Impossível não voltar ao tema, mesmo tendo de interromper minhas férias uma vez mais. O Brasil nos enche de vergonha mundo afora, quando “ilustres intelectuais” partem em defesa, ainda que tímida, dos terroristas islâmicos, apelando para um relativismo cultural e religioso nojento e hipócrita. Cheguei a escrever um comentário em minha página do Facebook expondo a insustentabilidade da postura relativista, que procura sempre amenizar o “outro lado” para cuspir no Ocidente mais civilizado:
A grande incoerência daqueles que tentam enxergar o “outro lado” nessa coisa toda abjeta do terrorismo islâmico em Paris é não perceber que, se o relativismo cultural dá uma espécie de salvo-conduto para a barbárie, então em nome do mesmo multiculturalismo poderíamos argumentar que o Ocidente pode reagir à barbárie com uma bomba atômica. Seria parte da “nossa cultura”. E nem uma palavra poderia ser dita pelos relativistas sem que caíssem em contradição. Ou seja, ao assumirem que alguns de outra cultura ou religião podem reagir à sátira com violência e sangue e outros não, estão automaticamente admitindo a SUPERIORIDADE do lado ocidental, justamente aquilo que pretendiam negar com o relativismo. Deu para entender?
Mas se a reação de certas figuras da esquerda nos deprime, pois tentam defender o indefensável, ao menos alguns outros nos vingam, com excelentes textos que massacram intelectualmente esses relativistas. Foi o caso da reportagem de capa da Veja desta semana, que conclamou todos os cidadãos civilizados ao combate ao terrorismo, usando as nossas melhores armas: as ideias, a liberdade de expressão, o humor. Diz a conclusão do editorial:
Outro que lavou nossa alma foi Demétrio Magnoli, ele mesmo de esquerda, mas indignado com o esquerdismo retrógrado de nosso país, tomado pela lavagem cerebral antiamericana de nossas universidades. Demétrio escreveu um excelente texto na Folha, derrubando as falácias dessa esquerda atrasada que flerta com o terrorismo. Diz ele:
A mensagem dos franceses foi um tributo à vida e à civilização. “Eu sou Charlie” não significa que concordo com qualquer uma das sátiras do Charlie Hebdo. Significa que concordo com a premissa nuclear das sociedades abertas: a liberdade de expressão é, sempre, a liberdade daquele com quem não concordo. Isso, porém, nunca entrará na cabeça de nossos mensageiros da morte.
Seu discurso padrão começa com uma condenação ritual do ato terrorista: “É claro que não estou defendendo os ataques”, esclareceu de antemão uma dessas tristes figuras, antes de entregar-se à defesa, na forma previsível da condenação das vítimas “justiçadas”. “Não se deve fazer humor com o outro”, sentenciou pateticamente Arlene Clemesha, que ostenta o título de professora de História Árabe na USP, para concluir com uma adesão irrestrita à lógica do terror jihadista. É preciso, disse, “tentar entender” o significado do ataque: “um atentado contra um jornal que publicou charges retratando o profeta Maomé, coisa que é considerada muito ofensiva para qualquer muçulmano”.
E concluiu, de forma fulminante:
Em outros lugares e outros tempos, o pensamento de esquerda confundiu-se com o cosmopolitismo e produziu as mais comoventes defesas das liberdades civis. No Brasil de hoje, com honoráveis exceções, reduziu-se a um pátio fétido habitado por “black blocs” iletrados, mas fanaticamente antiamericanos e antissemitas.
“Não se deve fazer humor com o outro”, está escrito na lápide definitiva que cobre o túmulo do humor. Raqqa, a sede do califado, é aqui. “Eu sou Charlie”.
Por fim, outro que veio pelo lado direito detonar a estupidez esquerdista foi Denis Rosenfield que, em sua coluna de hoje no GLOBO, descreveu o absurdo da postura dessa gente, cuja alcunha é merecida e dá título ao artigo: esquerdopatas. Uma mistura de esquerda com psicopata, pois sim, é preciso ser um psicopata para relativizar ou até mesmo jogar a culpa nas vítimas de um atentado tão cruel e desnecessário como o ocorrido em Paris. Diz Rosenfield:
Os terroristas mostraram em sua ação o seu extremo profissionalismo. Não são “lobos solitários” nem indivíduos que agem de uma forma amadora, levados por uma emoção intensa. Foram treinados com tal objetivo e veicularam em seu ato o islamismo radical que os alimenta. Um policial ferido foi friamente assassinado no solo, quando os terroristas já se retiravam. Cartunistas chamados por seus nomes, que eram alvos previamente determinados e que deveriam ser exterminados.
[...]
Trata-se de uma trajetória da maldade que encontra agora, na figura de jornalistas contestatários, uma espécie de culminação, a do terror que, nesta sua forma, torna-se mais assustador. Ocorre que esse desfecho contou, em seus momentos anteriores, com a simpatia de vários setores à esquerda do jornalismo e da intelectualidade. Muitos dos seus atos, com essas suas outras faces, eram vistos como modos de luta contra os EUA, o “imperialismo”, o capitalismo e outras bobagens do mesmo quilate. Outros ainda afirmavam a necessidade do multiculturalismo, do direito de diferentes culturas (aliás, direito ao terror, propriamente falando!).
Outros ainda procuram explicar o terror como uma suposta retroalimentação entre ele e a islamofobia ou, ainda, “justificar” tais tipos de ação como “respostas” à profanação da imagem de Maomé, como se os terroristas tivessem o direito de impor as suas crenças aos países ocidentais, eliminando os seus valores. Claro que sempre há uma frase ou pequeno parágrafo final condenando o ato, como se assim o jornalista ou “analista” pudesse ainda salvar a sua face, não se mostrando francamente adepto do terror, o que não cairia bem no contexto atual de condenação mundial a este ato.
São, na verdade, esquerdopatas, ou seja, dizendo a mesma coisa de outra maneira, pensam com as patas.
A verdade nua e crua: quem tenta suavizar para o lado dos terroristas, ou encontra motivos de sobra para colocar um “mas” após “condenar” o atentado e logo depois dedica o grosso do espaço às críticas ao próprio Ocidente, prefere falar da “islamofobia” ou dos “excessos da liberdade de expressão” ou ainda da “falta de respeito com outras culturas e religiões” é alguém que se entregou ao absurdo, flertando com o terrorismo.
“Qualquer concessão ao multiculturalismo nada mais é, aqui, do que uma adesão politicamente correta ao terror”, diz Rosenfield. E está certo. Os multiculturalistas que preferem cuspir nas civilizações mais avançadas, civilizadas, tolerantes e plurais, pois com isso atacam o “imperialismo estadunidense”, o c capitalismo e a “democracia burguesa”, são todos inimigos da democracia, da liberdade e da própria civilização. São esquerdopatas que flertam com o niilismo, e deveriam buscar ajuda para tanta alienação em um divã. O problema é que tem muito psicólogo e psicanalista entre esses esquerdopatas…
Por Rodrigo Constantino
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