sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Furacão digital no Caribe

A propaganda do governo, a imprensa oficial e slogans tipo “Pátria o muerte” vão ser desmoralizados pela internet


Ditaduras acabam pelas armas, por grandes mobilizações populares, pela fuga dos ditadores depois de saquear o país, acabam até com cravos vermelhos e sem um tiro, como em Portugal, ou caem de podres, como a nossa. Mas ultimamente têm acabado mal, como no Egito, na Líbia e no Iraque, e não raro são substituídas por novas ditaduras, ainda piores.

Uma das mais duradouras do planeta, mesmo sendo “do proletariado”, é a ditadura cubana, que com o reatamento de relações com os Estados Unidos caminha inexoravelmente para o fim do seu ciclo histórico. A novidade é que o regime cubano talvez seja o primeiro a ser derrubado pela massificação das comunicações e da internet — a mais inteligente e eficiente exigência que Obama negociou para o reatamento com Cuba.

Em pouco tempo a ilha estará na grande rede, todos terão acesso a tudo que se passa no mundo, no país, no bairro, na tecnologia, nos direitos humanos, na política. Todos verão que a história não é bem como a Revolução lhes contou, saberão que foram enganados, conhecerão os grandes erros que atrasaram e empobreceram o país. Depois de 50 anos a seco, uma tsunami de informações, opiniões e debates vai sacudir a ilha.

Para um povo que ainda vive na idade do chip lascado e do wi-fi a lenha, essas facilidades de comunicação se potencializam com seu alto nível de educação, a melhor das Américas, que lhes permitirá desfrutar plenamente do mundo novo que conhecerão. Denúncias serão feitas com fotos e gravações de celulares, segredos e tramoias serão revelados, com a porteira digital aberta não haverá polícia nem cadeia que segure tantos dissidentes.

A propaganda do governo, a imprensa oficial e slogans tipo “Pátria o muerte” vão ser desmoralizados pela internet. Com cartões de crédito e comércio on-line, Cuba vai receber um banho não só de dólares, mas de uma nova realidade, de novos sonhos e pesadelos.

Mas, quando se juntarem os capitais, tecnologias e empreendedorismo de dois milhões de cubanos de Miami com a educação e qualificação dos dez milhões da ilha, não só acabará a ditadura, mas logo Cuba será um dos melhores países da América.




Por Nelson Motta

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