"O Brasil nunca vai ser um país razoável se as desigualdades não diminuírem", afirmou em entrevista a diretora executiva do Instituto Paulo Montenegro Ana Lima. "E se tem alguma coisa que consegue acelerar a redução da desigualdade é a Educação, é ela quem consegue colocar todo mundo num patamar parecido e dar chance igual para todos", disse.
Mas os benefícios de uma Educação de qualidade para todos não param por aí. Diversos estudos comprovaram o impacto positivos da Educação para a melhoria da saúde, o aumento da renda, a diminuição da violência, o fortalecimento democracia e até o aumento da felicidade.
A mudança na Educação brasileira depende de esforços políticos que parecem além do nosso alcance, mas a verdade é que essa transformação pode começar agora, na sua casa, com seu filho. Confira atitudes que você pode tomar no dia a dia que fazem toda a diferença para a Educação e para o Brasil.
1) Valorizar a importância da Educação
O primeiro passo é entender a importância da Educação para a vida das pessoas. Mais do que garantir um bom emprego, a Educação promove outros direitos, como segurança, saúde e justiça e ainda possibilita uma visão mais ampla e crítica de si mesmo e do mundo. [ver matérias] Transmita ao seu filho a importância da Educação no dia a dia. Mostre que aprender é bom, demonstre interesse pelos assuntos escolares, como eventos e provas e, acima de tudo, dê o exemplo!
2) Entender seus direitos e os de seu filho
Ensino de qualidade não é um favor, mas um direito. Para poder exigir uma boa Educação, é preciso entender o que a lei garante a você e a seu filho. A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) é uma boa maneira de saber quais são as obrigações educacionais de cada entidade federativa.
Você sabia que é dever do Estado assegurar atendimento em creche e pré-escola para crianças de zero a seis anos? Se não houver vaga e a lista de espera demorar muito, os pais podem procurar a Diretoria Regional de Ensino ou acionar a Defensoria Pública, Ministério Público ou Conselho Tutelas para lutar pela vaga.
Além disso, material escolar e transporte gratuitos são também assegurados pela LDB.
3) Incentivar a leitura desde cedo
Ler bem é fundamental para o processo de aprendizagem da criança, pois é a base para aprender todas as disciplinas. Além disso, a leitura amplia o vocabulário, faz a criança escrever melhor e favorece um bom desempenho escolar.
E quanto mais cedo ela tiver contato com livros, melhor! "O comportamento da família influencia diretamente os hábitos da criança. Se os pais leem muito, a tendência natural é que a criança também adquira o gosto pelos livros", disse Rosane Lunardelli, doutora em Estudos da Linguagem e professora Universidade Estadual de Londrina (UEL).
4) Ajudar na alfabetização do seu filho
Mais do que aprender a ler, a criança precisa ler para aprender. Sem uma boa alfabetização nos primeiros anos de escola, ela irá acumular dificuldades ao longo dos anos. "A alfabetização é a base da aprendizagem dos alunos nas séries seguintes", disse Priscila Cruz, diretora-executiva do Todos pela Educação na apresentação dos resultado da Prova ABC , que mede a qualidade da alfabetização brasileira.
Ensinar é função do professor, mas os pais podem e devem colaborar na fase de alfabetização mostrando interesse e enriquecendo o ambiente da criança.
5) Ter uma boa relação com a escola do seu filho
Crie uma parceria com a escola de seu filho, pois é lá onde ocorrerá grande parte da aprendizagem dele. Participe das reuniões de pais e mestres e, mesmo que não haja reuniões marcadas, visite a instituição para tirar suas dúvidas.
Outra boa maneira de participar de perto da vida escolar de seu filho é integrar ou formar um Conselho Escolar, também conhecido como Comissão de Pais. Este grupo discute problemas da escola e propõe soluções em conjunto.
6) Valorizar o professor
Um bom professor faz toda a diferença na aprendizagem de seu filho. "A qualidade de um sistema educacional não será maior que a qualidade de seus professores", relatou o estudo Os Sistemas Escolares de Melhor Desempenho do Mundo Chegaram ao Topo, realizado pela consultoria McKinsey.
A Coreia do Sul, que já teve condições parecidas com as do Brasil, tornou-se referência em Educação justamente por valorizar a carreira dos docentes. Além do salário inicial atraente e a possibilidade de crescimento profissional, os coreanos respeitam e valorizam socialmente a função. Lá, os jovens sonham em ser professores e, por isso, apenas os melhores alunos chegam lá, pois as notas de corte para a carreira são altíssimas.
Professores que trabalham em condições adequadas são mais motivados e ensinam melhor, portanto, procure conhecer as ações o que a escola de seu filho faz para valorizá-los e demonstre respeito e interesse pelo seu trabalho.
7) Escolher seus candidatos de maneira consciente
Se a educação brasileira não for prioridade dos nossos políticos, não conseguiremos dar esse salto de qualidade tão necessário. Votar em candidatos comprometidos com a Educação é uma maneira de ajudar a mudar o destino do país. Mas não basta apenas votar, é preciso acompanhar o trabalho dos candidatos eleitos e cobrá-los para que cumpram suas promessas e façam seu trabalho.
8) Acompanhar a vida escolar
Quanto mais a família participa da vida escolar, mais as crianças aprendem! Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas mostrou que interesse, incentivo e ações simples como providenciar um bom local de estudo podem aumentar as notas em 20%.
Acompanhar a lição de casa também é uma atitude que melhora o desenvolvimento das crianças. Por meio dela, os pais podem se informar sobre o que o filho está aprendendo e enriquecer esse processo, mas atenção: acompanhar a lição de casa não é fazer a lição pelo seu filho.
9) Educar para os direitos humanos
Os direitos humanos asseguram que todos nascem livres e são iguais em dignidade e em direitos. A socióloga e pesquisadora da Fundação Carlos Chagas, Sandra Unbehaum, explica que esses direitos "garantem e favorecem que a vida em sociedade seja benéfica para todas as pessoas humanas e não somente para alguns grupos privilegiados". Liberdade de expressão, igualdade perante a lei, direito a votar e ser votado, direito à Educação, saúde, trabalho e moradia são alguns desses direitos fundamentais.
E a melhor maneira para educar as crianças para os direitos humanos, diz Sandra, é pelo exemplo. "Os pais, ou melhor, todos nós, precisaríamos praticar direitos humanos: simplesmente manter coerência entre a nossa prática e o nosso discurso", afirma.
Fonte: Educar para Crescer
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