ruas das principais cidades do País. De um lado, militantes de organizações sindicais e movimentos sociais, quase sempre manipulados pelo PT, aliados a radicais de esquerda; do outro lado, sectários antigovernistas engajados na inoportuna campanha de impeachment da presidente da República. Esses grupos antagônicos se agrediram mutuamente diante da ABI, pouco antes do evento protagonizado por Lula.

Diante do sintoma claro de que o agravamento da crise política em que o País está mergulhado pode acender o rastilho da instabilidade social, o que se espera das lideranças políticas é que ajam com responsabilidade para evitar o pior. Mas Lula, assustado com a possibilidade crescente do naufrágio de seu projeto de poder, parece disposto, em último recurso, a correr o risco de virar a mesa. Não há outra interpretação para sua atitude no evento.

Em seu discurso, o coordenador do MST, João Pedro Stédile, como de hábito botou lenha na fogueira: "Ganhamos as eleições nas urnas, mas nos derrotaram no Congresso e na mídia. Só temos uma forma de derrotá-los agora: é nas ruas". É o caso de perguntar o que Stédile quer dizer com "derrotá-los nas ruas". Mas Lula parece saber a resposta. E aproveitou a deixa, ao falar no encerramento do ato: "Quero paz e democracia. Mas eles não querem. E nós sabemos brigar também, sobretudo quando o Stédile colocar o exército dele na rua". Uma declaração de guerra?

A atitude irresponsavelmente incendiária do ex-presidente é coerente com a estratégia por ele traçada e transmitida à militância petista com o objetivo de reverter a repercussão extremamente negativa para a imagem do PT provocada pelo desgoverno Dilma e, em particular, pelo escândalo da Petrobrás. A ideia é, como sempre, transformar o PT em vítima da "elite", os temíveis "eles" que só querem fazer mal ao povo brasileiro.

Do mesmo modo que para Lula o escândalo do mensalão foi uma "farsa" que resultou na condenação injusta dos "guerreiros do povo brasileiro", o petrolão é coisa de "meia dúzia de pessoas" para a qual Dilma Rousseff "não pode ficar dando trela": "O que estamos vendo é a criminalização da ascensão de uma classe social neste país. As pessoas subiram um degrau e isso incomoda a elite", disse Lula.

Ou seja, o que abala o Brasil não é a ação da quadrilha que, há 12 anos, pilha a Petrobrás e ocupa, para proveito próprio ou do PT, cada escaninho possível da administração pública. Muito menos é a incompetência administrativa demonstrada pelos petralhas que sugam o Tesouro. É - no entender de Lula e companhia bela - a reação dos brasileiros honestos e indignados com a roubalheira e a desfaçatez.

Esse discurso populista pode fazer vibrar a militância partidária manipulada e paga pela nomenklatura petista, mas é inútil para garantir ao PT e ao governo o apoio de que necessitam para tirar o País do buraco em que Dilma Rousseff o meteu ao longo de quatro anos de persistentes equívocos.

O principal aliado do PT, o PMDB do vice-presidente Michel Temer, agora decidiu exigir o papel que lhe cabe como corresponsável pela condução dos destinos do País. Não aceita mais, por exemplo, que o núcleo duro do poder de decisão no Planalto seja integrado exclusivamente por petistas. O PMDB tampouco aceita que os petistas continuem se fazendo passar por bonzinhos na votação das medidas de ajuste fiscal, posicionando-se na defesa dos "interesses dos trabalhadores" e deixando o ônus da aprovação do pacote para os aliados.

Os arreganhos de Lula e do agitador Stédile mostram que a tigrada está cada vez mais isolada - e feroz - na aventura em que se meteu de arruinar o Brasil.




EDITORIAL O ESTADO DE S.PAULO - 26/02

Magno Malta critica omissão de Dilma sobre perseguição a cristãos do Estado Islâmico

Extremistas muçulmanos têm, constantemente, assassinado e sequestrado cristãos no Iraque, Síria e Líbia


O senador Magno Malta (PR-ES) fez duras críticas à presidente Dilma Rousseff (PT) e aos órgãos do governo ligados aos Direitos Humanos por causa da falta de posicionamento do Brasil em relação aos atentados terroristas promovidos pelo Estado Islâmico contra cristãos.

Nas últimas semanas, os extremistas muçulmanos têm assassinado e/ou sequestrado cristãos no Iraque, Síria e Líbia, por exemplo.

Para Magno Malta – que usou um aparte durante discurso da senadora Ana Amélia (PP-RS) – disse que a postura adotada pelo país é incoerente, pois no caso do brasileiro executado na Indonésia por tráfico de drogas, Dilma exigiu explicações do embaixador indonésio e manifestou repúdio ante a decisão da Justiça de levar a condenação adiante. Porém, em relação ao assassinato dos cristãos coptas egípcios na Líbia, o posicionamento foi diferente.

“Se nós não nos manifestarmos, é o que a Bíblia diz: ‘as pedras clamarão’. Onde está a Secretaria de Direitos Humanos? Porque o Estado Islâmico mata e recebe solidariedade? A presidente faz discurso na ONU e diz que é preciso buscar o diálogo com o Estado Islâmico. Com terrorista. Agora, eles acabaram – numa praia – de matar cristãos degolados. Não vi manifestação nenhuma da Secretaria de Direitos Humanos, nem dos militantes”, criticou o senador.

Assista:



Síria

O número de cristãos raptados pelo Estado Islâmico na Síria chegou a 220, de acordo com informações do Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).

Os sequestros ocorreram nos últimos três dias, quando Estado Islâmico invadiu dez aldeias habitadas pela minoria cristã antiga perto Hasaka, cidade comandada principalmente pelos curdos.

Centenas de cristãos já fugiram para as duas principais cidades da província de Hasaka, de acordo com informações do Huffington Post: “O Estado Islâmico agora controla dez aldeias cristãs”, disse o chefe do OSDH, Rami Abdulrahman. “Eles levaram as pessoas que sequestraram para longe das aldeias e seu território”, acrescentou.

O "atoleiro" Brasil é o destaque da The Economist


Lembram de quando os petistas elogiavam a revista britânica The Economist? Foi quando ela estampou em sua capa um Cristo Redentor alçando voo, no auge da euforia com o país. Na época, o PT ignorou que a revista era um símbolo do capitalismo de livre mercado, e passou a citá-la como prova do acerto de suas medidas. Errava a revista, claro, ao não perceber que a euforia era insustentável e tinha pilares de areia. Mas ficou na memória a adesão petista às opiniões da respeitada revista de economia.

Desde então o caso de amor foi perdendo força, ficando cada vez mais gelado, à medida que a revista apontava as falhas do governo e do modelo desenvolvimentista de Dilma. Caso não houvesse mudança de rumo, alertava a revista, a situação ficaria feia à frente. Até a cabeça do ministro Guido Mantega ela chegou a pedir publicamente, e depois, no típico humor britânico, escreveu um editorial sarcástico defendendo sua manutenção, por compreender que sua pressão surtiria efeito contrário no país.

Pois bem: o Brasil volta às capas da The Economist, e dessa vez como um “atoleiro”. A “estrela” latino-americana se meteu em verdadeira enrascada, não vista desde os anos 1990. O quadro rosado que Dilma pintou durante a campanha era puro engodo: pleno-emprego, salários subindo e benefícios sociais garantidos, algo que seria ameaçado apenas se a oposição “neoliberal” vencesse. Os brasileiros se dão conta agora, diz a revista, de que compraram uma promessa furada.

