sexta-feira, 22 de maio de 2015

Guia de sobrevivência para a Igreja em tempos de recessão e crise financeira


Pais da família desempregados, inflação alta, juros a 300%, crises de energia, crise hídrica e crise da saúde. Estas são apenas algumas das cenas do cotidiano que vem atingindo o Brasil em anos recentes. E o pior: parece não vai nos deixar por um bom tempo.

Estava eu dentro do metrô a caminho do centro, quando um jovem bem vestido, tirou da sua bolsa um violino. Ele falou alguma coisa. As pessoas não prestaram atenção. Todos pareciam absorvidos por pensamentos distantes e pela preguiça do frio em mais um típico dia de semana. A maioria preferiu o contato com o telefone do que dispensar ao menos um olhar que fosse na direção daquele homem.

Quando ele começou a tocar, tive uma surpresa. Percebi que estava diante de um músico de qualidade. Trechos de obras como As 4 estações de Vivaldi encheram o ar. Admirei-me e aparentemente fui a única. Ele, porém, não se incomodou com a apatia e continuou tocando mais.

A viagem seguiu. Entre o entra e sai de pessoas, o jovem, que era casado, esforçou-se para continuar sua apresentação. Fiquei pensando o que faria um músico como este, que poderia estar trabalhando com bandas, orquestras ou escolas, ter de se submeter a tamanha humilhação? Tentei me colocar em seu lugar. Ou se faz isso por coragem ou por desespero.

Ele terminou de tocar.

Com seu chapéu começou a recolher “doações”. Ninguém parecia se importar.

Contribuí com o pouco que tinha. Ele sorriu e seguiu. Parecia satisfeito pois sua música tinha sido ouvida.

Situações como esta tem se multiplicado de uma forma assustadora em todas as cidades brasileiras. Até o espaço de esmolas é disputado aos tapas. Já não são mais os típicos mendigos que agora enchem as ruas para isso. São cidadãos do bem que lutam para comprar a comida de seus filhos.

Em nossas igrejas o número de desempregados tem aumentado consideravelmente. Isto afeta as prioridades da igreja, dos programas, do edifício e dos salários. Não é preciso dizer que quando a situação financeira de uma igreja local é afetada, os projetos missionários são os primeiros itens a serem cortados da agenda. Nem sempre assim, mas acontece com a maioria dos casos.

Em tempos assim, algumas igrejas aumentam suas campanhas e prometem grandes bênçãos de prosperidade para quem se sacrificar. Graças a Deus, isto também é uma generalização pois nem sempre é o que acontece.

Estratégia para os dias maus:
 
1. Priorize o investimento: Talvez não seja a melhor hora para compras, especialmente as de longo prazo. O investimento deve ser voltado para os maiores necessitados. Dos que perderam empregos, às famílias que precisam de ajuda.

2. Depois de atender aos necessitados da família local, é hora de pensar na comunidade: dos que vivem nas ruas chegar sempre que possível, onde houver um pedido de ajuda.

3. Lembre-se de que generosidade não é só dinheiro. Nossas congregações precisam ser generosas no tempo, no carinho, na comida, nas doações e nos recursos em geral. A generosidade é em primeiro lugar para o outro, e não necessariamente para a instituição.

4. Generosidade e Compaixão são “frutos” de uma vida cheia do Espírito Santo. Há muitas bênçãos para aqueles que praticam estas ações, inclusive a da “provisão”.

Que o Senhor nos ajude nos dias maus que perduram sobre nossa nação!

Há quem dê generosamente, e vê aumentar suas riquezas; outros retêm o que deveriam dar, e caem na pobreza. Provérbios 11:24




Por Raquel Elana,
Graduada em Teologia, Pós Graduação em Jornalismo Político e Ministérios Criativos pelo IBIOL de Londres, é autora de 3 livros, entre eles: Anjos no Deserto - uma coletânea de testemunhos dos seus quase 10 anos de trabalho no Oriente Médio. Desde o ano passado está envolvida com o trabalho de atendimento aos refugiados da guerra civil da Síria

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