domingo, 24 de agosto de 2014

O desafio da oposição: explicar ao "homem médio" o que vem por aí



Diante da perplexidade de ver o péssimo desempenho da presidente Dilma no JN e lembrar de que ainda lidera as pesquisas, terminei meu texto de ontem com uma pergunta meio retórica: o que está acontecendo com o Brasil?
Muitos leitores responderam: Bolsa Família. Este foi o item mais citado. Ou seja, compra de votos. Não há como negar: o governo do PT tentou comprar todos, e as esmolas estatais se transformaram em moeda de troca política, em vez de programa de Estado para realmente ajudar os mais pobres.
Mas seria apenas isso? O Bolsa Família explica grande parte do fenômeno, sem dúvida. Mais de 13 milhões de famílias beneficiadas, o que daria algo como 30 milhões de votos “comprados”. Basta ver que Dilma possui intenções desproporcionais no nordeste e nas áreas mais pobres e menos escolarizadas do sudeste, justamente por conta disso.
Só que Dilma possui cerca de 40 milhões de eleitores, segundo as pesquisas. Há um hiato aí, e nem tudo pode ser explicado pelo Bolsa Família (ainda que, repito, seja o grosso da explicação). De onde vêm esses outros votos? Por que alguém votaria em Dilma se não fosse o simples receio de perder um benefício estatal?
Meu vizinho virtual, Geraldo Samor, ofereceu uma boa explicação em seu texto de hoje. Usando um caso real de um pedreiro, o “seu” Israel, ele mostra o que vai na mente dessas pessoas da classe C e D, trabalhadoras, mas que mesmo assim votam no PT.
O motivo? Não compreendem o cenário econômico, não sabem que as “conquistas” recentes – e hoje ameaçadas – são insustentáveis, foram obtidas pelo comprometimento de nosso futuro, por meio de medidas populistas. Diz Samor:
Como converter o voto deste brasileiro médio, mais decisivo para o resultado das urnas do que os partidários que fazem a guerrilha diária nos blogs, no Twitter e no Facebook?
Como mostrar para seu Israel que o bem-estar que ele sente hoje foi comprado com uma hipoteca sobre o futuro — e, pior, que a conta está prestes a chegar?
Como falar para este trabalhador sobre os esqueletos dos juros subsidiados, a distorção de preços que existe hoje na economia, como explicar que a inflação já está fazendo o trabalho que as políticas fiscal e monetária não fizeram, e que, se o rumo atual for mantido, sua renda amanhã será menor que a de hoje?
Os economistas sempre disseram que a grande dúvida desta eleição é se a economia vai enfraquecer rápido o suficiente para expor as más escolhas econômicas do Governo Dilma, e com isso virar o jogo… ou se a Presidente vai escapar por pouco.
Com as últimas pesquisas e o ‘fenômeno Marina’, muita gente já acha que a Era Dilma está chegando ao fim, mas, por via das dúvidas, convém combinar com seu Israel.
E eis o grande desafio da oposição: explicar em linguagem acessível o que vem por aí, a bomba-relógio montada pelo governo do PT e que está prestes a estourar. É verdade que o “seu” Israel e companhia já sentem os estragos da inflação e da queda da atividade, agora estagnada.
Mas a fatura mesmo ainda não chegou: o desemprego. Sem a capacidade de compreender isso, e escutando propaganda enganosa do governo o tempo todo, além de terrorismo eleitoral, esses eleitores temem um “arrocho” por parte da oposição, ignorando que o verdadeiro arrocho vem justamente se Dilma continuar no poder. Complicado é levar essa mensagem de forma clara e compreensível a essa gente toda…



Fonte: Veja



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