Sem rodeios, o editorial fulmina: a economia brasileira está numa grande bagunça, mais do que o governo admite. Uma prolongada recessão se avizinha, a inflação alta espreme o salário dos trabalhadores e os investimentos, já minguados, devem cair ainda mais. O escândalo de corrupção na Petrobras não poderia ficar de fora da lista, naturalmente. A revista menciona o risco de a economia travar por conta das empreiteiras envolvidas nele. O dólar já se valorizou mais de 30% em relação ao real no ano, como consequência dessa fragilidade.

Mesmo com uma liderança firme seria difícil sair do atoleiro, segundo a The Economist. Não é o caso. Dilma é fraca, ganhou a eleição por margem estreita, não sabe negociar com o Congresso. Sua base parlamentar está ruindo diante de seus olhos. Sua taxa de aprovação está em queda livre, enquanto a de rejeição só cresce. O país precisa ir em uma direção totalmente oposta a que vinha no primeiro mandato de Dilma, mas quem acredita que ela mesma será capaz de tal reversão?

Os problemas brasileiros foram produzidos em casa, diz a revista, por erros do próprio governo. O capitalismo de estado, somado a uma irresponsabilidade fiscal, plantou as sementes dos atuais males que nos assolam. A falta de transparência nas contas públicas piorou tudo, assim como as políticas intervencionistas que desorganizaram a indústria. Escolher Joaquim Levy para a Fazenda foi um mérito de Dilma, a revista admite. Mas não será uma tarefa fácil para o doutor de Chicago, até porque ele não goza do apoio nem dos demais petistas.

O Brasil corre grandes riscos, portanto. A possibilidade de perda do grau de investimento, como já ocorreu com a Petrobras pela Moody’s, é uma espada constante sobre nossa cabeça. Se as manifestações de 2013 retomarem com força, a revista acredita que Dilma pode estar perdida. Como prêmio de consolação, a reportagem termina lembrando que a situação da Rússia é ainda pior dentro dos BRICs. Só não sei como isso pode acalmar o povo brasileiro…





Por Rodrigo Constantino

"Que país é esse?"


Foi o que perguntou o ex-diretor da Petrobras Renato Duque ao ser preso em sua casa no início da Operação Lava-Jato, ecoando, talvez inconscientemente, a música de Renato Russo que, embora escrita em 1978 e só gravada em 1986, continuou atualíssima naquela ocasião e agora, explicitando a decadência moral do país.

Inclusive pela indignação autêntica que Duque, identificado nos autos como o atravessador de propinas para o PT na Petrobras, exibiu para seu advogado mesmo na hora de ir preso.
“Nas favelas, /no Senado/Sujeira pra todo lado/Ninguém respeita a Constituição/Mas todos acreditam no futuro da nação”. É o caso dos Duque, dos Paulo Roberto Cardoso, dos Cerveró, e de toda a lista de políticos, com ou sem mandato, que brevemente serão revelados ao país.

Um estrangeiro que chegasse ao Brasil por esses dias se sentiria mais próximo de uma Venezuela, de uma Argentina, do que gostaríamos. O velho dito popular “eu sou você, amanhã”, o chamado “efeito Orloff” em relação à Argentina, cada vez ganha mais força com a sequência de acontecimentos ruins que não tem data para terminar, pois a “presidenta” parece cada vez mais longe da realidade, enquanto o “presidente” flerta abertamente com o “exército” do Movimento dos Sem Terra (MST) para enfrentar os críticos do petismo.

Um ato para “defender” a Petrobras, transforma-se em ato para atacar os que denunciam a corrupção e defender os corruptos. Um manifesto de intelectuais denuncia uma pseudo tentativa de “debilitar a Petrobras”, tendo como conseqüência a dizimação de empresas “responsáveis por mais de 500.000 empregos qualificados, remetendo-nos uma vez mais a uma condição subalterna e colonial”. Fingindo desconhecer que quem debilitou a Petrobras foram os ladrões instalados nas diretorias da estatal pelos governos petistas.

Só de propina para o PT ao longo dos anos calcula o gerente Pedro Barusco que foram entre US$ 150 e 200 milhões. As brigas de rua, com milicianos de camisas vermelhas agredindo manifestantes a favor do impeachment da presidente Dilma, dão uma tênue idéia do que poderá vir a ser uma praça de guerra que vemos todos os dias ultimamente no noticiário sobre a Venezuela ou a Argentina.
Os caminhoneiros bloqueando estradas em 12 Estados por causa da alta do preço do diesel é uma visão que parece deslocada no tempo, trazendo de volta antigas campanhas políticas na região.
Para um olhar estrangeiro, o que diferencia Brasil de seus vizinhos bolivarianos é muito pouco, e nossas instituições precisarão ser muito firmes, e ter uma visão democrática profunda, para não serem atropeladas pelas manobras governamentais, que não desistem de atuar para atrapalhar o trabalho do Ministério Público.

Estamos aos poucos regredindo para o estágio de uma República Bananeira, onde tudo está à venda, época que parecia ter sido superada nesses anos de democracia. Mas a utilização de instrumentos democráticos para enfraquecer a própria democracia é uma história antiga dos movimentos autoritários, onde uns são mais iguais que outros, como na Guerra dos Bichos, de George Orwell, que tão bem desvelou as entranhas dos regimes autoritários.

Ontem o Financial Times publicou uma reportagem dando 10 razões que podem levar ao impeachment de Dilma, e sintomaticamente o jornal inglês seleciona os perigos da economia como detonadores do processo político de impedimento da presidente: escândalo da Petrobras; queda na confiança do consumidor; aumento da inflação; aumento do desemprego; queda na confiança do investidor; déficit orçamentário; problemas econômicos no geral; falta d’água; possíveis apagões elétricos.

Todos esses problemas puramente econômicos levariam, como conseqüência, à perda da maioria no Congresso, abrindo caminho para um processo político de impeachment.
O importante a notar é que o impeachment já se tornou um tema inevitável nas análises sobre o futuro do país, e seria hipocrisia tratá-lo como algo de que não se deve falar. O país está convulsionado, e sem uma liderança com grandeza que possa levar a acordos políticos indispensáveis para a superação do impasse que se avizinha.

A agressão ao ex-ministro Guido Mantega no Hospital Einstein, por todas as formas inaceitável, é um sintoma dos ânimos exaltados, mas também reflexo do estilo agressivo de fazer política que o PT levou adiante no país nos últimos 12 anos. Quem não é amigo é inimigo, e qualquer um pode ser amigo, desde que aceite a hegemonia petista. Uns mais iguais que os outros.





Por Merval Pereira

Reconstrução do Brasil


As manchetes e notícias em quaisquer meios de comunicação nos apavoram em relação ao sombrio horizonte que toma conta do Brasil. Diante da recessão profunda, da inflação acima da meta, da corrupção desavergonhada, e da falta de sensibilidade do governo
em querer agir, se instaurou um conflito na sociedade entre os que defendem uma marcha civilizatória da cidadania e aqueles que sustentam quanto pior melhor. Nada disso! Precisamos separar o joio do trigo.

A reconstrução do Brasil passa necessária e inexoravelmente pelas reformas, talvez as duas mais importantes: político partidária e tributária. Com a redução de partidos para, no máximo, cinco, teremos decência e saberemos quem são nossos verdadeiros representantes. Já no que diz respeito à tributação, em período de crise fiscal, justamente o contrário deveria ser a meta do governo. Reduzir impostos e incrementar a economia, sem tributar a classe media e tampouco a assalariada, basta ver a defasagem da tabela do imposto de renda, e o sofrimento com o pagamento de mais de um trilhão e meio ao ano somente de impostos.

