sábado, 30 de agosto de 2014

Arminio Fraga rebate ministro: ‘Estamos com crescimento negativo. A recessão está aí’

Elena Landau diz que Brasil vem perdendo para América Latina: ‘Não é por culpa internacional’



O ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga disse que o resultado negativo do PIB não surpreendeu. Arminio, que será ministro da Fazenda se o candidato do PSDB à presidência, Aécio Neves, for eleito, afirmou que a “economia vem passando por um processo que já vem apontando para esse crescimento baixo”:

— Durante os anos da presidente Dilma, o país cresceu dois pontos percentuais abaixo do que cresceu a América Latina.

Arminio rebateu as críticas feitas anteontem pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que afirmou que, em um eventual governo Aécio Neves, se os juros subirem muito, provocarão uma recessão. Ontem, o IBGE informou que a economia brasileira teve dois trimestres seguidos de queda, o que, segundo analistas, configura uma recessão técnica:

— Tentam pregar a recessão nos outros. Isso atrapalha a formulação da política atual. Estamos com crescimento negativo. A recessão está aí.

Ele cita a baixa taxa de investimento como outro problema e diz que esse cenário pode perdurar nos próximos trimestres:

— Torcemos para melhorar, mas pode perdurar sim.


‘PIB AJUDOU GOVERNO’

A economista Elena Landau, que foi diretora de desestatização do BNDES no governo Fernando Henrique Cardoso, endossa as palavras de Arminio.

— Nos últimos três anos, o Brasil cresceu 1,8% por ano em média. Muito menor que a América Latina. Não é uma questão pontual.

Ela cita o desempenho do Chile, com 5,1% em média, e da Colômbia, 4,8%:

— O Brasil perde de todo mundo. Não é por culpa de uma crise internacional. É erro na política econômica. Quando as commodities nos ajudaram a crescer, diziam que era a política econômica. Agora, dizem que é crise externa.

Segundo Elena, não há perspectiva de melhora para o fim do ano:

— Impuseram inflação de demanda. Esse PIB foi bom para o governo, senão estaríamos com a inflação acima do teto da meta e problemas com a oferta de energia.



Fonte:O Globo 


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