sexta-feira, 26 de junho de 2015

Lula não queria reeleição de Dilma por apostar no fracasso tucano


O país virou um hospício ou eu enlouqueci de vez? Senão vejamos: a Dilma vai a Palmas e diz um monte de besteira para os índios que participam de um campeonato mundial; o Lula desce a pua no governo e chama a presidente de mentirosa quando diz uma coisa na campanha e faz outra; o Levy não consegue articular nada com nada quando fala da economia do país em recessão e descendo ladeira abaixo; o Zé Dirceu acha normal um lobista participar com 400 mil reais da compra do seu escritório em São Paulo; os senadores petistas fazem um desagravo (desagravo de quê?) e chama o Lula de “Grande líder”; e os empreiteiros continuam negando que deram dinheiro a ele para evitar que o juiz Sergio Moro mande a Polícia Federal prendê-lo.

A Dilma e o Lula transformaram o Brasil numa bagunça, o país está uma zona. Ninguém sabe quem manda em quem. O Lula, que antes fazia um governo paralelo, agora está na oposição criticando a sua obra mais espetacular, a Dilma, que chegou ao poder depois de lhe apresentar um laptop, uma engenhoca que até então ele não conhecia. Abandonado pela criatura que gerou, o ex-presidente vive momentos de tensão depois que a CPI da Petrobrás decidiu convocar seu assessor financeiro Paulo Okamoto para depor. O “Grande Líder”, versão tupiniquim do stalinismo, que se achava até então intocável e inalcançável, vociferou contra seus liderados ao saber da notícia. Sobrou até para o vice Michel Temer – chefe do departamento de pessoal da Dilma – que se desgasta na articulação política de um governo caótico, fragilizado e corrupto rejeitado por quase 70% da população.

A animosidade dos dois vem desde a última campanha. Vou repetir aqui o que escrevi antes das eleições. Lula não queria a reeleição da Dilma, mas teve que engolir a sua candidatura depois que ela decidiu enfrentar novamente às urnas e espalhou que seria golpe se fosse impedida de disputar mais um mandato. Lula encolheu-se e mandou seus áulicos, um deles, o ex-deputado André Vargas, em cana, esfriar o “Volta Lula”. Ele monitorou o primeiro mandato de sua sucessora e constatou o óbvio, a sua incompetência para administrar o país. Sabia que a sua popularidade alta ao sair da presidência iria para o brejo no segundo mandato de Dilma. Além disso, tinha consciência de que o crescimento do país devia-se, entre outras coisas, aos preços das commodities no mercado internacional. Entendia que o fracasso do governo tucano, que administraria uma economia destroçada, o traria de volta nos braços do povo. Só se empenhou de verdade na reeleição da Dilma quando foi avisado que os tucanos não eram confiáveis e que ele ficaria fragilizado sem o PT no poder.

A Dilma, que vivia a experiência de uma segunda campanha, entregou os programas à equipe dos marqueteiros. Não atentou para o perigo de fazer promessas mirabolantes e mentirosas no momento em que o pais já dava sinais claros de que entraria numa estagnação econômica com inflação alta e desemprego. Queria ganhar a todo custo, mesmo que para isso tivesse que iludir os eleitores.

Sem o traquejo dos políticos mais experientes, ao ganhar a eleição tentou voo solo. Achou que os brasileiros teriam votado nela independente do Lula ou do apoio dos petistas. Começou logo cedo a mostrar sinais de que trairia o “Grande Líder”. Expulsou do Planalto todos os seus homens de confiança, escolheu o ministro da Fazenda sem consultar o chefe e alojou no Gabinete Civil, Aloizio Mercadante, de quem Lula tem ojeriza. Para Lula, que queria continuar mandado, a casa desabou. Começou a se sentir ainda mais traído, quando observou que a Dilma não movia uma palha para protegê-lo das denúncias que sofria de ser lobista de luxo das empreiteiras. E a gota d’água para o racha foi a convocação do Okamoto por uma CPI dominada por peemedebistas e petistas, partidos da base aliada.

Para os brasileiros que foram enganados na campanha essa briga entre criador e criatura é muito boa, pois, mais cedo ou mais tarde, vamos saber da podridão que rolou e rola no país até hoje.
















Por Jorge Oliveira

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