quinta-feira, 9 de abril de 2015

Acusam-me


Acusam-me de ser:

• racista, porque sou branco;

• fascista, porque não voto no PT, no PCdoB nem no PSOL;

• homofóbico, por ser heterossexual;

• traidor da causa operária, por dizer que a CUT é um antro de petistas;

• machista, por ser contra o aborto;

• fundamentalista, por sustentar que estado laico não é o mesmo que estado ateu;

• falso católico, por mostrar os desvios políticos e pastorais da CNBB;

• reacionário, por divulgar os insucessos das experiências totalitárias;

• saudosista do DOI-CODI, por querer segurança pública e bandidos na cadeia;

• antissocial, por valorizar o mérito e ser contra cotas raciais, sociais e sexuais;

• prepotente, por apreciar a disciplina e querer a ordem;

• idiota, por afirmar que nas economias livres as sociedades são mais prósperas do que nas economias estatizadas;

• vendilhão da pátria, afirmar que o Estado não deve fazer o que a iniciativa privada também possa;

• golpista, por querer o impeachment da presidente Dilma;

• inimigo dos pobres, por ser contra o governo petista;

• criminalizador dos movimentos sociais, por apontar os crimes que cometem;

• neoliberal, por afirmar que pagamos impostos excessivos a um Estado larápio, grande demais e incompetente demais;

• ultra-direitista, por sustentar que o Foro de São Paulo é uma organização comunista, hoje mantida pelo governo do PT, com planos de poder para toda a Íbero-América.

Juro minha inocência perante todas as acusações. Penso que, bem ao contrário, elas provam a má índole dos meus acusadores.

(Em "prisão domiciliar", sem tornozeleiras, recuperando-me de pequena cirurgia, aproveitei o tempo para adaptar à minha experiência pessoal um texto que, segundo li, teria sido escrito, originalmente, em francês).




Por Percival Puggina

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