Essa riqueza, ao invés de ser, boa parte dela, destinada ao ralo da corrupção, muito bem poderia ser drenada para o setor da produção, criando-se milhares de micro e pequenas empresas, com abertura de postos de trabalho, a lenta e progressiva recuperação de tantos setores em crise. O teste de estresse da Lei de Recuperação será feito esse ano, com o brutal aumento do número de pedidos de recuperação, e igualmente de quebras, já que a briga pelo acesso ao crédito e mercado foram jogados num segundo plano, eis que os dados concretos indicam que a gastança desmesurada do passado comprometeu não apenas o Tesouro Nacional, mas fortemente as empresas estatais.

Não fomos capazes de fazer a lição de casa e justamente por isso seremos apenados com maior crescimento da carga tributária. Reajamos à altura de nações desenvolvidas, citamos o exemplo da Alemanha, que, ao ser impactada pela crise, não teve dúvidas em reduzir impostos e abrir pequenas linhas de crédito com resultados altamente satisfatórios. A dependência extrema do setor financeiro alimenta uma cadeia de juros e faz com que a SELIC, antes em queda, experimente altas exponenciais, e com isso contamine qualquer possibilidade de crescimento negativo.

Apenas para que tenhamos uma ideia, se igualarmos nossos índices com aqueles de 2014, teremos, depois de 50 anos, duplo desempenho negativo do PIB, o que não mais é aceitável ou sob o ponto de vista econômico minimamente razoável.

A metodologia da reconstrução do Brasil exige responsabilidade da classe política, seriedade e transparência do Governo, nas suas medidas, e teste das instituições, na medida em que a cidadania deve marchar em sintonia para que o Estado se aprimore no aperfeiçoamento do serviço público contra as mazelas e visões particulares dos gananciosos.

Vivemos uma crise hídrica sem precedentes, o dilema se chove muito ficamos alagados e sem luz, sem queda pluviométrica cortam a água, dois recursos naturais indispensáveis água e luz, em pleno século XXI, cujas autoridades se culpam reciprocamente, e a agencia reguladora, ao invés de agir, aplicar pesadas multas, fica a ver navios, e o próprio Estado é obrigado a encampar a concessão e colocar o serviço em mãos de agente responsável. Não se pensam em energias alternativas. Agora a máxima, como o consumo de água obrigatoriamente caiu, já se fala num aumento da tarifa a título de compensação.

As estatais continuam, universalmente, a ser um problema macro para todo o governante. Não podem ser cabides políticos de incompetentes,
mas primar pela meritocracia daqueles que planejam e desenhem o amanhã sem afetar a sociedade. Obras e mais obras que nunca terminam, nunca se coloca uma placa com o nome do responsável, valor, data de início e término. A linha 4 do metrô de São Paulo, depois de anos a fio, somente agora se cogita da rescisão do contrato do consórcio.

Será que as cortes de contas não podem exigir uma carta de conforto e uma empresa seguradora responsável pelo tempo de duração da obra? Evidente que sim, pois caso contrário amarga a sociedade civil as consequências da inaptidão do consórcio e vê o transito parado somado às pistas de ciclismos que extrapolam a razoabilidade de qualquer cidadania.

Enfim, o Brasil contemporâneo, como todos já sabem, apresenta um quadro cujo paciente está gravemente enfermo fruto de anos de gestão inconsequente, imprudente e em detrimento dos cofres públicos. No entanto, devemos galvanizar a energia da cidadania e transformar o governo distante em governo cidadão, com a participação de todos no modelo de reconstrução do País, pois que os maus exemplos da Argentina e Venezuela já são suficientes para dissiparmos as nuvens escuras da ausência de democracia.

Demoramos tanto para chegar a um degrau civilizatório e não devemos recuar em face dos problemas, graves aliás. São nos momentos de crise que surgem a força da ideia, do pensamento, e da reestruturação do tecido social combalido.






Por Carlos Henrique Abrão

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

PT e CNBB, 35 anos de união estável


Quando o PT chegou ao governo, esse mesmo Lula que os amigos leitores conhecem tão bem quanto eu, era apreciado pelos operadores da CNBB como um anjo do Senhor caído em Garanhuns por descuido dos principados celestes.

Existem partidos políticos que se especializam em xingamentos. Chutam adversários sem dó nem piedade da canela para cima e da canela para baixo. São indulgentes apenas consigo mesmos. Afagam seus malfeitores e não há culpas que os leve a pedir desculpas. Na maioria, são pequenos partidos radicais, com militantes e dirigentes mal educados, rancorosos, socialmente desajustados. Há, no entanto, um grande partido que corresponde perfeitamente a essa descrição. Com tais métodos, chegou ao poder e governa o país há 12 anos (isso se não contarmos os últimos quatro de FHC durante os quais o PT influenciou fortemente decisões do governo).

Pois bem, observe as pautas petistas, suas reivindicações e as postulações dos grupos sociais que o partido comanda no estalar dos dedos e ao megafone. Examine a essência da ideologia da legenda nos textos que produz, no conteúdo de seus sites e nas resoluções de seus congressos. Procure identificar o rumo perseguido pelas proposições legislativas dos parlamentares do partido. Vejam com que tipo de governos e regimes se relacionam. Siga por essas trilhas e perceberá que o PT mantém com a Igreja Católica (que não se confunde com a CNBB) e com sua doutrina religiosa e moral uma relação de irredutível divergência e animosidade. A distância que separa o petismo da Igreja é intransponível.

No entanto... no entanto..., o Partido dos Trabalhadores e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, há 35 anos, vivem em união estável, garantidora não apenas de direitos, mas de afetos, regalias e privilégios. Todas as pastorais ditas sociais da CNBB trabalham ombro a ombro com o partido, de modo militante e diligente. Ao longo dos anos, quando o PT era oposição, os documentos da Conferência que tratavam de questões políticas e sociais atacavam os governos reproduzindo fielmente o discurso petista. O idioma era e prossegue sendo petista. Estridentes sutilezas que muitas vezes denunciei! Nas reuniões de pastoral a que compareci, regional e nacionalmente nos anos 80, falava-se muito mais de Lula e PT do que de Jesus Cristo e Igreja. Quando o PT chegou ao governo, esse mesmo Lula que os amigos leitores conhecem tão bem quanto eu, era apreciado pelos operadores da CNBB como um anjo do Senhor caído em Garanhuns por descuido dos principados celestes.

Passaram-se 12 anos e as coisas estão como se sabe. A última eleição transcorreu como se viu. A presidente enganou o eleitorado tanto quanto se assistiu. O partido e seus associados afundaram lá onde o olfato acusa. E a CNBB, na obscura alvorada do segundo mandato de Dilma, inicia a Campanha da Fraternidade de 2015 falando em Igreja e Sociedade, com destaque para os temas da corrupção e Reforma Política.

Ótimo, mas, corrupção de quem, senhores bispos? Nem um pio. Corrupção com sujeitos ocultos, em instâncias não sabidas, a sotto voce como diria o maestro Ricardo Muti. Corrupção tão impessoal e neutra quanto a voz passiva. A mesma instituição, primeiro atribuía a corrupção à infidelidade partidária e se empenhou nisso como se fosse a salvação da moralidade pública. Em seguida, mobilizou céus e terras por uma lei da ficha limpa (tremendo sucesso, não?). Agora, sem culpados nem fatos a discernir, e sem credenciais que a qualifiquem para propor temas de Direito Constitucional, Teoria do Estado e Sistemas Eleitorais, joga sobre a falta de uma reforma política a causa essencial das venalidades nacionais. Para extingui-la, põe na mesa uma proposta de reforma política e um oneroso plebiscito que são muito parecidos, mas muito mesmo, com o que o PT tirou da manga em 2013. E, por isso, tem total apoio desse partido.

