Petistas analisam tom a ser adotado na campanha para enfrentar crescimento da ex-ministra nas intenções de voto
Presidente Dilma Roussef, acompanhada pelo ex-presidente Lula, em visita as obras do Projeto de Integração do Rio São Francisco, em PE - André Coelho / Agência O Globo
O comando da campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff se reuniu e já mostra preocupação com o crescimento da candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, cuja exposição aumentou nos últimos dias devido à morte do ex-governador Eduardo Campos e sua escolha para substutuí-lo na cabeça da chapa. A reunião contou com a presença do ex-presidente Lula e foi realizada na noite de quarta-feira. Segundo interlocutores da campanha, as pesquisas internas indicam o crescimento apontado pelas pesquisas tradicionais. A avaliação é que Marina ameaça a posição do candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, embolando a disputa por um segundo lugar num eventual segundo turno da eleição.
As análises foram feitas com a participação de Lula e da própria Dilma, segundo integrantes do Planalto. Apesar da preocupação, o discurso é de que o tucano Aécio Neves é quem deve estar mais preocupado neste momento. Para esse interlocutor, é Aécio o mais afetado neste primeiro momento.
Mas o tom a ser adotado quanto a Marina ainda está sob análise. Há o temor de que atacá-la possa ter o resultado inverso, de fazê-la crescer como vítima. Também participaram da reunião o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e o presidente do PT, Rui Falcão, entre outros.
Amigo da ex-ministra, o senador Jorge Viana (PT-AC) demonstrou a preocupação do partido. Ele disse que Marina vai "impor um novo debate" na campanha eleitoral. A avaliação do petista é de que ela vai forçar alguns debates, muitos dos quais a presidente Dilma resiste, como o da questão ambiental. As duas - Marina e Dilma - travaram guerras internas dentro do governo do presidente Lula quanto ao peso das obras para o desenvolvimento, de um lado, e a necessidade de cumprir todas as regras ambientais. Dilma reclamou várias vezes da lentidão das obras por causa de problemas com licenças ambientais. No governo Lula, Marina foi ministra do Meio Ambiente e Dilma comandou as pastas de Minas e Energia e depois da Casa Civil.
— A candidatura da Marina vai impor um debate novo e temas novos, que, com todo o respeito à candidatura do Aécio e à do Eduardo Campos, e à própria candidatura de reeleição da presidente Dilma, não foram trabalhados, pelo menos na intensidade com que serão trabalhados agora. Discutir o modelo que queremos para o país, o modelo econômico de desenvolvimento, a nossa relação com os recursos naturais. Eu acho que isso é bom — disse Jorge Viana, acrescentando:
— A candidatura da Marina é legítima. Ela tem uma história de vida, é uma liderança importante e traz inovação. Vai impor desafios à presidente Dilma. E a nós que estamos no governo de nos posicionarmos com mais clareza sobre alguns temas.
Mas o petista disse que, conhecendo ambientalista, sabe que ela terá dificuldades de conciliar suas utopias com a nova função.
— Marina traz consigo um encantamento, um posicionamento diferente na política e, certamente, vai ter muita dificuldade em fazer o confronto entre seus sonhos, as utopias que prega com a realidade da política, da vida nacional. Esse é um desafio tremendo que ela vai viver. Mas, certamente, ela vai ajudar a elevar o nível desse debate nessas eleições — afirmou ele.
Por conta do peso que Eduardo Campos tinha e tem no Nordeste, a região virou foco dos candidatos. A própria Dilma foi a Pernambuco ao lado de Lula e Aécio esteve no Rio Grande do Norte e depois foi a Paraíba na quinta. No sábado, o tucano estará em Salvador com grandes lideranças da região, mesmo dia em que Marina fará seu primeiro evento de campanha, em Recife.
Fonte: O Globo
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