O PT não inventou a corrupção, mas a levou ao estado da arte, institucionalizou-a e a banalizou. O PT é tanto causa quanto sintoma da enorme inversão de valores que o Brasil de hoje vive. Mas não resta dúvidas de que há muita gente no Brasil que, infelizmente, adota a máxima do “jeitinho”, da “malandragem”, e que olha para Lula como um exemplo de sucesso: o “esperto” que se deu bem na vida, não importa como (e sem dúvida não foi se instruindo e trabalhando de forma séria e honesta).
Por isso mesmo, pelo fato de essa cultura da malandragem estar tão enraizada em nosso cotidiano, que quando aparece alguém pobre e honesto, chama logo a nossa atenção. O que se espera no Brasil é que o sujeito que encontra dinheiro ou um bem de valor se aproprie dele, em vez de tentar devolvê-lo ao dono. Se for alguém humilde financeiramente, pior ainda: a maioria acha que o natural seria surrupiar o bem, talvez em nome da “justiça social”. Um ranço da mentalidade marxista. Apenas mais um.
Aquilo que deveria ser o normal é a raridade em nosso país, e é justamente por isso que vira notícia quando a pessoa humilde devolve o produto ou o dinheiro. Deveria ser o básico, o óbvio, a atitude de qualquer pessoa que teve um pingo de educação, independentemente da conta bancária (pois ela não define o caráter, ao contrário do que pensa a esquerda). Infelizmente, ainda não chegamos lá, e continuamos tratando como heróis aqueles que apenas fizeram o que deveriam: foram honestos e prestativos.
Como ainda estamos nesse estágio embrionário de evolução cultural, e na verdade em uma fase atual de retrocesso, creio que é importante valorizar essa gente que cumpre com seu dever de cidadão honesto. Por isso vou relatar abaixo o que aconteceu com meu pai essa semana, quando voltava de viagem. Esse é o Brasil que o PT não conhece, ou melhor, que ignora deliberadamente, pois vai contra sua narrativa oportunista. Vejam e avaliem por conta própria se esse rapaz tem o perfil da típica vitima ou do típico cúmplice do PT:
Coloquei a mochila preta entre mim e a minha mulher no banco preto do taxi. Vim conversando com o motorista (jovem) que disse que estavam tentando junto com a administração colocar um pouco de ordem nos taxis. Lamentava até os da bandalha porque, como guardas e outros fazem parte da quadrilha, os passageiros eram direcionados para eles, ao invés de pegar os da empresa dele que cobra no taxímetro.
Disse esperar no futuro que coloquem cancela para que no embarque só os taxis autorizados possam entrar. Falou ainda da absurda diferença entre os carros que oferecem serviço dentro do aeroporto, tais como Coopertra, Cotramo, etc, que cobram o dobro de uma corrida comum. Para ter uma ideia, paguei R$ 80 enquanto a Cotramo ou outra daquelas me cobraria R$ 160 (perguntei lá dentro).
Bem, dito isto, esqueci minha mochila no carro. O dinheiro para pagamento estava na carteira no meu bolso. Na mochila tinha passaporte, telefone iPhone 5, Macbook, iPad e outras coisas mais. Não conseguia falar com a empresa via telefone, e estava pensando em voltar ao Galeão para uma última tentativa. Meu medo era que o motorista não tivesse visto e que alguma pessoa pegasse a mochila.
Para minha sorte, um passageiro viu a mochila e entregou ao motorista. Esse não tinha meu telefone, embora soubesse onde eu morava. Olhou a mochila (me pediu desculpa depois por ter olhado), e achou uma receita do médico. Ligou para o consultório. Final feliz: ele não queria aceitar nada como retribuição, dizendo que era sua obrigação. Voltou e me devolveu a mochila. Achei por bem gratificá-lo e ele não queria aceitar.
Depois de dar R$ 200 após as recusas iniciais, achei pouco, pois ele fez outra corrida longa até minha casa para devolver a mochila. Quis dar mais R$ 100, liguei para ele e pedi a conta dele para fazer o depósito. Eis a resposta dele:
Confesso que acho que já deu o bastante. Pois não fiz mais que minha obrigação. O senhor já foi bem generoso. Mas já que insiste, entendo. [passou a conta]. Obrigado mesmo.
Às vezes temos surpresas agradáveis nesse país com tanto roubo.
Sim, pai, às vezes temos mesmo. E pensar que essa postura deveria ser o padrão, o óbvio, o normal, como você sempre me ensinou, com palavras e atitudes. A primeira aula contra o petismo, contra o socialismo, contra a corrupção e o relativismo moral começou bem cedo: “nunca pegue aquilo que não lhe pertence, que é dos outros”. Um pai que ensina isso aos filhos, no parquinho ou na praça, já está incutindo neles o antivírus contra o petismo, está fornecendo o antídoto contra os “justiceiros sociais” que acham normal roubar o que é dos outros em nome da “igualdade”.
Obrigado, pai. E parabéns, Marcus Vinícius (o motorista), por manter acesa a chama da esperança em um Brasil melhor, em que a propriedade privada seja vista como um bem sagrado, e a honestidade uma virtude valorizada.
Po Rodrigo Constantino
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