Resumo da mensagem para o mau entendedor: temos corrupção porque a reforma política, apesar dos esforços petistas, não sai do papel. Assim, os corruptos e suas legendas emergem das barras dos tribunais e das delações premiadas e vão comandar o pretendido plebiscito sobre reforma política, numa espécie de Teoria Geral da Corrupção. Certamente eu também quero uma reforma política. Mas ela nunca será como proponham a CNBB, a OAB e o PT, porque, no fundo, politicamente, é tudo a mesma coisa.





Por Percival Puggina

A Petrobras e a intelectualidade corrupta


Um manifesto assinado por expoentes da assim chamada ”intelectualidade brasileira”, como Fábio Konder Comparato, Marilena Chauí, Cândido Mendes, Celso Amorim, João Pedro Stédile, Leonardo Boff e Maria da Conceição Tavares (e haja fôlego!), denuncia a Operação Lava Jato como tentativa de destruição da Petrobras, de seus fornecedores e de mudança do modelo que rege a exploração de petróleo no Brasil.

Vejam bem, segundo estes senhores, a destruição da Petrobras vem da apuração dos crimes feitos pela Justiça e pela Polícia Federal; não provém dos próprios crimes praticados pela máfia petista encastelada na máquina pública.

Conspiração
O texto do dito manifesto aponta ainda uma “conspiração” para desestabilizar o governo; as investigações, segundo esses “expoentes intelectuais”, atropelam o Estado de Direito.

Chamo de novo a atenção: não são os crimes cometidos pela máquina corrupta do Partido dos Trabalhadores para consumar seu projeto de poder anti-democrático – e reduzidos por estes luminares a simples “malfeitos” – os que abalam o Estado de Direito; o que abala o Estado de Direito é a ação da Polícia e da Justiça, transformada numa “conspiração para desestabilizar o governo”.

Para finalizar e acentuar a má-fé que perpassa o texto, o manifesto conclui por afirmar que “o Brasil viveu, em 1964, uma experiência da mesma natureza”, a qual nos custou “um longo período de trevas e de arbítrio”. Qual o fundamento para esta aproximação arbitrária e gratuita?

Subversão das ideias, distorção dos fatos
Consolida-se hoje, de Norte a Sul do Brasil, um sentimento de aversão e repulsa em face da imensa máquina de corrupção instalada pelo PT (e associados) na Petrobrás, em diversas outras instâncias dos negócios do Estado e nas instituições, com a finalidade de consumar um projeto de poder totalitário. É bom e louvável que assim seja.

Mas é preciso atentar para um aspecto talvez mais perigoso do que a corrupção material! Uma corrupção intelectual na tentativa de inverter a realidade dos fatos, de destruir a objetividade das análises e de subverter a reta razão dos indivíduos. Não se esqueçam, é este tipo de “intelectualidade” e de “lógica” perversa que constitui o esteio de regimes tirânicos e genocidas, como o da Alemanha de Hitler, o da União Soviética de Lênin e Stalin, o da China de Mao, o do Camboja de Pol-Pot, entre tantos outros.

Manifesto que exala agonia
Convido os leitores do Radar da Mídia a lerem trechos do artigo “Que agonia”, que Vinícius Mota publica na Folha de S. Paulo (23.fev.2015):

“Ao final da longa purgação que apenas se inicia, a Petrobras e todo o complexo político-empresarial ao seu redor terão sido desidratados. Do devaneio fáustico vivido nos últimos dez anos restará um vulto apequenado, para o bem da democracia brasileira.

As viúvas do sonho grande estão por toda parte. Um punhado de militantes e intelectuais fanáticos por estatais monopolistas acaba de publicar um manifesto que exala agonia.

O léxico já denota a filiação dos autores. A roubalheira na Petrobras são apenas "malfeitos". O texto nem bem começa e alerta para a "soberania" ameaçada, mais à frente sabe-se que por "interesses geopolíticos dominantes", mancomunados, claro, com "certa mídia", em busca de seus objetivos "antinacionais".

Que agenda depuradora essa turma teria condição de implantar se controlasse a máquina repressiva do Estado. Conspiradores antipatrióticos poderiam ser encarcerados, seus veículos de comunicação, asfixiados, e suas empresas, estatizadas para abrigar a companheirada. (...)

Quanto maior é o peso de empresas estatais na economia, mais amplos são os meios para o autoritarismo. Imagine se o governo ainda tivesse em mãos a Vale, a Embraer e as telefônicas para fazer política. Quais seriam os valores da corrupção, se é que sobrariam instituições independentes o bastante para apurá-los?”






Por José Carlos Sepúlveda da Fonseca

O impedimento e o desafio da oposição


Os resultados eleitorais foram colhidos, o que não garante ser possível conduzir o país, fazendo o necessário para que ele possa avançar 

Estamos iniciando um longo e dramático período político em nosso país. Longo, porque o mandato presidencial é de quatro anos. Dramático, porque Dilma Rousseff e seu partido não têm condições políticas e morais para conduzir o país por mais muito tempo.

Para não se apresentar confessando o estelionato eleitoral, Dilma entregou à nova equipe econômica a missão de implantar medidas de sacrifício da população --que durante a campanha eleitoral dizia que a oposição imporia à nação--, na busca desesperada de superar a estagnação produzida por sua política desastrosa.

Sem autocrítica, pelo contrário, em uma atitude covarde, procura arrastar o PSDB para o mar de lama em que está metida, ao afirmar que, se antes tivesse o governo FHC investigado e punido, não teríamos o que temos agora.

Esconde a sua responsabilidade na articulação de diretores da Petrobras e de seus fornecedores com os partidos de sua base, que objetivou o saque de recursos públicos para suas campanhas (e o enriquecimento de muitos) --o que, agora, emerge de maneira avassaladora.

É isso que destrói toda e qualquer condição moral de condução do país por parte da presidente Dilma Rousseff e seu ministério.

Dilma tratou de montar um ministério com figuras que representam agrupamentos partidários ou grupos de interesse que possam lhe dar o respaldo necessário no Congresso Nacional, para evitar um possível pedido de seu afastamento definitivo do cargo, nos termos da Constituição em vigor, uma sobrevida difícil de obter.

O governo petista está moribundo, e o partido continuará existindo como uma pálida imagem do que já foi no passado, quando, moralmente inatacável, pretendia ser o condutor de uma transformação profunda na sociedade brasileira.

No governo, liderado pelo seu grande chefe, Luiz Inácio Lula da Silva, o PT se corrompeu ao buscar, a qualquer preço, a manutenção do poder. O projeto de uma nova sociedade se frustrou, transformando-se em projetos de subsistência de milhões de brasileiros que vivem na pobreza, mantidos nessas condições para garantir o controle dos seus votos. Não passa disso.

Os resultados eleitorais foram colhidos, mas isso não garante ser possível conduzir o país, fazendo as transformações necessárias para que ele possa avançar econômica, social e politicamente.

Pelo contrário, a forma como esses resultados foram obtidos impõe à presidente e ao seu partido a necessidade de se legitimar perante a maioria do Brasil produtivo, que não vive na dependência do Estado. Tarefa impossível.

O quadro atual é dramático também para a oposição e para os milhões de brasileiros que não veem no governo atual condições para vencer a crise.

Como levar adiante uma transição nos limites da democracia constitucional em que vivemos, rejeitando firmemente qualquer solução que não seja legal, sem ter de aguardar quatro anos para que o país possa abraçar um caminho que abra novas perspectivas de desenvolvimento e de melhoria das condições de vida de nosso povo? Esse é o desafio que está colocado para nós.

