A bipolaridade intelectual é o distúrbio que mais ataca jornalistas, colunistas, sociólogos e palpiteiros tanto da esquerda quanto da direita. Num dia o camarada diz morrer por um princípio, no dia seguinte rejeita a ideia e ainda despreza quem a defende. Sua avaliação sobre o que é correto ou moral é imprevisível, varia conforme a pessoa ou o partido que praticou a ação. Eis alguns exemplos atualizados da bipolaridade intelectual:
Terceirização de funcionários: “grande ameaça às conquistas dos trabalhadores”.
Terceirização de médicos cubanos: “grande conquista da medicina brasileira”.
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Ajuste fiscal de FHC: “fora tucanos neoliberais!”.
Ajuste fiscal de Dilma: “é preciso ter maturidade e entender a importância do equilíbrio das contas públicas”.
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Imprensa descobre que Fernando Gouveia, dono de um blog contra o PT, tem uma empresa que presta serviços ao governo de SP no valor de R$ 70 mil mensais:
- Eis um claro exemplo de conflito ético!
Imprensa descobre que Leonardo Sakamoto, dono de um blog a favor do PT, tem uma ONG que presta serviços à Secretaria de Direitos Humanos no valor de R$ 546 mil por ano:
- Eis um exemplo de uma pessoa ética!
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Blogueiro conservador, sobre armas: “Contra o estado-babá! O cidadão deve assumir a responsabilidade por suas ações”.
Blogueiro conservador, sobre maconha: “A favor do estado-babá! As pessoas não sabem o que fazem”.
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Feminista, sobre aborto: “As mulheres têm direito de decidir interromper a gravidez”.
Feminista, sobre cesáreas: “As mulheres não têm direito de optar pela cesárea”.
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Jean Wyllys, sobre casamento gay: “O estado não deve se meter na vida privada dos cidadãos”.
Jean Wyllys, sobre economia: “O estado deve se meter na vida privada dos cidadãos”.
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Adolescentes ricos ateiam fogo em índio em Brasília: “prisão perpétua para esses playboys!”.
Adolescentes pobres ateiam fogo em traficante rival: “redução da maioridade penal é fascismo”.
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Pobreza na África: “a culpa é do comércio internacional, principalmente com os Estados Unidos”.
Pobreza em Cuba: “a culpa é da proibição do comércio com os Estados Unidos”.
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Independência da Palestina: “é preciso respeitar o princípio da autodeterminação dos povos”.
Independência das Falklands: “As Malvinas sempre foram argentinas”.
Por Leandro Narloch
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