sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Venezuela, destruída por chavismo, é fato incômodo para a esquerda



Cuba vive na total miséria, produzida pelo socialismo, que em todas as suas experiências deixou apenas o mesmo resultado: um rastro de miséria e escravidão. Mas Cuba apresentava uma vantagem aos esquerdistas: sofre com o embargo americano, após ter expropriado empresas e apontado mísseis para a Flórida. Era a desculpa perfeita para tanta pobreza: culpa dos malditos ianques!

Está certo que quem usa esse “argumento” cai em contradição, pois não percebe que está elogiando a globalização e o comércio com os consumistas americanos, tudo aquilo que costuma repudiar também e culpar pela pobreza em outros lugares. A esquerda precisa se decidir: praticar comércio com os estadunidenses é bom ou ruim?

Mas o fato é que dava para se esconder um pouco atrás desse embargo para não precisar encarar tão de frente a inexorável consequência do socialismo: a miséria. Só que isso não é mais possível. Cuba deixou, afinal, de ser o grande experimento socialista na região, sendo substituída pela Venezuela, com seu “socialismo do século XXI”.

A esquerda pode ter memória curta, mas estamos aqui para refrescá-la: se hoje tenta se afastar do modelo venezuelano, a verdade é que ele foi motivo de muito elogio e empolgação no começo. Ainda desperta alguns “vivas” dos mais alienados e radicais. Chávez foi alçado ao patamar de guru, de grande líder humanista que iria, finalmente, lutar pelos mais pobres e pela igualdade.

E agora? Quem culpar pela desgraça evidente? Os Estados Unidos? Mas não tem embargo algum. Ao contrário: os americanos compram centenas de milhões de dólares em petróleo venezuelano, ajudando a injetar recursos no país, um país, diga-se de passagem, com abundância de recursos naturais.

Isso derruba outra falácia esquerdista: então basta ter riquezas naturais para prosperar, sob os cuidados do estado? Foi o que fez a Venezuela com sua estatal PDVSA. No entanto, a produção de petróleo só cai e a riqueza só se concentra na burocracia corrupta, enquanto a miséria aumenta entre a população.

Foi o tema do editorial do GLOBO de hoje, fazendo um rápido resumo dos últimos 15 anos de chavismo e seus estragos em um país outrora rico. Diz o jornal:

A Venezuela encerra o 15º ano do ciclo chavista. A cada dia, a situação do país — lucrativo mercado para empreiteiras brasileiras — se torna mais crítica política, social e economicamente. A inflação, acima dos 63% anuais, tende a avançar para o patamar dos três dígitos, aguçando o conflito social. O declínio de 25% no preço do petróleo aprofunda a crise (Chávez assumiu com o barril a US$ 30, imperou com o óleo a US$ 140 e hoje o país não consegue sequer comprar alimentos com a cotação a US$ 80.) A Venezuela, que depende do petróleo para 96% da receita de exportações, virou um pária internacional — sobretudo em direitos humanos, com a oposição encarcerada —, e o governo imerso em corrupção.

A população enfrenta a cada vez mais aguda falta de produtos alimentícios e essenciais, por conta da escassez de divisas para as importações. A disparada de quase 30% do dólar no paralelo torna os produtos importados inacessíveis para uma vasta parcela da população. Os ricos continuam comprando o que lhes apraz no exterior. A criminalidade e a violência dispararam. O caos social não está longe.

[...]

No pós-globalização, o chavismo adota o planejamento centralizado da economia, que não deu certo em lugar algum. O Estado avançou sobre as empresas, nacionalizando-as e, portanto, jogou a eficiência no fundo do poço e afugentou investidores. Tudo em nome do “socialismo do século XXI”.


Ou seja, a Venezuela seguiu a cartilha da esquerda radical, do Fórum Social Mundial, do Foro de São Paulo, dos “intelectuais” como Eduardo Galeano e tantos outros, que sempre cuspiram no capitalismo, no lucro, na economia de mercado, nos investidores globais, oferecendo como alternativa a “justiça social” produzida por um estado centralizador.

E agora? O fracasso venezuelano será órfão? Seus “pais” não vão assumir a responsabilidade por mais um monstro criado no mundo? Fica difícil fingir que não há elo algum entre as propostas socialistas e o retumbante fracasso, não é mesmo? Sem embargo para culpar, sem imperialismo ianque para apontar o dedo, como a esquerda vai se defender de mais essa tragédia prática de suas ideias? Vai simplesmente ignorar os fatos incômodos para continuar pregando a mesma cartilha equivocada novamente?





Por Rodrigo Constantino

Nenhum comentário: