quarta-feira, 18 de março de 2015

Governo e sociedade civil


Simpatizantes do governo e da sociedade civil foram às ruas em passeatas por todo o Brasil. Não é de se estranhar que o governo tenha garantido que ocorressem, pois vivemos no estado de direito democrático. Por isso estes episódios não devem ser pretexto para que o governo se vanglorie por não impedi-los. É do jogo democrático, e não uma concessão governamental.

O que temos assistido, particularmente desde junho de 2013, é uma ebulição cada vez mais intensa se derramando nas ruas de nossas cidades. Fato, de certa forma novo no nosso processo político brasileiro, via de regra calcado na tolerância, às vezes excessiva. A novidade, portanto, está no campo da sociedade civil e sua nova postura, que tudo indica não vai mudar.

O que não foi novo até o momento, a julgar pelo posicionamento do governo por seus porta-vozes, foi a resposta dada às passeatas. Respostas centradas na necessidade de combater a corrupção e em aprovar uma reforma política que elimine o financiamento privado de campanhas eleitorais.

Parece ser muito pouco e até incômodo para o Planalto, se for só isso. Ora, pois, o combate à corrupção e punição aos corruptos deve ser tarefa rotineira de qualquer governo em qualquer país. E não objeto de medidas excepcionais por parte da administração. Aliás, basta verificar o número de agentes públicos punidos no Brasil ao longo da história com demissão e, muitas vezes prisão, em qualquer governo e regime para se verificar que é uma prática usual. Talvez não com o rigor desejável, é verdade.

Por outro lado, não é conveniente tentar se apropriar dos escândalos para que se mude o sistema eleitoral, nele introduzindo um possível financiamento público de campanhas, bandeira do PT, diga-se de passagem. Como se a introdução destes dois elementos políticos resolvessem os problemas atuais do nosso modelo político e do próprio país. É pouco. Como também o é, o que foi exposto na entrevista oficial, além de replicar um discurso antigo já elaborado pelo próprio governo.

O Brasil precisa de mudanças estruturais e suprapartidárias e não somente no sistema eleitoral. É preciso muito mais para que se fortaleçam as instituições que dariam forma a uma democracia funcional. E não simplesmente à democracia política que já temos. E vem funcionando.

A história nos brinda com vários exemplos de como as crises permitiram avanços significativos, e mesmo mudanças paradigmáticas na vida das nações. É ocioso citá-los aqui. É preciso, no entanto que haja vontade política e liderança capaz de realizá-las. A luta continua.





Por João Paulo Peixoto

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