Sobra o caminho legal do impedimento, que só acontecerá se o agravamento das condições econômicas e políticas persistirem a ponto de mobilizar o povo e os partidos para uma solução que, de qualquer forma, ainda que legal e democrática, não deixa de ser traumática.

Mas o próprio Lula já declarou, após a queda de Collor, que o povo brasileiro mostrou que o mesmo povo que elegeu um presidente pode tirá-lo. E pode, legalmente!

Pode não haver outra saída.





Por Alberto Goldman

Preparado para ‘guerra’, Lula ataca a semântica


Lula foi ao Rio de Janeiro na noite desta terça-feira (24) para estrelar um “ato em defesa da Petrobras”. Ao discursar, fez o que os presidentes americanos costumam fazer quando precisam unir a nação em seu apoio: declarou guerra ao inimigo. “Eu quero paz e democracia, mas se eles querem guerra, eu sei lutar também.'' Provou que falava sério. Armado do microfone, fez sua primeira vítima. Fulminou a semântica.Ao insinuar que a Petrobras virou escândalo pelas mãos de uma “elite que não se conforma com a ascensão dos mais pobres”, Lula deixou claro que o Brasil vive uma crise de significado. Mostrou que a crise é terminal ao dizer que irá às ruas para “defender a Petrobras e a reforma política”. Considerando-se que o orador avalizou as nomeações dos petrogatunos e governou por oito anos com o apoio de sarneys, renans, collors e malufs, fica claro que o vocábulo “significado” perdeu o significado.

O correto, se as palavras ainda valessem alguma coisa, seria Lula pedir perdão por ter levado a Petrobras ao balcão da baixa política. Mas como qualquer coisa quer dizer qualquer coisa, Lula chama o crime de “caca” e sai de fininho: “Que vergonha eu posso ter se, no meio de uma família de 86 mil pessoas, uma pessoa comete um erro, faz uma caca. […] Não podemos jogar a Petrobras fora por causa de meia dúzia de pessoas ou 50 pessoas.''

O razoável, se a semântica não estivesse na UTI, seria Lula expiar o pecado de ter deflagrado a sangria que levou a Petrobras a perder o grau de investimento que fazia dela um porto seguro para quem quisesse investir. Mas como nada mais quer dizer coisa nenhuma, na hora em que a agência Moody’s dava a má notícia, Lula jactava-se: “Tenho orgulho da maior capitalização do capitalismo mundial, que foi a capitalização da Petrobras, que se tornou uma das empresas mais importantes do mundo.”

Lula sustenta que “eles” —eufemismo para FHC e a mídia golpista— “continuam fazendo hoje o que sempre fizeram antes. A ideia básica é criminalizar antes, tornar bandido antes de ser investigado e julgado.” Pessoas que não sabiam de nada, como ele e Dilma, são tratadas com base na “tal da teoria do domínio do fato. […] É o pressuposto de que a mãe tem que saber que o filho é drogado ou não foi bem na escola e o boletim dele está ruim.”

Para não dizer que Lula é um cínico, deve-se deduzir que ele é apenas mais uma vítima da crise de semântica. Alguém que chama o mensalão de fábula tem imunidade para comparar ladrões a filhos desgarrados e seus padrinhos a mães relapsas. É isso ou Lula adotou para se isentar de responsabilidade o velho adágio segundo o qual não se faz omelete sem quebrar os ovos. A frase aniquila qualquer princípio ético. Mas absolve tudo, do “Paulinho” manejando contratos ao Vaccari operando a caixa registradora.

Lula aconselhou Dilma Rousseff a levantar a cabeça. Apresentou-se como exemplo: “Sou filho de uma mulher analfabeta, de um pai analfabeto. E o mais importante legado que minha mãe deixou foi o direito de eu andar de cabeça erguida. E ninguém vai fazer eu baixar a cabeça neste país. Honestidade não é mérito, é obrigação.”

É reconfortante saber que Lula não perdeu a fronte alta que traz do berço. Com alguma sorte, ainda vai cruzar com um espelho qualquer hora dessas. E talvez perceba que a crise semântica fez dele um personagem sem nexo.



Por Josias de Souza



"Certamente o Brasil estaria fora da lama e os delinquentes não seriam tantos. Uma nação que não julga seus criminosos é uma nação sem lei ou uma nação com leis inúteis. " (Anônimo)







Ameaça de usar o "exército de Stédile" mostra total desespero de LUla


O ex-presidente Lula, que andava um tanto sumido, resolveu fazer ameaças “veladas” e incitar até mesmo o que poderia ser uma guerra civil no país. Em ato supostamente a favor da Petrobras, e na prática a favor da quadrilha instalada na estatal, Lula atacou a imprensa, repetiu que estão tentando “criminalizar” o PT, voltou a mencionar que a elite não suportaria a ascensão social dos mais pobres, e ainda citou o MST como braço armado pronto para enfrentar esses “inimigos”:

Nossa querida Dilma tem que levantar a cabeça e dizer: eu ganhei as eleições. E governar o país. Não pode ficar dando trela senão ficamos paralisados – disse Lula, queixando-se principalmente do que ele chamou de condenação antecipada da imprensa e da oposição. – Nós ganhamos a eleição e parecemos envergonhados. Eles perderam e andam por aí, pomposos.

Minutos depois de ouvir um apelo do líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, para que Lula volte às ruas para liderar manifestações em defesa da Petrobras, o ex-presidente cobrou dos militantes do PT e dos sindicatos uma reação.

– Em vez de ficarmos chorando, vamos defender o que é nosso. Defender a Petrobras é defender a democracia e defender a democracia é defender a continuidade do desenvolvimento social nesse país – afirmou, aplaudido. – Quero paz e democracia, mas também sabemos brigar. Sobretudo quando o Stedile colocar o exército dele nas ruas.


Que exército é esse de Stédile? A que ponto chegamos? Um ex-presidente da República chama de exército um grupo de invasores criminosos liderados por um sujeito que, em qualquer país sério do mundo, estaria cumprindo pena atrás das grades por todos os seus crimes. O escárnio com as leis do país, vindo de um ex-presidente, é uma afronta ao estado de direito. Então quer dizer que Lula assume o que todos já sabiam, que o MST é uma espécie de exército paralelo? E fica por isso mesmo? Eis o vídeo:



Há anos que os críticos do MST apontam a localização estratégica dos “assentamentos” e a convocação de um “exército” de bandidos prontos a atuar em prol da “revolução marxista” dos piratas disfarçados de “movimento social”. Agora, aquilo que era sabido, mas falado por poucos, vem à tona dito de forma direta e escancarada pelo próprio líder do motim. Lula enxerga no MST um exército pronto para lutar por seus interesses, ou seja, pela perpetuação no poder ainda que de forma ilegítima e ilegal.

É o discurso de um trombadinha, de um delinquente, de um marginal. Mas de alguém bastante desesperado também. E essa tem sido a marca dos petistas. Estão com medo, com muito medo de perderem suas tetas estatais e de pararem na cadeia. Os “soldados” da CUT, outro exército informal do PT, também parecem prontos para lutar, não em defesa da Petrobras, pois isso exigiria cobrar mais investigações e tirar os bandidos da estatal, tudo o que querem evitar, mas sim pela manutenção da camarilha no poder.

Os “militantes” se transformam cada vez mais em milicianos, como na admirada Venezuela, que agora mata até adolescentes nos protestos contra o governo. Os encrenqueiros do PT e da CUT resolveram partir para a grosseria e a violência contra aqueles que gritavam “Fora Dilma” e pediam o impeachment da presidente. É a linguagem do PT, não de hoje, mas de sempre. O uso ou a ameaça do uso de violência para substituir a falta de argumentos.

