terça-feira, 30 de setembro de 2014

Se continua jurando que só soube agora das maracutaias na Petrobras, por que Dilma demitiu Paulinho de Lula em 2012?


Por Augusto Nunes

Durante o debate na TV Record, Dilma Rousseff colocou os adversários na cara do gol duas vezes, ambas em jogadas inspiradas na Petrobras. A primeira pisada na bola foi acusar o PSDB de tramar a privatização da estatal. Aécio Neves mandou no ângulo: avisou que pretende reestatizar a empresa privatizada pelo PT e impiedosamente saqueada por bandidos de estimação.

Sabe-se lá por quê, a oposição ignorou a segunda derrapagem. “Uma coisa precisa ficar clara: quem demitiu o Paulo Roberto Costa fui eu”, gabou-se Dilma, referindo-se ao ex-diretor que, depois de preso pela Polícia Federal, rendeu-se às vantagens da delação premiada e começou a falar. Para desespero dos participantes (por ação ou omissão) das bandalheiras incontáveis, não é pouco o que sabe o parceiro a quem Lula chamava carinhosamente de “Paulinho”. O que vazou foi suficiente para espalhar a insônia entre os fora da lei da divisão especial. O que logo se saberá vai ampliar a fortuna dos advogados que cobram a hora em dólares.

Dilma escapou por pouco de descobrir como se sentiu a defesa do time de Felipão naqueles 7 a 1. Aécio Neves deixou de enfiar-lhe a bola entre as pernas com a dedução óbvia: como quem demite também nomeia, a oponente acabara de confessar que a diretoria é escalada não pelo presidente da empresa, mas pelo presidente da República. Se é assim, Nestor Cerveró (nomeado diretor da Área Internacional em 2003) e Paulo Roberto Costa (diretor de Abastecimento entre 2004 e 2012) chegaram à sala do cofre graças ao chefe supremo.

Foi Lula, portanto, o parteiro da quadrilha. Gol da Alemanha. Outro golaço viria com a pergunta que Marina Silva ficou devendo: quais foram os motivos da demissão? Se Dilma dissesse que foi por “falta de afinidade”, tropeçaria na inclusão de Paulo Roberto Costa no seleto grupo de convidados para o casamento da filha e nas dezenas de fotos que documentam a harmoniosa convivência entre a supergerente de araque e o executivo espertalhão.

Caso afirmasse que a ação de despejo resultou das maracutaias colecionadas por Paulinho de Lula, Dilma se meteria num beco sem saída a bordo de interrogações desmoralizantes. Uma delas: se sabia de tudo pelo menos desde 2012, quando a demissão se consumou, como se atreve a continuar jurando que só soube agora da ladroagem na Petrobras? Outra: por que escondeu durante dois anos a roubalheira que justificara a demissão? Pena que Aécio e Marina tenham desperdiçado a chance do ataque em pinça.

Terão a oportunidade de redimir-se com o debate na Globo. Tomara que à dupla oposicionista não faltem agilidade mental e astúcia. Tomara que sobrem coragem e indignação.

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