domingo, 24 de agosto de 2014

Bolsa Família: voto de cabresto e terrorismo eleitoral

Deu na Veja: Bolsa Família, o maior colégio eleitoral do Brasil 


Um eleitorado de 40 milhões de pessoas é influenciado pelo programa, que, especialmente no Nordeste, se tornou uma arma eleitoral incomparável
“Quem de vocês aqui gosta do Bolsa Família levanta a mão?”, brada ao microfone, do alto de um palanque improvisado, o senador Lobão Filho, candidato do PMDB ao governo do Maranhão, na pequena cidade de Barra do Corda (85.000 habitantes). A plateia reagiu imediatamente com os braços estendidos. O candidato continuou: “Isso me preocupa, porque os nossos adversários estão unidos a Aécio Neves, que já disse em todos os jornais e todas as emissoras de TV que é contra o Bolsa Família”.
Filho do ministro Edison Lobão (Minas e Energia), que orbita o petismo como representante de José Sarney há anos, o candidato peemedebista convive com Aécio Neves no Senado. Os dois são colegas. O peemedebista sabe que o tucano nunca se opôs ao programa – pelo contrário, é de Aécio a proposta para transformar o programa em política permanente de Estado. Mas, nos grotões do Brasil, Lobão Filho utiliza um discurso convenientemente falso. Mesmo um candidato ligado à oligarquia recorre ao discurso de que os seus concorrentes são inimigos do povo por causa de uma oposição fictícia ao programa.
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“Não me interessa saber quem são os outros candidatos”, declara Claudilene Melo, que trabalha como doméstica mas também recebe o Bolsa Família.
O cenário eleitoral deve acentuar a importância do Bolsa Família para a candidatura de Dilma Rousseff. A trágica morte do candidato Eduardo Campos e a possível entrada de Marina Silva na disputa devem acentuar, por um lado, a vantagem de Dilma no Nordeste (onde Campos era mais popular) e, por outro lado, tirar votos da petista nas grandes cidades (onde Marina tem um eleitorado mais forte). Como consequência, a tendência é que o PT se encastele ainda mais no Nordeste, onde estão 52% dos beneficiados pelo Bolsa Família (a região tem apenas 27,7% da população brasileira).
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Independentemente da postura dos adversários de Dilma Rousseff, a maior parte dos eleitores que recebem o Bolsa Família não arrisca apoiar aquilo que veem como uma aposta duvidosa. Para o jogo democrático, o efeito é desastroso. Se o único critério na escolha do candidato é o Bolsa Família, o eleitor vota sem levar em conta outros temas essenciais, como as políticas para saúde, segurança e o combate à corrupção. “É como se nós tivéssemos voltando para o século XIX, com os currais eleitorais fechados”, diz o professor José Matias-Pereira, da UnB.
Como o número de beneficiários do Bolsa Família cresce continuamente, é cada vez maior o contingente de eleitores que escolhe seu candidato presidencial apenas com base no receio de perder o pagamento mensal. “O coronel local está sendo substituído pelo coronel federal. Mas o padrão é o mesmo: o modelo patrimonialista onde indivíduo usa os bens do estado para se beneficiar politica ou em benefício próprio”, afirma o professor da UnB.
O que mais posso comentar? Voltamos ao velho voto de cabresto. O PT comprou todos que estavam à venda, explorou de forma demagógica e populista nossa miséria, como fez Chávez na Venezuela. É um partido que faz muito mal ao país, à democracia.
Em todo lugar que vou, não vejo um só defensor do PT ou de Dilma. Todos sumiram! Ela tem até receio de andar pelas ruas do país, por motivos óbvios: nunca antes na história deste país se viu tanta rejeição a um candidato que, pasmem!, lidera as pesquisas eleitorais. Onde estão esses eleitores?
Eis a resposta: a imensa maioria está no nordeste, recebendo esmolas sob ameaças de que elas irão cessar caso outro candidato seja eleito. Chama-se terrorismo eleitoral e compra de votos. Por isso Aécio Neves já deixou claro que pretende transformar o Bolsa Família em programa de Estado, não de governo. Justamente para impedir esse claro abuso da máquina estatal para fins partidários.
O PT, após tantas décadas de discurso de luta de classes, finalmente conseguiu segregar o Brasil, parti-lo ao meio: de um lado, aqueles que ganham para não trabalhar; do outro, aqueles que trabalham para pagar a conta.


Fonte: Veja

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