quarta-feira, 13 de maio de 2015

Doleira negocia delação premiada para detonar bancos na Lava Jato, e Pedro Corrêa alveja Lula na CPI


A mídia amestrada praticamente neutralizou ontem um tema da mais alta gravidade levantado ontem pelo depoimento da doleira Nelma Kodama. Ela responsabilizou o modelo de sistema financeiro rentista praticado no Brasil, com a conivência do Banco Central e das instituições financeiras, pelos grandes esquemas de corrupção. Nelma elogiou o juiz Sérgio Moro, que a condenou a 18 anos de prisão, e advertiu que negocia um acordo de "colaboração premiada" no qual vai apresentar provas de como funciona a sacanagem no mercado financeiro.

Muito banqueiro e "investidor" deve estar se borrando de medo. Nelma pode revelar seus nomes, fornecendo provas de como fazia o dinheiro entrar e sair de várias contas em nome de empresas de fachada e laranjas, para que os clientes (donos da grana) não fossem identificados. Nelma operava um sistema conhecido no mundo da doleiragem como “hawala”, que significa “eu confio em você”. O esquema era tão confiável que, quando um doleiro não tinha em dinheiro vivo a quantia pedida pelo cliente, outro doleiro completa a operação, tanto no Brasil como no exterior.

Quem nada teme e ainda tira onda com a cara de todo mundo é Luiz Inácio Lula da Silva. O doleiro Alberto Youssef já tinha dito que Lula sabia de tudo. O presidentro voltou a ser citado ontem pelo ex-deputado Pedro Corrêa - "só não prenderam Lula porque ninguém tem coragem" -, Lula mandou a assessoria de seu Instituto plantar uma nota oficial no Jornal Nacional da Rede Globo, que faz o joguinho de morde-e-assopra com o PT e o desgoverno. William Boner leu: "É uma pena que parte da imprensa brasileira venha tratando bandidos como heróis, quando tais pessoas, segundo a nota, se prestam a acusar, sem provas, os alvos escolhidos pela oposição, e quando se prestam a difamar lideranças que a oposição não conseguiu derrotar nas urnas e que teme enfrentar no futuro".

Pedro Corrêa reafirmou ontem (12) na CPI da Petrobras que Lula fora o padrinho da indicação de Paulo Roberto Costa para o cargo de Diretor de Abastecimento da Petrobras. Corrêa ressalvou que Lula não lhe revelou isto pessoalmente, mas teria dito ao falecido deputado federal José Janene (famoso operador daquele escândalo em esquecimento, o Mensalão). Corrêa avacalhou com Lula: “Qual é a influência hoje dele (Lula), se querem botar ele na cadeia? Agora ninguém tem coragem de botar ele na cadeia. Porque eu tenho certeza que aí sim vai existir o que aconteceu na época do Getúlio (Vargas, ex-presidente) quando ele deu um tiro no peito e o povo saiu para rua com paus, panelas para quebrar tudo. Eu, se tivesse uma bolinha de cristal, certamente não estaria aqui. Mas eu acho, na minha avaliação pessoal de um camarada que está fora da política desde 2006, que a prisão dele seria uma catástrofe para esse País.”

Se Corrêa detonou Lula, a doleira Nelma Kodama, em sua teatralidade, alegou que nunca teve qualquer contato com o PT ou outro partido político. Nelma não teve pena da picaretagem rentista no Brasil: “Qual o maior doleiro: eu, o Banco Central ou as instituições financeiras? Enquanto não tirar o mal pela raiz, que está no sistema, isso não vai acabar. Tudo que o senhor está falando tem a participação do Banco Central, das instituições financeiras, e se as brechas para essa prática não forem encontradas, a corrupção não vai acabar. As instituições financeiras lucram muito com a corrupção. O problema é que o Brasil vive da corrupção. Agora que estourou a Lava Jato, que quebrou-se um dos elos da corrupção, o das empreiteiras, o Brasil vive uma crise econômica".

A grande mídia amestrada tupiniquim minimizou qualquer destaque para os fatos mais graves denunciados por Nelma Kodama: “Eu sou doleira, comprava e vendia moedas no mercado negro. E isso vai constar no termo de colaboração que estou firmando. Eu não via que estava fazendo nada errado. Era como compra e venda de dólares. A operação do doleiro acontece por causa dos impostos envolvidos no pagamento de empresas no exterior. Eu não achava isso errado porque os impostos eram muito altos. Meu desejo é que a CPI possa chegar a uma conclusão, que os culpados sejam culpados e que tudo isso seja mudado".

Nelma Kodama, que ontem ficou mais famosa por ter cantado a música "Amada Amante", do Rei Roberto Carlos, sempre foi conhecida no mercado de câmbio pelo bom humor. Tanto que, nos bons tempos, costumava se proclamar como a “dama do mercado de câmbio”. Investigações da Polícia Federal revelaram que Nelma costumava se comunicar com outros doleiros usando codinomes de atrizes famosas e sensuais de Hollywood, como Angelina Jolie, Cameron Dias e Greta Garbo - que não "acabou em Irajá", mas na cadeia... Agora, se fornecer provas de como atuava com o amado Alberto Youssef e o doleiro Raul Srour, o bicho pode pegar para muito "investidor" de fino trato, para gerentões de grandes bancos e até para dirigentes de instituições financeiras - que terão de rebolar para expor a velha desculpa petista de que "não sabiam de nada"...


Cadáver politicamente insepulto

Alguém se lembra que, na CPI dos Bingos, em 2006, o doleiro Antonio Claramunt, o Toninho Barcelona, apontou Nelma Kodama como responsável por operações em dólar para o PT na época em que Celso Daniel, assassinado em 2002, era prefeito de Santo André?

Ouvida, na mesma CPI, Nelma negou qualquer tipo de operação irregular, embora sua empresa - Havaí Câmbio e Turismo - operasse a partir do mesmo município de Santo André, no ABC paulista.

O fantasma politicamente insepulto de Celso Daniel assombra a cúpula petista de forma permanente, mas o susto, para sorte da petralhada, nunca se transforma em indiciamento ou processo judicial...






Por Jorge Serrão

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