domingo, 2 de agosto de 2015

Notas: a morte do leão e os abortos, conservadores, comunistas, etc.


Alguns eventos são importantes não por si mesmos, mas pela carga simbólica que têm. Com diferença de poucos dias, noticia-se a morte de um leão por um caçador e a venda de órgãos de bebês abortados. O primeiro caso traz comoção internacional, tendo o caçador sua reputação destruída e sendo obrigado a se esconder. Do segundo caso, quase não se fala, causando indignação apenas em pequenos grupos conservadores. Sim, para a elite bem pensante do mundo, a vida de um leão, "símbolo de uma nação", vale mais do que a de um bebê.

No meu entender, o significado é bastante claro: eticamente, a elite cultural passou a adotar padrões não apenas anticristãos mas também pré-cristãos. A "adoração à mãe natureza" conjugada com o sacrifício de crianças pode parecer representar o auge da modernidade, mas é simplesmente o retorno a costumes pagãos de dois milênios atrás.

A propósito, o infanticídio, praticado na Roma pré-cristã, já voltou a ser defendido, mas agora responde pelo curioso nome de "aborto pós nascimento".

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Esses conservadores são realmente uns estraga-prazeres, que teimam em ver diferenças onde o pessoal bacana só vê igualdade. Sim, os conservadores discriminam. Mais cedo ou mais tarde, o Supremo Tribunal Federal acabará declarando a inconstitucionalidade do conservadorismo, pois a nossa "Constituição cidadã" proíbe expressamente qualquer tipo de discriminação.

Para vocês terem uma noção, circula nos meios mais intelectualizados do conservadorismo a odiosa distinção entre cultura e entretenimento. De acordo com esses preconceituosos, existe uma diferença fundamental entre a verdadeira cultura e o mero entretenimento. Para eles, a primeira serviria para "elevar a alma" e o segundo apenas como passatempo. No auge de seu discurso de ódio, chegam a dizer que Beethoven é cultura enquanto MC Guimê seria apenas entretenimento. Mais ainda: esses fascistas ainda têm o despudor de afirmar que Shakespeare é melhor escritor do que Bruna Surfistinha!

No próximo informativo do CCC (Comando de Caça aos Conservadores) será demonstrado que eles são ainda mais perigosos do que parecem. Artistas sustentados pela Lei Rouanet, uni-vos! Vocês não têm nada a perder além dos milhões de verba estatal!

PS: tenho um vizinho que faz uns sons engraçados com o sovaco. Será que ele conseguiria uns dois milhões para fazer uma turnê?

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Várias vezes, vi pessoas que se consideram bastante bem informadas dizer: "conservador é aquele que quer conservar as coisas como estão". Tudo bem que o nome induza esse tipo de definição, mas isso apenas indica que a pessoa não tem a mínima noção do que está falando.

Apesar do termo "conservadorismo" estar cada vez mais em evidência no debate político, ser conservador não diz respeito essencialmente a uma posição política, mas a uma visão de mundo, a uma forma de perceber a realidade. O assunto é complexo e por isso vou dar apenas uma amostra dessa visão de mundo.


O conservador percebe que a essência dos grandes problemas da humanidade não é a política, a economia, a psicologia ou mesmo a biologia, mas a natureza humana. Essa natureza é imperfeita e, em certo sentido, imutável. As reais necessidades humanas permanecem as mesmas desde o início dos tempos. Por outro lado, os defeitos e vícios da humanidade mantém-se basicamente os mesmos há milênios.

Exatamente por isso, os conservadores podem ser chamados de pessimistas, pois não acreditam que a perfeição humana seja alcançável. Portanto, neste mundo, nada nos salvará de nós mesmos. E nossa missão é descobrir como ter uma vida virtuosa mesmo no meio de tantas imperfeições.

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A transição da infância para a fase adulta é ser marcada por uma radical mudança de percepção do nosso papel no mundo. A criança é o sujeito de direitos por excelência, o receptor das ações alheias. Já o adulto é focado no cumprimento de seus deveres para consigo mesmo (sua missão pessoal) e para com os outros (sua contribuição para o mundo); ele é o agente. Para o adulto, os direitos têm sentido apenas como instrumentos do cumprimento de seus deveres. Para a criança, os direitos são um fim em si mesmo. Nesse sentido, fica muito fácil identificar uma criança em pele de adulto: basta verificar se a toda hora ele está reivindicando seus direitos (reais ou imaginários, tanto faz). Também vale conferir se a toda hora a pessoa faz o papel de vítima do mundo...

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Hoje em dia, ser comunista é quase tão constrangedor quanto ser petista. Nas raras vezes em que a pessoa realmente se assume, quase sempre usa a estratégia da desvinculação do passado: Lênin matou milhões mas não era comunista, Stalin matou milhões mas também não era comunista, de Mao Tsé Tung nem se fala, então...

Porém, é muito fácil reconhecer um comunista, pois ele tem uma maneira bastante típica de ver a realidade em que as situações individuais são explicadas pela "opressão". Nada é resultado de escolhas individuais ou mesmo do ambiente cultural. Os ricos assim o são porque oprimem os pobres. Simples assim.

