sexta-feira, 17 de abril de 2015

Lula já prefere que Dilma sofra impeachment, em vez de ser tirada do poder por denúncias de corrupção


Embora afirme e reafirme o contrário em público, o Luiz Inácio Lula da Silva já admite a interlocutores, reservadamente, que a situação da Presidenta Dilma Rousseff é insustentável politicamente. Lula já faz até uma "opção" pelo cenário que lhe seria menos desfavorável do ponto de vista pessoal. Prefere que Dilma sofra um impeachment, pela via política, de repente por ter descumprido a Lei de Responsabilidade Fiscal, em vez de acabar afastada do poder por comprovação de corrupção em sua gestão. Lula avalia que a segunda hipótese o prejudicaria em uma tentativa de retorno eleitoral à Presidência da República.

O clima é de altíssima tensão para os petistas. Tudo indica que hoje deve se entregar a cunhada do tesoureiro João Vaccari Neto (preso pela 12a etapa da Operação Lava Jato). Considerada foragida pela Polícia Federal, Marice Corrêa de Lima estaria no Panamá (paraíso fiscal onde se sabe que ilustres políticos brasileiros, através de "laranjas" costumam ter contas correntes e empresas de fachada facilmente abertas). Parentes da cunhada Marice já teriam sinalizado que ela tem informações e provas valiosas a oferecer à Força Tarefa da Lava Jato. Petistas farão o possível e o impossível para Marice não aderir à "colaboração premiada".

Ontem, nos bastidores da Lava Jato, já se comentava abertamente que existem pelo menos dois grandes alvos nas próximas fases da operação: Rosemary Noronha e José Dirceu de Oliveira e Silva. A investigação se concentra em provas confirmando como ambos teriam sido abastecidos (ou não) pelos esquemas do "tesoureiro" Vaccari. Também se analisa, claramente, que o envolvimento comprovado do ex-Secretário Nacional de Finanças na Lava Jato atinge, diretamente, Luiz Inácio Lula da Silva, ainda mais se Rose e Dirceu acabarem formalmente envolvidos e investigados.

A Lava Jato apavora mais Lula que as broncas que estouram contra a Presidenta Dilma Rousseff. O pavor é tanto que, ontem, já se especulava sobre uma absurda e despropositada nomeação de Lula para algum ministério do governo, só para lhe devolver o direito ao foro privilegiado de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal - que ele não tem mais desde que deixou o trono imperial do Palácio do Planalto.

Em meio ao cagaço generalizado, gerado por tanta cagada cometida por incompetência ou corrupção, Lula ajuda a costurar um grande acordo de bastidores, para salvação geral, junto com o eternamente governista PMDB. Os petistas também mantém de prontidão seus "exércitos" (com militantes ou meliantes) para o caso extremo do que chamam de "golpe".

Em resumo: o clima é infernal, com crise econômica, descrédito do governo, insatisfação popular e claros conflitos entre os três poderes, principalmente pela desmoralização quase completa da classe política - que vem se demonstrando desqualificada para o trato da coisa pública. O caminho está escancarado para as sempre perigosas "saídas" autoritárias.

A sorte do governo do crime institucionalizado é que, por enquanto, o Exército estará mais concentrado na guerra contra o mosquito da dengue do que na batalha contra os grandes roedores da nossa república de mentirinha...





Por Jorge Serrão

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