“A tentativa de intimidação é uma confissão de impotência intelectual”, disse Ayn Rand. O PT é impotente do ponto de vista intelectual. Restava-lhe o populismo e a demagogia, e agora que o custo de tanta incompetência, trapalhada e roubalheira está aparecendo, a reação do partido é o pânico que leva a tais ameaças.

Enquanto os petistas e os sindicalistas violentos faziam ato “em defesa da Petrobras”, a estatal sofria o rebaixamento da nota de investimento pela agência de risco Moody’s. Que irônico! A presidente Dilma, sem ter o que dizer, preferiu culpar o mensageiro e alegar que há desconhecimento por parte da agência. Sem dúvida. Se houvesse mais conhecimento, a empresa já teria sido rebaixada faz tempo! A Operação Lava-Jato tem trazido parte da sujeira à luz, mas ainda é pouco perto do que os petistas fizeram com a estatal, e ainda existem várias outras estatais por aí…

Os governistas estão perdendo as estribeiras. Estão acuados, e ratos acuados se tornam perigosos, violentos. Temem o império das leis, as investigações dos órgãos estatais, a insatisfação crescente da população, cansada do pior índice de inflação dos últimos 12 anos, da recessão, da bagunça nas contas públicas, do caos no transporte, na saúde, na educação. Os caminhoneiros resolveram parar várias cidades, reclamando do aumento do combustível e da queda no frete. O clima é de desencanto, que pode rapidamente levar ao desespero.

Cientes disso, os petistas sabem que não será possível contar com os truques do marqueteiro João Santana para sempre. O estelionato eleitoral está claro para todos. O discurso da presidente Dilma, de tentar culpar FHC pelo que se passa na Petrobras, pegou muito mal, e nem os “intelectuais” endossaram tamanha baboseira. O PT já ensaia até uma nova tentativa de reaproximação do PMDB, como medida preventiva.

Por qualquer ângulo que observamos, o que podemos notar é o desespero dos petistas. E não é para menos! Eles destruíram o Brasil nos últimos anos, e a conta apenas começou a chegar. A fala de Lula sobre o “exército de Stédile” talvez seja o mais claro sintoma desse medo. É um apelo baixo, uma jogada de quem se vê cada vez mais contra a parede. Mas o Brasil não vai temer esse “exército” de criminosos. O Brasil não é a Venezuela de Maduro, e isso aqui não é a casa da mãe Joana. Se o MST tomar as ruas, o legítimo Exército Nacional estará lá para impor a ordem e a lei. Disso não tenho dúvidas…

PS: O senador Ronaldo Caiado não deixou o ato de Lula passar em branco, e respondeu à altura, com a coragem que falta ao ex-presidente:






Por Rodrigo Constantino

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Quando foi que você e eu assinamos o tal 'contrato social'?


"Se vocês libertários não gostam da existência de um governo detentor do monopólio da coerção, da segurança e da justiça, não gostam de impostos, não gostam de regulamentações, e não gostam do status quo, então por que simplesmente não fazem as malas e vão embora? Vocês implicitamente concordaram com as regras vigentes. Se não gostam delas, então deem o fora!"

Este é o argumento comum oferecido por estatistas sempre que um libertário se põe a falar sobre a imoralidade da coerção estatal, de seus impostos, de suas regulamentações, de seu confisco de renda e de propriedade, e de seu monopólio sobre a justiça, a segurança e a moeda.

Embora tal argumento seja extremamente fraco, vale a pena nos concentrarmos mais detidamente nele, pois ele mostra de maneira bastante acurada o quão profundo o estatismo está enraizado na mentalidade das pessoas.

A primeira e mais fácil resposta a este "desafio" estatista é: "Por que sou eu quem deve dar o fora? Por que o fardo moral recai sobre mim quando, na verdade, é você quem está me apontando uma arma? Eu sou apenas uma pessoa pacífica pedindo para não ser espoliada, ao passo que você está me apontando uma arma com o intuito de me expropriar e utilizar a minha propriedade e a minha renda para financiar aqueles programas governamentais que você acha o máximo."

Não creio ser nada controverso dizer que, em termos morais, é o estatista quem tem a obrigação de comprovar ter o direito intrínseco de coagir e ameaçar os outros. Enquanto isso não for feito, o ameaçado não tem nenhuma obrigação de comprovar seu direito de ser deixado em paz, sem ser molestado. O ônus cabe ao agressor e não ao agredido.

Esse é o ponto mais básico. Enquanto o estatista não responder de onde vem seu direito natural de espoliar terceiros para proveito próprio ou para o proveito de outrem, a "negociação" está emperrada e ele não tem nenhum direito de seguir adiante com sua espoliação. Toda a pendenga poderia terminar aqui.

Porém, em prol do debate, vamos mais adiante. Falemos agora sobre o argumento de que o seu consentimento está explicitado no simples fato de você permanecer no país. "Se você está aqui e continua morando aqui, então você está automaticamente consentindo com as regras vigentes!", bradam os estatistas.

Este é outro raciocínio sem nenhuma sustentação e sem nenhuma lógica. Suponha que você se muda para uma nova vizinhança e, do nada, seu vizinho começa a despejar o lixo dele na porta da sua casa. Pela lógica estatista, se você não concorda com este comportamento dele, então é você quem tem de se mudar dali. Se você não se mudar, então você está automaticamente consentindo em ter sua propriedade violada desta forma.

Faz sentido? Pois é isso que os estatistas estão defendendo, embora não utilizem este cenário.

Confrontados com esta situação, os estatistas recorrem então à regra da "aceitação implícita e tácita". Mais especificamente, eles dizem que, ao se mudar para esta vizinhança, você estaria implícita e tacitamente aceitando o comportamento dos seus vizinhos, não podendo, portanto, reclamar das regras deles.

O problema deste raciocínio é que ele ignora o status moral e legal de quem faz as leis. Por exemplo, suponha que eu convido você para vir à minha casa. Quando você chega, eu abro a porta e lhe digo: para ficar aqui em casa, você tem de usar este nariz de palhaço. Isto certamente vai lhe parecer bastante estranho, mas ainda assim eu posso dizer: "Ei, é a minha casa e estas são minhas regras. Se quiser entrar, tem de ser assim". Neste caso, sendo eu o proprietário, você não pode simplesmente dizer: "Olha, eu vou entrar na sua casa, sim, e não vou usar o nariz de palhaço." Se fizesse isso, você estaria invadindo a minha propriedade e desrespeitando as leis vigentes dentro dela, as quais foram estipuladas antes da sua entrada. Isso, portanto, é algo que você nãotem o direito de fazer.

Agora, imaginemos o cenário contrário. Suponha que eu vá à sua casa e lhe diga: "Você tem de usar um nariz de palhaço". Além do espanto total, sua outra provável reação será a de perguntar quando foi que você disse que concordava em ser obrigado a utilizar um nariz de palhaço dentro da sua casa. Ao que irei responder: "Ora, você se mudou para perto de mim. E eu uso nariz de palhaço na minha casa. Portanto, o simples fato de você estar morando perto de mim significa que você, de uma maneira um tanto mística e tácita, consente em também utilizar nariz de palhaço dentro da sua casa, mesmo que você não goste da ideia."

Os estatistas simplesmente pegam este cenário que é evidentemente absurdo em nível local e o expandem para um nível nacional: se você está aqui, então você deu seu consentimento tácito com tudo o que se passa nele.

