quinta-feira, 16 de abril de 2015

Enquanto o tesoureiro do PT é preso por corrupção, partido defende socialismo contra "burguesia golpista". Ou: PT perdeu o bonde da história


João Vaccari Neto foi preso por corrupção, após nova fase da Operação Lava Jato concluir que o tesoureiro do PT pagou com propina gráfica que atuou na campanha eleitoral. Enquanto mais um da alta cúpula do partido vai em cana, o PT prepara a mensagem (leia a mensagem) de seu V Congresso Nacional. É um show de horrores!

O tom parece coisa de diretório estudantil formado por idiotas que ainda suspiram ao ouvir o nome do assassino Che Guevara. É um espanto! O PT nada aprendeu nesse tempo todo de existência e poder. A retórica marxista de luta de classes permeia todo o documento. Abaixo, alguns trechos selecionados. Mas recomendo um Engov e um Plasil na veia antes:

Precisamos, também, combinar luta institucional, luta social e luta cultural. Recuperar o apoio ativo da maioria da classe trabalhadora, ganhar para nosso lado parte dos setores médios que hoje estão na oposição, dividir e neutralizar a burguesia, isolando e derrotando o grande capital transnacionalfinanceiro. Isso implica abandonar a conciliação de classe com nossos inimigos.

A quarta tarefa é alterar a linha do governo. É plenamente possível derrotar a direita se tivermos para isto a ajuda do governo. É possível derrotar momentaneamente a direita, até mesmo sem a ajuda do governo. Mas é impossível impor uma derrota estratégica à direita, se a ação do governo dividir a esquerda e alimentar a direita. Por isto, o 5º Congresso do PT deve dizer ao governo: que os ricos paguem a conta do ajuste, que as forças democrático-populares ocupem o lugar que lhes cabe no ministério, que a presidenta assuma protagonismo na luta contra a direita, contra o “PIG” e contra a especulação financeira.

O PT precisa exercer mais do que um papel de figurante na luta pela democratização da mídia: deve engajar e orientar seus quadros e militantes a ajudar na construção das mobilizações que os movimentos sociais a duras penas têm construído no país nos últimos anos.

Uma estratégia que reconheça que só é possível continuar melhorando a vida do povo se fizermos reformas estruturais. Que construa as condições políticas para fazer reformas estruturais. Que recoloque o socialismo como objetivo estratégico. Que constate que o grande capital é nosso inimigo estratégico. Que não acredite nos partidos de centro-direita como aliados. Que seja baseada na articulação entre luta social, luta institucional, luta cultural e organização partidária. Que retome a necessidade do partido dirigente e da organização do campo democrático-popular

O centro da questão está em entender que o governo é uma instituição política, não apenas administrativa. Este é, aliás, o único aspecto racional do ataque que a direita faz contra o chamado e mal denominado bolivarianismo.

Em outros governos progressistas e de esquerda latino-americanos, compreende-se claramente que o papel do governo é não apenas administrar, é também liderar politicamente. Já em setores da esquerda brasileira, prevalece uma visão administrativista e tecnocrática.

A experiência histórica, tanto nacional quanto internacional, vem demonstrando que a continuidade do capitalismo implica em sofrimentos cada vez mais intensos e em crises cada vez mais perigosas para a imensa maioria da população de nosso planeta.

Por isto mesmo, o PT não deve temer fazer autocrítica de seus erros publicamente, nem vacilar em punir exemplarmente aqueles dirigentes e militantes que fizeram uso de métodos burgueses de atuação.

fica cada vez mais evidente a incapacidade do sistema capitalista em produzir e distribuir riquezas ao mesmo tempo, inclusive nos períodos de maior crescimento acontecem numa situação de divisão internacional do trabalho, de aumento da exploração da força de trabalho e de aumento da mais valia.

É diante dessas contradições básicas do capitalismo que devemos lutar para transformar o mundo e construir um sistema mais humano e democrático que é o socialismo. Não podemos esperar que o capitalismo desabe pelas suas próprias contradições internas, tampouco que o socialismo ocorra de forma espontânea.

Garantir a elaboração de um novo ciclo de políticas públicas, discutidas no âmbito local, de caráter emancipatório, segundo concepção da educação popular, que permita a emancipação política, social e cultural dos trabalhadores e trabalhadoras - principal sujeito das políticas públicas. Esse formato pode desconstruir gradualmente a lógica consumista capitalista e demais características ideológicas difundidas por esse sistema.

Politicamente, acumulamos muito na América Latina e Caribe, precisamos avançar economicamente no sentido de fortalecer o Mercado Comum do Sul 9 (MERCOSUL) e a União de Nações Sul-Americanas (UNASUL).

Os constantes e virulentos ataques dos setores mais conservadores da direita brasileira ao Foro de São Paulo, demonstram o quão subversiva e fundamental é a ideia do internacionalismo, e portanto deve ser parte estruturante do nosso projeto de sociedade.

O sentimento “anti petista” disseminado no processo eleitoral é uma resposta direta às ações políticas de inclusão social e elevação da qualidade de vida que nossos governos vêm promovendo no país. Ele é fruto de um tradicional pensamento conservador.

É visível que a direita tem a oportunidade de uma real ascensão, e portanto é nossa tarefa enquanto partido político ter a capacidade de fazer a leitura da conjuntura, enfrentar o conservadorismo, radicalizar a pauta de esquerda e recolocar o socialismo democrático como perspectiva concreta.


Sei que parece algo escrito por um débil mental preso nos tempos da Guerra Fria, e do lado errado, mas o fato mais lamentável é que o documento encontra amplo apoio dentro do PT como um todo, inclusive do alto escalão. Podemos ver seu presidente Rui Falcão proferindo tais palavras idiotas sem a menor dificuldade.

Em vez de o PT aprender com a história e seus próprios erros, ele, feito um asinino obstinado, redobra os esforços na direção equivocada. O partido chama de “burguês” os bandidos? Então quer dizer que Vaccari, se ficarem comprovadas as acusações, se aburguesou? Dirceu e Genoino, que já foram presos por corrupção, são “capitalistas burgueses”? Mas porque o PT continua os idolatrando então?

Tudo isso poderia ser uma grande piada, mas é uma tragédia. Afinal, esse partido está no poder há 12 anos, e quer mesmo implantar no Brasil o modelo bolivariano. Nossa sorte é que não conseguirão. A preocupação maior dos petistas agora não deve ser com o capitalismo burguês, mas com a polícia, pois muitos vão acabar, pelo visto, atrás das grades.





Por Rodrigo Constantino

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