Estrangeiros, sobretudo os controladores britânicos da economia globalitária, nunca fazem análises isentas e descompromissadas sobre o Brasil. Não foge a esta tendência a pancada analítica mais recente, dada pelo diário britânico Financial Times (que o grupo Pearson confirma estar vendendo, provavelmente para os japoneses do mundo digital). O grande interesse dos patrocinadores do jornal é aproveitar a crise estrutural tupiniquim para adquirir o controle de nossas principais empresas - inclusive usando chineses como "laranjas".
O virulento texto do FT, tão festejado pela pretensa "oposição" e por alguns analistas midiáticos sem noção da realidade, peca por elementar burrice analítica. No editorial “Recessão e corrupção: a podridão crescente no Brasil”, o editorialista comete estupidez ou erro de paradigma analítico ao afirmar que "as instituições democráticas no Brasil têm força". Só quem está muito de fora (e por fora) do problema estrutural brasileiro consegue defender esta "tese" ingênua e incorreta.
Na verdade nua e crua, o impasse institucional brasileiro, combinado com a crise econômica, a insegurança do Direito, a corrupção sistêmica, a impunidade e a violência urbana sem controle, empurram o Brasil para um estágio de pré-convulsão social. O Brasil parece cada vez mais com aquela velha República de Weimar que antecedeu à escalada nacional socialista de Adolf Hitler na Alemanha. Recessão, estagflação, radicalismo ideológico e fraqueza das instituições costumam levar qualquer lugar ao caos - que demandará "força autoritária" como pretensa solução...
O risco de uma convulsão, com ruptura institucional, é um cenário cada vez mais próximo e possível - mesmo no Brasil em que se cultua o falso mito de uma passividade e pacifismo de um povo. O maior risco que o processo de convulsão social pode gerar interessa demais aos controladores globalitários: a divisão do Brasil, não em uma república federativa (coisa que, de verdade, nunca conseguimos implantar desde o golpe de Estado que derrubou o Império em 15 de novembro de 1889), mas sim na criação de estados fragmentados.
Todos os desgovernos a partir da chamada Nova República (1985) vêm colaborando para gerar as pré-condições históricas para que o separatismo artificial seja incluído na agenda. O Brasil precisa de um federalismo de verdade, igual ao modelo norte-americano, onde o governo da União mantém a unidade nacional, a partir do estrito respeito constitucional à soberania dos estados membros. O problema nosso é que o Brasil não passou por uma revolução, igual a dos EUA, que implantou um federalismo equilibrado. Nosso modelo resultou de uma ação interventora do Poder Federal - que causa, originariamente, todas as nossas falhas estruturais da Nação.
O Brasil precisa ser reinventado se quiser continuar sendo o País que parece ser. Por isso, é chover no molhado e perder tempo dar importância à análise do FT sobre a “incompetência, arrogância e corrupção quebraram a magia” do país ou à frase que tanto chocou a cúpula de nossa politicagem governamental: ”O Brasil hoje tem sido comparado a um filme de terror sem fim”. Os britânicos só acertam, enxergando o óbvio ululante, que “pode ser que tempos mais difíceis estejam adiante do Brasil”.
Nosso problema central não é se Dilma vai cair por impeachment ou pedir para sair (inventando alguma doença). Se a saída dela acontecer, o que a pressão político-popular torce que acontece o mais breve possível, fica a maior das dúvidas: como será o dia seguinte. O famoso "day-after" não está totalmente desenhado. Soluções para o aprimoramento institucional existem. No entanto, não são consensuais entre o que se pode chamar de "Elite Moral". A massa, sempre pragmática, sempre torce pela fórmula mágica promovida por algum "salvador da pátria".
Golpe? As instituições já estão golpeadas pela governança do crime institucionalizado, sem previsão de punição, a não ser com o rigor seletivo contra os inimigos de ocasião (no caso atual, os empresários corruptos). Alguns políticos, parceiros deles, podem entrar também pelo cano. No entanto, a realidade de sacanagem e roubalheira não vai mudar radicalmente, porque o sistema continuará o mesmo. As punições, se realmente ocorrerem, vão atingir algumas moscas varejeiras. O modelo continuará intocável - a não ser que a crise gere alguma "revolução".
Nas condições atuais, se depender da cúpula dos militares, não haverá apoio imediato a nenhuma espécie de "intervenção constitucional". O famoso e sempre temido "golpe militar", então, nem se fala. Trata-se de um fenômeno fora de cogitação - a não ser que as legiões sejam tiradas da "zona de conforto" (aliás, nada confortável). O fato concreto é que as condições de hoje tendem a degenerar em convulsão política e social. Aí sim, querendo ou não, as Forças Armadas podem ser forçadas a entrar em campo. Ocorre que é consenso entre analistas na caserna que, se isto acontecer, será uma "intervenção pontual".
Por enquanto, Bruzundanga está naquele ritmo de (nem) pagar para ver. Banqueiros já começam a se preocupar, seriamente, com a inadimplência e o calote - que saem do controle. Os juros altos, as taxas absurdas e o fornecimento de crédito de forma irresponsável, mais para o consumismo que para a produção, criaram um monstro que se volta contra os criadores rentistas - que comemoram recordes de lucros, enquanto a ignorante sociedade brasileira paga a conta do modelo equivocado e da estrutura ineficiente, gastadora e falida - moral e economicamente. O medinho da banqueiragem é o componente novo no cenário de caos que tende a se aprofundar no Brasil.
A confusão - ou convulsão - que vem adiante não consegue ser prevista pelos estrangeiros. Enquanto isto, continuamos assistindo às ilusões de poder da Rainha Dilma e de seu vice Michel Temer, agora rompido com a cúpula da Maçonaria Inglesa que o fez chegar ao grau de Mestre Maçom. O teatro da politicagem se torna cada vez mais patético. Os três poderem pagam tradicomédia. Na hora do pega-pra-capar, a grande dúvida é quem conseguirá se salvar. Miami vai ficar pequena para tanto autoexilado...
Por Jorge Serrão
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