Mas é realmente assim que as coisas devem funcionar? Como seria a sua vida se todos lhe atribuíssem "consentimentos implícitos e tácitos"? Como seria o mundo? Alguém aceitaria este sistema?

Portanto, quando os estatistas dizem que "ao estar aqui, você automaticamente consentiu com as regras", eles estão fugindo da questão principal. Eles já estão pressupondo a nossa aceitação daquilo que ainda tem de ser provado. No exemplo do nariz de palhaço, há uma distinção clara entre o sujeito que diz que você tem de usar o nariz na propriedade dele e o sujeito que diz que você tem de usar o nariz na sua própria casa. O primeiro sujeito tem o direito de lhe impor o uso do nariz (e, se você não aceitar, tem a liberdade de sair da casa dele); já o segundo não tem este direito. Tudo depende de quem está legitimamente exercendo sua jurisdição. Na propriedade dele, ele é soberano. Na sua propriedade, ele não é.

A mesma regra tem de ser aplicada ao estado. As pessoas que fazem as leis de um país são as genuínas donas do país? O país é propriedade delas? Desde quando? Elas adquiriram esta suposta propriedade do país de maneira justa? Houve o consentimento de 100% da população (qualquer porcentagem abaixo desta indica que há indivíduos sendo espoliados)? Estas são perguntas morais que não podem ser ignoradas, mas que são totalmente desconsideradas pelos estatistas.

E há, por último, o argumento de que nós libertários estamos constantemente utilizando algumas infraestruturas estatais, como estradas, ruas, aeroportos, correios. Sendo assim, o simples fato de utilizarmos estes bens e serviços significa que estamos consentindo com a existência do estado e com a espoliação de nossa renda para a consecução destes serviços.

Outro problema de raciocínio. Em primeiro lugar, o fato de eu inevitavelmente utilizar sistemas monopolísticos, dos quais eu simplesmente não tenho como escapar, de modo algum indica consentimento. Dizer que utilizar as ruas de uma cidade indica consentimento com o estado é o mesmo que dizer que um prisioneiro que come a comida fornecida pela penitenciária está consentindo em estar preso.

Em segundo lugar, sempre é bom lembrar que libertários, como todos os outros cidadãos, também pagam impostos. Sendo assim, é nosso dinheiro que foi utilizado para a construção destas infraestruturas estatais. Logo, não há absolutamente nada de contraditório em utilizá-las. Aliás, você tem todo o direito de fazer uso delas, mesmo desprezando-as profundamente.

Para finalizar, todo este argumento de 'consentimento implícito' e 'consentimento tácito' não passa de uma patética cortina de fumaça criada para se desviar a atenção daquilo que realmente importa: as minhas palavras. E as minhas reais palavras (aquilo que realmente penso, e não aquilo que estatistas querem imputar a mim) não são de consentimento, mas sim de discordância e dissenso.

Que isso fique bem claro. As minhas verdadeiras palavras são: Eu não dou meu consentimento. E estas minhas palavras claramente explicitadas e proferidas não podem ser sobrepujadas por um místico 'consentimento implícito' que magicamente passa a existir em decorrência do simples fato de eu estar em um determinado local.

Resta óbvio que tudo isso não passa de um estratagema ridículo criado por pessoas que simplesmente querem ter poder absoluto, mandar na vida dos outros e escolher vencedores e perdedores. Uma vez perpetrado o esbulho, elas tentam embasá-lo e justificá-lo recorrendo a truques comportamentais, dizendo que determinadas atitudes minhas significam que eu realmente estou pedindo para ser governado, que eu implicitamente estou suplicando para ser controlado e mandado.

Não, eu não pedi implicitamente por nada disso. E eu explicitamente digo que "Não, eu não consinto em ser espoliado e controlado".




Por Thomas Woods

N. do T.: o artigo a seguir foi adaptado de um discurso improvisado feito pelo autor, daí o seu tom mais coloquial.

Invalidando o estado - quatro argumentos contra o governo


Sempre que a questão da dissolução do estado é levantada, há duas objeções que inevitavelmente surgem. 

A primeira objeção é aquela que diz que uma sociedade livre e sem estado só seria possível se absolutamente todas as pessoas fossem perfeitamente boas e racionais. Em outras palavras, isso significa que os cidadãos de hoje devem ser submetidos a um estado centralizador e detentor do monopólio da violência porque existem pessoas ruins no mundo.

O primeiro e mais óbvio problema com este argumento é que, se existem pessoas ruins na sociedade, então inevitavelmente também haverá pessoas ruins dentro do estado — e, consequentemente, tais pessoas serão ainda mais perigosas.

Em um arranjo sem estado, os cidadãos são capazes de se proteger de indivíduos malvados; porém, se estes indivíduos malvados agora estiverem no controle de um aparato estatal agressivo, detentor do monopólio da violência, armado até os dentes e com um grande poderio policial e militar, tais cidadãos não terão a mais mínima chance.

Logo, o argumento de que precisamos do estado porque existem pessoas malvadas é inerentemente falacioso. É justamente por existirem pessoas malvadas que o estado tem necessariamente de ser desmantelado, uma vez que tais pessoas malvadas serão tentadas a utilizar o poder do estado para alcançar seus próprios objetivos — e, ao contrário dos ladrões e assaltantes comuns, pessoas malvadas no comando de um aparato estatal usufruirão do poderio policial e militar para impor seus caprichos sobre uma população indefesa e compulsoriamente desarmada.

Por uma questão de lógica, há quatro possibilidades quanto à combinação de pessoas boas e más no mundo:

1. Todos os indivíduos são morais

2. Todos os indivíduos são imorais

3. A maioria dos indivíduos é imoral, e uma minoria é moral

4. A maioria dos indivíduos é moral, e uma minoria é imoral

(Um equilíbrio perfeito entre bem e mal é estatisticamente impossível)

Analisemos cada um destes casos.

1. Quando todos os indivíduos são morais

Neste primeiro caso, o estado é obviamente desnecessário, dado que não há como existir o mal.

2. Quando todos os indivíduos são imorais

Neste segundo caso, não se pode permitir que o estado exista, e por um motivo muito simples. Como geralmente se argumenta, o estado tem de existir porque há no mundo pessoas más que querem fazer maldades e que só podem ser contidas por meio de uma represália do estado (polícia, prisões etc.). Um corolário desse argumento é que, quanto menor for o temor de represálias, mais maldades essas pessoas estarão propensas a fazer.

No entanto, o estado em si não está sujeito a nenhum controle. O estado é a própria lei. A única restrição teórica sobre o aparato estatal é decisão voluntária de seus próprios membros. Mesmo nas democracias ocidentais mais avançadas, quantos políticos e policiais realmente vão para a cadeia? Sendo assim, se pessoas más existem e estão sempre propensas a cometer maldades, e se elas sabem que só podem ser contidas pela força, então esta sociedade jamais pode permitir a existência de um estado, pois estas pessoas más irão imediatamente tomar o controle deste aparato estatal com o intuito de cometer maldades e ao mesmo tempo evitar represálias.

Portanto, em uma sociedade totalmente formada por indivíduos maus e imorais, a única esperança para a estabilidade seria um regresso ao "estado natural", no qual a totalidade da população estaria armada. Neste arranjo, o constante temor de retaliação iria ao menos arrefecer os impulsos maléficos dos mais diversos grupos.

3. Quando a maioria dos indivíduos é imoral, e uma minoria é moral

O terceiro caso é aquele em que as pessoas são majoritariamente más, e apenas algumas são boas.