Quando você encontrar alguém assim pela frente, não tente convencê-lo do contrário: isso seria inútil e desgastante. Apenas dê nome aos bois. Diga que a visão de mundo dele é a mesma adotada por vários facínoras responsáveis pelas mortes de milhões de pessoas. E o ouça constrangido tentar se justificar dizendo que não tem nada a ver com isso e que defende um ideal que ainda não foi realizado...

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Dá pra formar uma vasta biblioteca apenas com os livros que criticam a concentração de poder no Estado. Os argumentos variam desde questões morais até de eficiência econômica. Porém, o mais convincente para mim talvez seja o menos utilizado e se refere ao caráter das pessoas que tendem a ocupar o poder.

Uma pessoa saudável moral e psicologicamente busca sua satisfação na vida por meio do trabalho e dos relacionamentos pessoais. A obtenção de poder é um objetivo dessa pessoa (afinal, ninguém em sã consciência quer ser fraco e impotente), mas nem de longe é o que dá sentido a sua vida.

Por outro lado, as pessoas cujo único grande objetivo na vida é a busca de mais poder (seja político, econômico ou militar) muito provavelmente sofrem de graves transtornos psicológicos. Já existem estudos indicando que o meio político tem uma proporção consideravelmente maior de narcisistas do que a população em geral.

Os narcisistas estão absolutamente convencidos de que são melhores que todas as outras pessoas e que por isso merecem ter mais benefícios que os demais e ter todas as atenções voltadas para si. O meio político é perfeito para eles, pois tem incomparáveis possibilidades de acesso a poder, benefícios e exposição na mídia. É difícil imaginar outro campo em que a vaidade possa ser tão bem satisfeita quanto a política.

Enfim, não podemos nos iludir: a política atrai uma proporção muito maior de narcisistas do que de altruístas, realmente preocupados com o bem-estar da população. Os melhores entre nós raramente escolhem a política como profissão; pelo contrário, eles se tornam "invisíveis" ao realizar, por exemplo, trabalhos voluntários sem qualquer tipo de publicidade. Enquanto isso, os mais cínicos e vaidosos tenderão a escolher a política e nós, cidadãos comuns, continuaremos a escolher as pessoas mais vis para nos governar.

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Com o Facebook, identificar um mau-caráter ficou muito mais fácil. Basta ver se ele obedece à "lógica da tribo", que funciona mais ou menos assim: "se é da minha tribo, está sempre certo, se é de fora da minha tribo, está sempre errado". Esse é o caso, por exemplo, da pessoa que colocou em si o rótulo de esquerdista e passa a defender a todo custo os atos do governo (o contrário também se aplica, ou seja, a pessoa se identifica como "de direita" e passa a demonizar tudo o que o governo faz). Essa pessoa é indiferente ao certo e ao errado, e ao verdadeiro e ao falso. Seu único objetivo é ter os aplausos (para ser mais exato, as curtidas) daqueles que pertencem ao seu grupo. Sua grande motivação, no fim das contas, é a satisfação de sua carência emocional.

Somente podemos ultrapassar essa situação se deixarmos de lado as lealdades tribais e passarmos a ser leais a princípios, que não dependem de grupos para serem aplicados. Acreditem, isso não é nada fácil.

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Um amigo meu, engajado que só, estava postando há poucos dias sobre a "gordofobia". Pois é, isso existe agora! Chega a ser pitoresca essa multiplicação de fobias, você nunca sabe a próxima que surgirá.

A fórmula para criar uma fobia é muito simples: escolha uma característica sua que não agrade a todos (pense: você é careca, baixinho, narigudo, tem caspa, solta pum?) e explique a impopularidade dessa característica por uma fobia que outros têm. Daí, você descobrirá "carecofóbicos", "narigudofóbicos" e até "baixinhofóbicos". E poderá culpá-los por todos os seus problemas, principalmente por sua baixa autoestima e por não achar um rumo na vida.

O próximo passo é criar o dia, digamos, do "orgulho careca", organizar um movimento social e conseguir uma verba estatal para a causa. Um detalhe importante: em alguns momentos, você vai duvidar de si mesmo e achará tudo isso um absurdo. Fique tranquilo. Você pode dissipar essa sensação lembrando-se que isso não passa da carecofobia já introjetada em você.

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Quase sempre, as acusações de "discurso de ódio" são completamente falsas. A rigor, esse discurso consiste na demanda pela restrição ou extinção dos direitos de determinadas categorias de pessoas. O real discurso de ódio é de raríssima ocorrência: é difícil conceber que um grupo político advogue a discriminação jurídica contra determinado grupo de pessoas. Assim, a acusação de "discurso de ódio" constitui rotineiramente um artifício para criminalizar qualquer manifestação de pensamento contrária a determinada ideologia ou mesmo a partido político.

Aliás, em nossa hipersensível sociedade, discordar de alguém está sendo equiparado a odiá-lo. (Sabe aquela pessoa "pavio curto", que sempre leva as divergências para o lado pessoal? Pode ter se tornado o modelo do ser humano moderno.) E para proteger essa hipersensibilidade, progressivamente abrimos mão de nossa liberdade de expressão. Algumas pessoas precisam redescobrir que ninguém tem o direito à concordância universal e que portanto a discussão e contestação livre de idéias são absolutamente indispensáveis para qualquer país minimamente democrático.




Por Alexandre Magno Fernandes Moreira
Advogado.

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