Preciso dizer também que a princípio não existe nenhum problema em querer agradar a quem amamos coisa tão boa fazer um agrado para um filho, para os pais, para um amigo especial, ver o sorriso deles estampado no rosto, ou ainda receber um agrado, quem é que não gosta? O problema está quando a pessoa vive em função de agradar os outros. Uma coisa é agradar alguém se agradando também, outra coisa é agradar só por agradar.
Esta situação é muito comum e talvez todos nós já tenhamos passado alguma vez.
Existe um tipo de personalidade (homens e mulheres) que criaram para si uma forma específica de serem aceitos em grupo e esta forma é agradando a todos. Normalmente se destacam por serem ótimos amigos, anfitriões, funcionário. Se notarmos, aparentemente, essas pessoas tem prazer em ajudar, em deixar tudo em harmonia. Dificilmente suportam ver discórdia, pessoas brigadas ou ressentidas e querem logo ajudar, e se a discórdia estiver envolvendo esta pessoa sai de baixo. Ela não irá sossegar enquanto não conseguir pedir desculpas ou convencer a pessoa que ela não teve culpa. Mas cuidado, não fazem isso por bondade ou por caridade, mas por terem a necessidade de serem recompensadas, seja através do reconhecimento, ou de um elogio. Prova disso é que se fazem um bem e alguém não agradece, ficam ressentidas.
O problema é que por trás dessa necessidade de agradar a todos está uma grande necessidade de ser aceito, de ser acolhido. Este tipo de pessoa aprendeu que quando agrada, tem mais chances de ter como recompensa um sorriso, um carinho extra, um elogio. Volto a dizer que não existe problema em agradar, o problema está em ser escravo deste padrão de comportamento. Vamos a um exemplo. Imagina que você odeia comer jiló e em um almoço de família sua sogra faz um belo prato à base de jiló. Daí ela pergunta se você gosta e para não desapontá-la diz que adora jiló. Pois bem, você come forçado, finge que está gostando e agradou a sogrinha. Agora imagina que essa sogra, sabendo do seu gosto vai sempre preparar algo com jiló para você. Almoços e mais almoços por anos a fio com jiló que você odeia, isso tudo por que não conseguiu se impor, colocar seu gosto e dizer: muito obrigado mas eu não gosto de jiló.
Se fosse apenas um simples almoço estaria ainda tudo bem, mas pessoas com este tipo de repertório comportamental costumam repeti-lo na maioria das situações da sua vida. No trabalho vão aceitar fazer coisas que não gostam para o bem da equipe, no sexo vai abrir mão de algum prazer em função do parceiro, com os amigos vai querer ir a lugares que eles escolherem e nunca irá escolher um lugar, por que no fundo para essa pessoa é mais importante que o chefe o aprove, que o parceiro possa gozar, que os amigos estejam felizes com ele, ou seja, essa pessoa deixa de lado suas própria vontades, desejos, gostos, a longo tempo a vida começa a perder a graça e ela não entende o porquê.
A vontade de sair com os amigos diminui, a paixão pelo trabalho desaparece e fica apenas a obrigação e o prazer do sexo deixa de existir.
Com o passar do tempo essa pessoa começa a ficar sufocada, pois criou por todos os lados um ambiente estranho, repleto de coisas que ela não gosta, mas acredita que gosta. Se conversar com essa pessoa é capaz dela garantir que gosta de tudo o que tem, uma vez que esse conflito é inconsciente.
Se ela quiser mudar esse panorama em primeiro lugar terá que descobrir quais são seus reais prazeres, vontades, gostos. Depois disso começar a entender que também é importante, que é uma pessoa importante, que tem direitos, que merece sorrir, amar, comprar, viajar. E principalmente que PODE dizer NÃO, não quero, não gosto, agradeço mas não. E se alguém ficar triste com sua negativa? Paciência, problema dessa pessoa que irá precisar aprender a lidar com o não de alguém.
Detalhe importante, se você se viu nesse texto uma dica, comece fazendo uma lista das coisas que você mais gosta de fazer. Normalmente a pessoa descrita no texto tem grande dificuldade, já que seus gostos se perderem no gosto dos outros, foi a tantos shows pelos outros, viu tantos filmes pelos outros, comeu tantos pratos diferentes para agradar os outros que nem se lembra mais do que lhe apetece.
E se você não se enquadra neste tipo de personalidade mas conhece alguém que se enquadre, não seja direto mas aos poucos vá mostrando a ela o quanto ela é importante, pergunte o que ela gosta, o que ela quer fazer, se for um caso crítico ela irá responder: “O que você quiser fazer eu faço”,”o que você quiser comer eu como”. Mesmo assim estimule essa pessoa, diga, hoje não, hoje vamos fazer algo que você quer!!!
Quem se sente obrigado a sempre agradar está preso em um conflito delicado mas não percebe.
Liberte-se!
Que agradar alguém seja uma opção, uma escolha que possamos ou não ter, e não uma obrigação.
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