Se o arranjo é este, então também não se pode permitir a existência do estado, uma vez que, por uma questão de distribuição estatística, a maioria daqueles que estiverem no controle do aparato estatal será composta por pessoas más, as quais terão poderes sobre a minoria de pessoas boas.

Mais ainda: não se pode permitir qualquer resquício de democracia sob este arranjo, dado que a minoria de pessoas boas será inevitavelmente subjugada pelas vontades democráticas da maioria de malvados. Defender democracia sob este arranjo é uma completa irracionalidade.

As pessoas más, que querem infligir maldades sem qualquer temor de represálias, irão inevitavelmente assumir o controle do aparato estatal e utilizar seus poderes para cometer suas maldades sem qualquer temor de represálias. As pessoas boas não agem moralmente porque temem represálias, mas sim porque apreciam a bondade, a serenidade e a paz de espírito — e por isso, e ao contrário das pessoas más, elas não têm nada a ganhar caso assumam o controle do estado.

Portanto, neste arranjo podemos ter a certeza de que o estado será controlado por uma maioria formada por pessoas más e irá subjugar todo o resto da população (tanto as pessoas boas quanto as pessoas más). Os maiores perdedores serão, obviamente, as pessoas morais.

4. Quando a maioria dos indivíduos é moral, e uma minoria é imoral

O quarto caso é aquele em que as pessoas são majoritariamente boas, e apenas algumas poucas são más.

Esta possibilidade está sujeita aos mesmos problemas delineados acima. As pessoas más estarão sempre querendo assumir o controle do estado com o intuito de se protegerem de retaliações.

Mas esta opção, no entanto, altera a aparência da democracia: dado que a maioria das pessoas é boa, as pessoas más que querem chegar ao poder terão de mentir para as pessoas boas, fazendo inúmeras promessas aparentemente sensatas, bondosas e caritativas para que assim consigam chegar ao poder.

E então, uma vez no poder (algo que sempre irá ocorrer, pois pessoas más são naturalmente astutas na arte do engano e da dissimulação), essas pessoas más irão imediatamente revelar sua verdadeira face e sair em busca de seus objetivos perversos, impingindo seus desejos por meio do aparato regulatório, jurídico, policial e militar do estado. Este, é claro, é o arranjo vigente nas democracias atuais.

Assim, o estado permanece sendo o maior prêmio a ser conquistado pelas pessoas más. Uma vez conquistado, essas pessoas más irão rapidamente assumir o controle total de seu assombroso poder — consequentemente, a existência do estado também não pode ser permitida neste cenário.

Consequências

Não há, portanto, nenhuma situação na qual a existência de um estado pode ser defendida por meio da lógica.

O único arranjo em que a existência do estado pode ser justificada seria aquele em que a maioria dos indivíduos é má, mas o controle do estado está — e para sempre estará — nas mãos de uma minoria de indivíduos bons.

Esta situação, embora seja interessante na teoria, não se sustenta logicamente pelos seguintes motivos:

a) A maioria formada por indivíduos maus iria rapidamente desalojar a minoria de bons por meio do voto; ou então iria sobrepujá-la por meio de um golpe;

b) Não há nenhuma maneira de garantir que somente as pessoas boas estarão para sempre no controle do estado; e

c) Ao longo de toda a brutal história da existência do estado, não há absolutamente nenhum caso em que tal arranjo tenha prevalecido.


O erro lógico em que as pessoas incorrem ao defender a existência do estado é que, por algum motivo insondável, elas genuinamente supõem que o estado será necessariamente controlado por pessoas ínclitas, probas, honestas e bem-intencionadas, e que as pessoas más estarão para sempre fora do aparato estatal e permanentemente pacificadas. Os juízos morais coletivos que elas aplicam aos cidadãos comuns não são igualmente aplicados ao grupo que as governa.

Por uma questão puramente estatística, se 50% das pessoas são más, então pelo menos 50% das pessoas que estarão no comando também serão más (aliás, muito provavelmente esta porcentagem será maior, uma vez que pessoas más sempre estão propensas a buscar poder). Logo, a existência da maldade jamais pode justificar a existência do estado. Se não há maldade, o estado é desnecessário. Se a maldade existe, o estado passa a ser perigoso demais para que se permita sua existência.

A segunda objeção

Como mencionado no primeiro parágrafo deste artigo, as pessoas geralmente cometem dois erros quando confrontadas com a ideia da dissolução do estado.

O primeiro erro é acreditar que o estado é necessário porque existem pessoas más. Os problemas lógicos desta crença foram explicitados acima.

O segundo erro é acreditar que, na ausência do estado, surgirão instituições muito piores, as quais crescerão e inevitavelmente assumirão o lugar do estado. Consequentemente, agências de segurança privada, seguradoras, e organizações de arbitração de litígios passam a ser consideradas como cânceres em potencial, que irão crescer, se avolumar e assumir o controle do organismo político.

Este raciocínio tem as mesmas raízes do primeiro erro analisado. Ora, se todas as instituições sociais estão continuamente tentando aumentar seu poder e impor suas vontades sobre terceiros, então, por essa mesma razão, não se pode permitir a existência de um estado centralizado.

Afinal, se é inevitável que um grupo sempre irá tentar adquirir poder sobre todos os outros grupos e indivíduos, então esta sede de poder não irá acabar se um deles chegar ao poder. Ao contrário: uma vez no poder, sua ânsia de dominação irá se espalhar por toda a sociedade, até que a escravidão seja a norma. Em outras palavras, a única esperança para a liberdade individual é que haja uma total proliferação de grupos armados, cada um com o poder de infligir males ao outro, de modo que todos terão medo uns dos outros, o que consequentemente os tornará relativamente pacíficos.

É muito difícil entender a lógica e a inteligência do argumento de que, para nos protegermos de um grupo que pode nos sobrepujar, temos de apoiar um grupo que já nos sobrepujou. Tal argumento é similar àquele outro argumento estatista sobre monopólios privados: os cidadãos devem criar um monopólio estatal porque receiam que surja algum monopólio privado. Não é necessária uma inteligência aguçada para perceber a tolice deste raciocínio.

Conclusão

Por fim, qual é a evidência que sustenta o raciocínio de que poderes descentralizados e concorrentes promovem a paz? Em outras palavras, existe algum fato que podemos usar para sustentar a ideia de que um equilíbrio de poder é a única chance que o indivíduo tem para a liberdade?

O crime organizado não é um bom exemplo, pois quadrilhas regularmente corrompem, manipulam e utilizam o poder da polícia estatal para impingir suas próprias regras. Logo, máfias e outras quadrilhas organizadas não podem ser consideradas um arranjo que opera em um estado natural, pois elas próprias fazem uso do aparato estatal que detém o monopólio da violência.

Um exemplo mais útil seria o fato de que nenhum líder político jamais declarou guerra a outro líder político que possuísse armas nucleares. No passado, quando havia líderes que se sentiam imunes a retaliações, eles estavam mais do que dispostos a matar sua própria população ao enviá-las a guerras. Atualmente, dado que eles próprios estão sujeitos a uma aniquilação nuclear, tais líderes só têm coragem de atacar países que não têm como contra-atacar.

Eis aí uma lição instrutiva sobre por que líderes políticos se esforçam para desarmar sua população e torná-la dependente do governo. E eis aí um bom exemplo de como o temor de represálias — o qual é inerente a um sistema equilibrado de poderes descentralizados e concorrenciais — é único método comprovado de assegurar e manter a liberdade individual.

Temer fantasmas imaginários e se entregar à falsa sensação de proteção fornecida pela opressão estatal irá apenas garantir a destruição de todas aquelas liberdades que fazem com que a vida valha a pena ser vivida.





Por Stefan Molyneux