domingo, 7 de dezembro de 2014

Jesus, O Cristo e os Cristianismos


Contrariamente ao que vulgarmente se pensa Jesus de Nazaré, o Cristo, não fundou o cristianismo.

A Antiga Aliança tinha várias correntes de pensamento como a seita dos Fariseus, Saduceus, Zelótas, Essênios, entre outras.

No início, Jesus foi chamado da seita dos Nazarenos e também conhecida como os do Caminho.

Foi em Antioquia que pela primeira vez os discípulos de Jesus foram chamados de cristãos e por este motivo, surgiu o cristianismo. Na verdade, Jesus não fundou nenhuma religião porque Ele é o cumprimento do que já anteriormente foi profetizado, o Emanuel que significa Deus entre os homens.

Assim como um rio corre de nascente para jusante, o Evangelho chega aos povos, o mar, em forma de delta, os cristianismos. O Livro de Atos dos Apóstolos é elucidativo dos Caminhos da propagação do Evangelho do Cristo. Nem sempre foi pacífica a compreensão das várias correntes do Evangelho e isto até aos dias de hoje. Consideremos no Livro de Atos dos Apóstolos, duas grandes correntes de pensamento, sobre o Evangelho, a saber:

O Evangelho de Jerusalém também chamado da circuncisão que tinha como colunas Pedro, João e Tiago e o Evangelho aos gentios, também chamado de incircuncisão apostolado por Paulo,Gl 2:8.

O Livro dos Atos dos Apóstolos apresenta-nos a primeira comunidade cristã de Jerusalém, após o dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo repartindo-se em forma de línguas de fogo encheu os que aguardavam a promessa, At 1:1-3. Esta comunidade, tinha as suas raízes na Antiga Aliança em que a prática da circuncisão herdada da Aliança que Deus fez com Abraão e confirmada na Aliança do Sinai quando na entrada da Terra Prometida. Temos que considerar a desvinculação ao sacerdócio Levítico e a passagem para o Sacerdócio de Melquisedec, Hb 7,8 e 9, baseado em superiores promessas.

Outro fator também importante a considerar é a cultura helenista no que diz respeito a considerar o homem como um ser dividido, a carne, a alma e o espírito. Esta influência chamada de platonismo influenciou o Evangelho até aos dias de hoje.

O Evangelho da incircuncisão, também chamado o apostolado de Paulo, aos gentios, foi confirmado pela profecia do profeta Amós, interpretada por Tiago, no Livro de Atos, como está Escrito:

“Cumpridas estas coisas, voltarei e reedificarei o tabernáculo caído de Davi; e, levantando-os de suas ruínas, restaurá-los-ei. Para que os demais homens busquem o Senhor, e todos os gentios sobre os quais tem sido invocado o meu nome, diz o Senhor que faz estas coisas conhecidas desde séculos, At 15:16-18

Tiago, aqui, revela-nos quanto à restauração do reino de Davi, Am 9:11-12 que produziria um ajuntamento de gentios, e declara que essa profecia estava tendo cumprimento neotestamentário de uma profecia do Antigo Testamento, que diz respeito à restauração de Israel.

É digno de nota, a mudança feita por Tiago ao traduzir a profecia de Amós. A sentença de Amós “para que possuam o restante de Edom, ” torna-se em At 15:17, “para que os demais homens busquem o Senhor”. Isso significa que Tiago viu o cumprimento da profecia de Amós, não numa restauração política da dinastia davídica, que obteria posse militar dos remanescentes de Edom, mas no reino espiritual de Cristo, voluntariamente buscado pelos cristãos. Aqui, pois, O Novo Testamento interpreta, figuradamente, uma profecia velhotestamentária da restauração de Israel.

Destas duas grandes correntes do cristianismo surgiram ao longo da história várias interpretações do Evangelho, como por exemplo a graça e as obras, a fé e as obras, a circuncisão e a incircuncisão a guarda dos mandamentos e a negação aos mesmos, os carismas do Espírito como o falar em línguas, dons de cura, entre outros e a ausência destas manifestações consideradas irrelevantes a comparar com o amor,I Co 13.

Eu escrevi no início que o Evangelho é como um rio cuja nascente compreende as duas margens referidas como da circuncisão e da incircuncisão e cujo resultado apresenta-se em ramificações, o delta, mas o Senhor é o Cristo.

A comunhão do Corpo de Cristo terá que levar em conta, no meu entendimento, a gênesis, porque no dizer do Senhor aquele que não é contra mim é por mim.





Por Amilcar Rodrigues

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