quinta-feira, 13 de novembro de 2014

"Sem crescimento não há como atender a demandas sociais"



Criou-se uma falsa dicotomia entre crescimento econômico e políticas sociais, como se estas não dependessem daquele. Quando uma economia para de crescer, o governo precisa apertar os cintos, cortar gastos, fechar a torneira. E isso afeta os programas sociais, claro.

A alternativa é produzir inflação, o que representa um imposto perverso sobre os mais pobres. De uma forma ou de outra, o social é duramente prejudicado pela ausência de crescimento da economia. Um país estagnado pune de forma desproporcional os mais pobres.

Quem reforçou esse alerta foi o empresário Jorge Gerdau, que já esteve mais próximo do governo Dilma, tentando levar algum bom senso da iniciativa privada para a gestão pública. Hoje ele reconhece que não é algo simples, pois o mecanismo de incentivos é diferente: ao contrário da empresa, o governo não corre o risco de “morrer”. Suas trapalhadas recaem sobre ombros alheios.

Para Gerdau, falta visão estratégica ao governo. Qual será a postura externa adotada pelo governo? Será mesmo na linha do Mercosul, ou há chance de seguirmos na linha do Pacífico e nos aproximarmos dos Estados Unidos? Sem tais definições, os empresários não conseguem investir pesado, pois temem um futuro sombrio. Dezenas de bilhões aguardam por definições na gaveta.

Em evento da Lide, Gerdau chegou a criticar a postura do governo em relação ao Bolsa Família, alegando que deveria ser comemorado quando alguém deixa o programa assistencialista, não quando mais gente entra nele, dependendo do estado. É preciso valorizar o trabalho. “Quem caça come, quem não caça, não come”, resumiu. Nossos valores invertidos têm privilegiado quem não produz.

Jorge Gerdau sempre defendeu abertamente a importância da economia de mercado como locomotiva do progresso social. Em tempos mais recentes, tentou colaborar com o governo Dilma, dando conselhos, buscando levar essa mensagem mais liberal aos governantes. Sua decepção tem sido visível.

Chegou a chamar de “burrice” criar tantos ministérios, o que tornaria inviável o governo. Dilma diz que é “lorota” essa suposta necessidade de reduzir a quantidade de ministérios. Algumas pessoas são mesmo impermeáveis à razão. Gerdau deve ter descoberto isso na prática, tentando persuadir Dilma e sua equipe com argumentos lógicos…





Por Rodrigo Constantino

Nenhum comentário: