sexta-feira, 3 de abril de 2015

Pátria Educadora ou Ideologizadora?


Sem dúvida o lema escolhido para o quarto mandato presidencial consecutivo do PT, o segundo da Srª Dilma Rousseff, escancara a contradição entre o discurso e a prática desse partido à frente do Governo, e também, indiretamente, à frente dos outros Dois Poderes (Legislativo e Judiciário), pelos excessivos poderes conferidos ao Executivo, que faz o que “bem-entende”, comprando e nomeando, respectivamente, os membros desses outros poderes. Isso decorre do fato dos poderes-de-Estado não serem“ equilibrados, harmônicos e independentes”, conforme ideal preconizado por Montesquieu, no Século XVII, e previsto na própria Constituição brasileira. Esses adjetivos estão somente no papel, no respectivo dispositivo constitucional. Nunca na prática, na realidade. Não há equilíbrio, harmonia e independência entre os Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário). Prepondera sempre o poder de um deles: do poder executivo.

Tentarei demonstrar que a política da “pátria educadora” tem as suas raízes na “política dos coronéis”, velha conhecida da sociologia. O “coronel” que era, e ainda é, em grande parte, o principal tipo de político em ação, principalmente nas zonas rurais e interior do Brasil, seduz as suas “vítimas” (eleitores), prometendo-lhes “mil” coisas, para melhora das suas vidas. É claro que nunca serão cumpridas. Em consequência, o único trabalho que terão será o de “votar nele”. Não precisam nem pensar, raciocinar, trabalhar, olhar, cheirar e ouvir. O “coronel” fará esses trabalhos por eles. Pensará, raciocinará, trabalhará, olhará, cheirará e ouvirá por todos os seus eleitores.

Impressiona observar que o PT, desde o início, se agarrou com “unhas e dentes” na pedagogia do Professor Paulo Freire, fazendo da sua pregação uma das suas principais bandeiras, discursando que estava na política para defender os “oprimidos”, contra os “opressores”, nos governos e parlamentos para os quais fossem eleitos.

Mas porventura o Partido dos Trabalhadores, agora no Governo, não estaria usando um lema de conteúdo diametralmente oposto ao que pregava Paulo Freire? O lema “pátria educadora” não seria uma nova versão da “politica dos coronéis”, onde o povo não sabe nada e a “pátria” - ”coincidentemente” constituída por eles mesmos - sabe tudo? Não seria recomendável inverter essa situação, passando o povo a educar a pátria e, por via de consequência, seus dirigentes? Afinal de contas, o estado deve servir o homem, ou é o contrário? Impropriedade desse tipo foi dita pelo Presidente John Kennedy, dos Estados Unidos da América: ”não perguntes o que a pátria pode fazer por você, porém o que você pode fazer pela pátria”. O pior é que isso é comemorado como sinal de sabedoria e democracia. Com essas palavras, Kennedy inverteu o problema finalístico do estado, ou seja, afirmando que o homem deve servir ao estado, e não o estado ao homem, como deveria ser. Essa frase serve como uma luva aos que buscam fazer do homem um escravo do estado. Acontece muito nos regimes absolutistas, nas tiranias, oligarquias e OCLOCRACIAS (falsas democracias), esta última aplicada à pleno vapor no Brasil.

Mas essa postura governamental, aqui na terra tupiniquim, não é nova. É repetitiva. Desde o início dos seus governos o PT tem como “carro-chefe” da sua política o programa “bolsa família” (e outras bolsas), que não passa de uma esmola “oficial” que incentiva seus beneficiários à vagabundagem e a jamais se libertarem desse grotesco “assistencialismo”. Que não promove nem liberta ninguém. Essa política de governo também era combatida radicalmente pelo pedagogo Paulo Freire, que teve, no caso, suas lições “viradas-ao-avesso”, pelos discípulos oportunistas, logo que assumiram seus mandatos.

Trocando em miúdos, o lema “pátria educadora” se trata da aplicação da POLÍTICA DO OPRESSOR, da política dos “coronéis”, jamais a do OPRIMIDO, como aparece no “discurso enganador”.

A outra versão que poderia ser debatida é no sentido de desvendar a suspeita de que mediante essa nova política o Governo estaria dando forma à IDEOLOGIZAÇÃO DE ESQUERDA, que informalmente já está em curso nos currículos escolares, usando a partir de agora o lema PÁTRIA EDUCADORA como pretexto e mesmo máscara, inclusive para os efeitos de “arrancar” verbas públicas para manifesta propaganda política, tudo ao amparo das leis, que “eles“ mesmos fazem ou mandam fazer.

Sem dúvida o objetivo do programa “pátria educadora” é estabelecer a ditadura do pensamento, onde o corpo “docente” (educadores), sob patrocínio governamental, é treinado numa só direção político-ideológica, de esquerda, claro, enquanto o “rebanho” discente (educandos) não fica com qualquer alternativa de ser educado nas outras opções ideológicas não previstas no currículo oficial, optando por uma delas. Portanto não nenhuma democracia na “pátria educadora”. Essa é a PEDAGOGIA DA DITADURA DO PENSAMENTO.





Por Sérgio Alves de Oliveira

Sociólogo e Advogado

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