sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Tendência é que inadimplência aumente ainda mais, avaliam economistas

Segundo especialista a tendência é de que a inadimplência aumente mais até o fim do ano por causa do enfraquecimento do mercado de trabalho



O número de brasileiros com dívidas em atraso bateu recorde em agosto. Levantamento da Serasa Experian aponta que 57 milhões de consumidores estão inadimplentes no país. Isso corresponde a mais da metade (58%) da população economicamente ativa, de 98,2 milhões de pessoas, e 40% dos adultos do Brasil. Em agosto do ano passado, eram 55 milhões. Os juros mais altos, a inflação, a contração do mercado de trabalho e os ganhos salariais menores, além do alto endividamento das famílias, estão entre as principais causas dos calotes.

O jardineiro André Augusto de Souza, de 21 anos, ficou desempregado e não conseguiu mais pagar a prestação de R$ 200 do consórcio de uma moto. Teme perder o que já desembolsou. “Estou procurando emprego de vigilante para ver se consigo ficar em dia. Mas estou com quatro parcelas atrasadas e os juros são altos”, lamentou. Já a aposentada Francisca Lucas, de 72 anos, está brigando na Justiça para tentar reduzir pela metade a parcela de R$ 2 mil de um empréstimo bancário. “Se não baixar, não vou ter como pagar”, disse.

A maioria dos endividados inadimplentes tem o mesmo problema de Francisca. Segundo o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, débitos com instituições bancárias correspondem a 47% do total. Outros 44% são dívidas no varejo, com prestadoras de telefonia e cartões de lojas; e 7%, relativos a cheques devolvidos. Rabi explicou que o recorde reflete a conjuntura atual, de inflação e juros altos e o enfraquecimento do mercado de trabalho. “Setores, como a indústria, já estão demitindo. Por isso, a tendência é de que a inadimplência aumente mais até o fim do ano”, estimou.

O economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Fábio Bentes, concorda. “A expectativa da CNC é de que a inadimplência suba dos atuais 6,5% do total de operações (dados do Banco Central) para 6,9% até o fim do ano”, disse. Isso porque o mercado de trabalho cresce menos — metade da taxa do ano passado —; os juros médios estão em 43% ao ano, o mais alto patamar desde 2009; e a renda subiu 1,7% em junho deste ano, ante um crescimento de 4,4% em junho de 2013. “Com o salário subindo menos e a inflação alta, a capacidade de pagamento das dívidas fica menor”, afirmou Bentes.



Fonte: Correio Braziliense

Nenhum comentário: